Lá nos anos 90, eu era um grande fã de jogos de luta. Aprendi a jogar bem com todos os personagens de Super Street Fighter 2 e Mortal Kombat 2. E eu sonhava com os jogos de Neo Geo, os mais bonitos e impressionantes da época – e tão caros que simplesmente não eram para meu bico. Veja só, 30 anos depois, cá estou escrevendo uma análise The King of Fighters XV, meu segundo grande texto sobre a série.
ANÁLISE THE KING OF FIGHTERS XV
Essa dedicação da adolescência, de aprender a jogar com todo mundo, ficou por ali. Hoje em dia eu gosto de jogos de luta casualmente. Normalmente tenho alguns lutadores que curto, e prefiro jogar com eles. No caso de The King of Fighters, meu preferido é o Terry, mas também gosto muito do Robert. E então chegamos ao jogo em questão.
The King of Fighters XV é bastante semelhante ao The King of Fighters XIV. Os gráficos foram redesenhados, há novas músicas e cenários, mas é aquele caso que parece mais uma atualização para manter o jogo moderno, sabe? Não necessariamente criar um jogo novo e diferente do que veio antes.
Quando vi o tamanho do jogo (cerca de 70 Gb na versão do PS5), deu uma empolgação. Imaginei que seria uma superprodução, com gráficos dignos de competir com Mortal Kombat 11. Não é o caso. Não que ele seja feio, muito pelo contrário aliás. Mas é visível que ele não teve o mesmo orçamento de games como o próprio MK ou Street Fighter V.
A ESTÉTICA DOS FLIPERAMAS
O mais legal de The King of Fighters XV é o estilo. É tudo extremamente colorido e brilhante. Todos os lutadores são absurdamente estilosos e cool, e as animações são fantásticas, embora repitam o que já vimos antes. Pois é, não só os personagens conhecidos têm o mesmo visual do passado, como têm também os mesmos golpes e animações de vitória. É um daqueles casos que era tudo muito bom desde o primeiro jogo, então por que mexer em time que está ganhando? Vamos apenas redesenhar e atualizar para os novos consoles, certo? E foi o que a SNK fez.
Apesar de ser feito para consoles caseiros no ano de nosso Senhor 2022, The King of Fighters XV traz aquela estética chamativa de fliperamas que tanto me agrada. Se estivesse em um shopping lotado, certamente chamaria atenção, com suas cores brilhantes, narrador empolgado e músicas cantadas.
E o melhor, é uma delícia de jogar. Sim, é bastante familiar e semelhante aos anteriores, mas isso não significa que não seja bom. Além de jogar com os meus preferidos de sempre, eu experimentei vários outros lutadores, e fiquei surpreso com quão legais de controlar eles são. Não gostei de todos, claro – isso é impossível. Mas tem uma galera que eu não me lembro de ter aprendido a jogar antes que curti muito aqui – como a King.
DELÍCIA DE JOGAR
O difícil de escrever uma resenha como essa é que quase tudo que falei na análise The King of Fighters XIV se aplica aqui. Sim, há novos personagens e uma nova história, mas o gameplay continua o mesmo. Coisas que critiquei ali, como não dar para trocar para outro personagem do time no meio da luta a não ser que haja um nocaute, continuam aqui.
A principal novidade, pelo que me lembro, é um sistema de combos fácil, que permite martelar o quadrado/soco fraco para uma sequência estilosa e poderosa. O que gostei mais é que este combo faz automaticamente o ataque mais poderoso que você puder usar – inclusive o Super Climax Blah Blah Blah. Dá para escolher especificamente o que usar, apertando botões diferentes no final do combo, mas poder usar o golpe mais poderoso do seu personagem simplesmente apertando quadrado algumas vezes é uma mão na roda.
OS MODOS DE JOGO DE THE KING OF FIGHTERS XV
Quando escrevi sobre o anterior, a comparação direta era com Street Fighter V, jogo que foi lançado de forma extremamente pelada, sem sequer um modo arcade. The King of Fighters XIV, em comparação, parecia muito completo.
Hoje, em 2022, não temos um grande jogo de luta recente para comparar, pelo menos não um que eu tenha jogado. Ainda assim, The King of Fighters XV é bem completo. Tudo que você espera de um jogo de luta está aqui. Tem treinamento, tutorial, modo história, missões (que são como um tutorial de combos para cada lutador) e, claro, várias modalidades online.
O modo história não é tão elaborado quanto o de Mortal Kombat, mas tem cutscenes de verdade, animadas e faladas. Você pode escolher três personagens a la carte, mas há incentivos para jogar com um dos times pré-montados. Todos eles têm cenas finais específicas, e alguns têm cutscenes animadas especiais ao longo da história.
O difícil para mim foi saber quais times davam acesso a essas cutscenes especiais. A galeria diz coisas como “jogue com o time herói” ou “time rival”, mas a tela de seleção não mostra o nome dos times.
O HUMOR DE THE KING OF FIGHTERS XV
Contribuindo para deixar o jogo ainda mais divertido, ele tem um humor que muito me agrada. No início de cada luta, seu primeiro oponente é apresentado pelo narrador com uns textos muito engraçados, enquanto o personagem em questão faz várias caras e bocas. Some isso a um design de personagens que está entre os mais legais dos jogos de luta, e a apresentação é toda muito legal.
A maioria dos fãs de jogos de luta gosta mesmo de jogar online, mas como ainda estamos no período pré-lançamento, eu não consegui testar esse modo. Porém, para mim o mais importante sempre foi o arcade/história, onde passei a maior parte do meu tempo aqui. Terminei a história com vários times pré-montados. Comecei com os meus preferidos, os times Fatal Fury e Art of Fighting, mas depois disso experimentei vários outros, tanto com personagens que conhecia quanto com uma galera mais nova. Não joguei com todos, mas dentre os muitos que experimentei, não achei nenhum time ruim. No máximo, cada time de três tinha um único personagem que não curtia no meio.
E é isso. The King of Fighters XV definitivamente não reinventa a roda. Na verdade, é tão parecido com o anterior que nem parece que entre um e outro tivemos seis anos. Porém, é uma fórmula forte, que ainda funciona. Um gameplay que está entre os melhores da categoria, com um monte de personagens legais e conteúdo adoidado, tanto para quem gosta de jogar sozinho quanto para quem curte um competitivo. The King of Fighters não impressiona mais tecnicamente como na época em que era um game de Neo Geo, mas seu gameplaycontinua tão gostoso e divertido quanto sempre foi.