Algumas vezes um jogo faz tudo direitinho. E mesmo assim não se destaca. Esta é nossa análise The Company Man.

ANÁLISE THE COMPANY MAN

The Company Man é um plataforma 2D em fases. Sua temática talvez seja o mais interessante. Você controla um homem que trabalha em uma empresa. Cada fase representa um departamento da tal empresa. Você passa por marketing, vendas, atendimento ao cliente… E o mais legal é que cada departamento é habitado pelos funcionários daquela região.

Análise The Company Man, The Company Man, Leoful, Delfos
Por exemplo, os contadores parecem trolls.

Eu gostei bastante do humor e da interpretação que o jogo dá para coisas mundanas da empresa. A fase do marketing, para citar uma, é um belo jardim, com inimigos praticantes de yoga. Os checkpoints são, é claro, onde nosso herói consegue parar para tomar um cafezinho.

ANÁLISE THE COMPANY MAN E O GAMEPLAY

Falando do gameplayThe Company Man lembra o Ninja Gaiden de Nintendinho, porém mais focado em plataforma do que no combate. Isso porque o protagonista ataca com um teclado, que basicamente funciona como uma espadinha. Também há vários projéteis, que são “tipos de e-mail”.

Análise The Company Man, The Company Man, Leoful, Delfos
Responder para todos: muito drama e nenhuma resposta.

Ele não é tão ágil quanto Ryu, claro. Não há wall run nem wall jump, duas ausências bem estranhas considerando o estilo de jogo. The Company Man é bem simples. Mas é de uma simplicidade eficiente.

O LEVEL DESIGN DE THE COMPANY MAN

level design é bem típico do gênero. Cada fase tem novos inimigos e mecânicas. O primeiro encontro com um deles normalmente é em um ambiente relativamente seguro, para te ensinar a lidar com aquilo. E daí o resto da fase envolve mixar essas novidades de formas mais variadas e complicadas. É basicamente o que a Nintendo faz no gênero desde Super Mario Bros., mas tem um motivo para os clássicos serem clássicos: funciona muito bem.

Análise The Company Man, The Company Man, Leoful, Delfos

Isso faz com que The Company Man seja um gostoso de jogar. Não é nada muito marcante, mas é leve, desce fácil, e diverte o suficiente.

A METÁFORA DO MCDONALD’S

Basicamente, jogar The Company Man é como comer um lanche do McDonald’s. Tipo, você sabe que tem um monte de hamburguerias melhores por aí. Mas é gostoso, é fácil de comer. Certamente desce bem melhor do que um prato de legumes. No caso, eu joguei The Company Man logo depois de Halo Infinite e, nesta metáfora, o jogo do Master Chief seria um enorme prato de legumes da marca Ubisoft. E, meu camarada, como foi difícil de engolir!

Já The Company Man desceu fácil. Ele não tem enrolação, e dura pouco – dá para jogar do início ao fim em uma tarde. Por ser um representante do gênero mais clássico dos games, ele também é imediatamente familiar para qualquer admirador desse hobby. E isso é uma faca de dois “legumes”, pois essa familiaridade permite que saibamos como ele funciona imediatamente. Mas também impede que fiquemos realmente empolgados. The Company Man certamente não é tão especial quanto outros jogos recentes do gênero, como Kaze and the Wild Masks.

Análise The Company Man, The Company Man, Leoful, Delfos
Como na vida real, tomar café salva o jogo. E a vida.

Ele é tão básico, mas tão básico, que poderia ser usado em aulas de game design. Afinal, é bem clara a forma como ele apresenta as mecânicas antes de usá-las para desafiar o jogador. Porém, ele comete um erro absurdo, que para mim já é praticamente uma opinião política.

O ERRO POLÍTICO

Refiro-me ao eterno truque de colocar dois chefes finais seguidos sem checkpoint entre eles. Isso é algo para mim tão difícil de entender quanto votar no Bolsonaro. Mas as pessoas continuam fazendo. Nosso estimado presidente está, no momento em que escrevo isso, com 30% das intenções de votos. Como alguém que viveu no Brasil nos últimos anos, e viu, entre outras barbaridades, o sujeito se manifestando contra a vacina ao mesmo tempo que se vacinava em segredo, pode querer mais quatro anos disso? E 30% das pessoas? Parece muito, sabe? Da mesma forma, os jogos continuam colocando vários chefes seguidos sem checkpoints. E isso é algo discutivelmente ainda mais grave.

The Company Man tem problemas de checkpoint durante toda sua duração. Porém, ele não é especialmente difícil. Quando eu morria, costumava voltar vários minutos, mas a verdade é que eu quase não morri. Mesmo no chefe final, apesar de ser chatíssimo ter que matar o “vice” a cada nova tentativa, venci logo, sem grandes problemas. Mas isso para mim é uma opinião política. E o simples fato de ter dois chefes seguidos sem checkpoint me obrigou a diminuir a nota. Mas isso não muda o fato: The Company Man é um jogo nada. E, como tal, pode até ser gostoso e divertido (certamente é melhor do que Halo Infinite), mas por que você gastaria uma tarde jogando algo que não se destaca em absolutamente nada? E que ainda te faz repetir o vice-chefe para poder terminar?