É difícil falar de alguns jogos sem citar outros. No caso de Stela, sua semelhança com Limbo vai muito além da coincidência. Não apenas o gênero e seu funcionamento é o mesmo, mas até sua interface.
HAMMERFALL
Uma boa analogia que eu posso fazer é com a banda Hammerfall. A verdade é que o Hammerfall nunca criou nada. Toda sua música, visual e coreografias são inspirados pelo heavy metal alemão dos anos 80. Isso tira o valor do trabalho dos caras? Bom, talvez diminua um pouco, mas se você gosta do metal alemão de raiz, Hammerfall é divertido pacas. Por destilar suas influências em um único pacote conciso, a banda acaba sendo até mais legal do que as que o inspiraram. É exatamente o caso com Stela.
STELA GAME
Stela é um puzzle plataforma cinematográfico, exatamente como Limbo. Basicamente, você anda para a direita até acontecer alguma coisa, e daí pensa em como lidar com ela. Pode ser algo simples, como esperar o monstro passar, ou então uma solução mais elaborada.
Ao contrário de Limbo, e mesmo de sua “continuação entre aspas” Inside, Stela é mais autoexplicativo. Se você jogou os clássicos da Playdead, provavelmente travou em alguns desafios onde perdeu um bom tempo para solucionar, ou mesmo buscou guias na internet. Stela é mais direto. Eu morri bastante, mas em geral eu entendia porque morri e como fazer para evitar a morte da próxima vez.
Assim, foi uma aventura curta, mas bastante intensa. Eu terminei Stela em uma tarde, mas quando os créditos subiram fiquei com a sensação de que muita coisa aconteceu.
MUITA COISA ACONTECEU
O jogo é totalmente roteirizado, e tem umas cenas excelentes. Por exemplo, há uma parte em que você está preso em um elevador e os monstros estão do lado de fora destruindo o bagulho. Você deve pensar rápido em como sobreviver antes que eles consigam entrar.
Outra parte é ainda melhor, e envolve uma enorme cobra que fica se enrolando no cenário atrás de você. Corra, Forrest, corra! Só é uma pena que esta cena não dure mais, pois é absurdamente épica.
Este é o tipo de jogo do qual é melhor não entrar muito em detalhes. Afinal, embora ele de fato não tenha muita história, há várias armadilhas e bichos que você encontra e que têm maior impacto se aparecerem de surpresa.
O que vale destacar, no entanto, é o design de som, que beira o absurdo. As músicas e efeitos sonoros são tão sincronizados com a ação que ver o jogo rolando remete diretamente a um filme. É o tipo de coisa para jogar com o volume bem alto.
A qualidade não se mantém altíssima durante toda a campanha, no entanto. A última área, com seus cenários quase abstratos, é bem menos interessante do que o que veio antes.
HALO INFINITE
O curioso é que a Skybox Labs, desenvolvedora de Stela, é co-desenvolvedora de Halo Infinite, e este currículo veio junto com a cópia de review. O curioso é que ele remete muito mais ao que a Playdead fez do que a qualquer coisa que venha a ser o próximo Halo.
Inclusive, Stela é tão parecido com Limbo e Inside que não seria de se estranhar que ele tivesse sido criado pela própria Playdead. Especialmente por sua alta qualidade, que o torna tão bom ou até melhor do que os próprios jogos que o inspiraram. Mais ou menos como o Hammerfall é quase igual ao Accept, mas é mais divertido, sabe?