Das cinzas da Telltale, eles estão de volta. Quem? E-L-E-S. Sam & Max. E eles voltam com mais um remaster. Originalmente lançado em 2007, Sam & Max: Beyond Time and Space é a segunda das três temporadas feitas pela Telltale. A primeira é Save The World, já relançada, e cuja análise delfiana você encontra abaixo.
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As três temporadas de Sam & Max vieram antes da Telltale encontrar seu estilo com The Walking Dead. Assim, eles ainda seguiam o estilo Lucasarts de fazer aventuras gráficas, o bom e velho point and click. Já falei bastante por aqui, inclusive no texto anterior de Sam & Max, como sinto que este gênero envelheceu mal, hoje vivendo apenas da nostalgia. Então não repetir-me-ei. Vamos focar no que é, e como é, Beyond Time and Space.
ANÁLISE SAM & MAX BEYOND TIME AND SPACE
E, para ser sincero, Beyond Time and Space é bem legal. Apesar de eu manter que este é um gênero datado, sem muitos apelos modernos, o jogo em si é muito bem-feito. A história é legal, o humor é na lata e o audiovisual é coisa de mestre.
É aquela velha história. Apesar de ser um jogo de quase 15 anos atrás, Beyond Time and Space ainda é lindão, graças a seu estilo cartunesco. A versão de Xbox One roda em alta definição e HDR/Dolby Vision, mas há um problema com as cores. Durante todo meu jogo, as cores ficaram bem lavadas, e nem desligar o HDR ajudou. A assessoria diz que isso será consertado até o lançamento (que é hoje).
De resto, não há nada a se reclamar. Eu adoro o visual desse mundo, o humor e seus personagens. As músicas também são muito legais, sendo daquele tipo que é bom de ouvir mesmo fora do jogo.
SAVING THE WORLD BEYOND TIME AND SPACE
Assim como Save the World, Beyond Time and Space é dividido em episódios (cinco, para ser exato). E como em Arquivo X, cada episódio conta uma história mais ou menos contida. Sendo mais específico, cada episódio segue até um tema específico comum em sci fi e fantasia.
Assim, temos historinhas centradas em temas de terror, viagem no tempo, turismo histórico e outros assuntos altamente nerds. Normalmente você sabe o que deve fazer no começo do episódio, e ele termina quando você cumpre esse objetivo. Esse estilo autocontido funciona muito bem no gênero, ficando mais fácil e mais gostoso de acompanhar do que uma única história de 15 horas.
Assim como a Lucasarts costumava fazer em seus adventures, Beyond Time and Space traz de volta boa parte do elenco de Save the World. Inclusive, é digno de nota quão desenvolvido é o elenco secundário, especialmente aqueles que já conhecíamos da temporada anterior.
REUTILIZANDO
Por outro lado, boa parte dos cenários e assets em geral também são reutilizados, o que é menos legal. Em boa parte de Beyond Time and Space, você explorará locais que já conhece, ainda que com novos e hilários comentários dos protagonistas.
Falando do remaster em si, eu joguei a versão do Xbox One em um Xbox Series X. E devo dizer que gostaria muito que houvesse uma versão nativa para a next-gen. Não que gráficos e sons pudessem ficar muito diferentes – neste aspecto o jogo já é praticamente perfeito. Mas eu adoraria que os loads fossem eliminados.
Individualmente, nenhum carregamento é uma questão. Cada tela carrega em cerca de 10 segundos. Porém, eventualmente você precisa ir de um extremo do mundo a outro, passando por várias telas (especialmente no último episódio). E isso envolve basicamente clicar na saída, esperar os personagens andarem, esperar carregamento e clicar na saída de novo. Tirar a espera entre as telas seria uma tremenda melhoria de qualidade de vida, e algo que me parece perfeitamente alcançável no Xbox Series X.
JOGANDO SAM & MAX
O gameplay é aquela coisa. Você provavelmente sabe exatamente como é. E, se não sabe, eu sinceramente duvido que alguém que jogue um point and click pela primeira vez em 2021 ache legal.
Você explora, clica em cada ponto do cenário, ouve comentários engraçados e, principalmente, pega tudo que puder. Daí tem que solucionar os puzzles clicando em ordens específicas ou usando os itens nos lugares certos.
Como tradicional no estilo, os puzzles envolvem desde soluções óbvias até outras extremamente obtusas, do tipo “eu nunca adivinharia isso”. Em especial, na parte da discoteca, você precisa clicar em um monte de botões em uma ordem altamente específica. Eu passei dali seguindo um guia, e sinceramente não sei se há alguma demonstração de solução no cenário, mas é o tipo de coisa que eu nunca teria passado sem guia.
POINT AND CLICK
O ponto é que o ato de apontar e clicar nunca foi o principal nesses jogos. A gente sempre os jogou pelo humor, pela história. E por isso acho que esse estilo envelheceu tão mal. Eu simplesmente preferiria assistir a um desenho de Beyond Time and Space do que precisar solucionar puzzles para continuar a história.
Assim, Beyond Time and Space é legal dentro do que é. A questão é que o que ele é não é algo especialmente prazeroso hoje em dia. Mas a história, o humor e os personagens continuam deliciosos como sempre foram. Eu adoro o humor de Sam & Max e aqui é possível já vermos quão bons eram os escritores da Telltale, muito antes de eles começarem a ganhar prêmios por roteiros. Portanto, faça como eu. Se não se anima tanto em resolver os puzzles, abra um guia no celular e vá seguindo, só para curtir a história. Recomendo este aqui. Ele diz onde você precisa clicar para progredir sem elaborar o que acontece nem dar nenhum detalhe da história. É perfeito para o gênero.