Salt and Sacrifice é a “sequência espiritual” de Salt and Sanctuary. Aposto que quando você bateu o olho nele, achou que era mais do mesmo, certo? Mas não é o caso. Leia agora a nossa análise Salt and Sacrifice.
Análise Salt and Sacrifice: você já viu isso antes?
Bom, eu não sei se você jogou Salt and Sanctuary (o jogo anterior do estúdio, de 2016), mas à primeira vista, eles realmente são bem parecidos!
Você é o “avatar” de um Soulslike 2D e se é você gosta ou conhece minimamente esse gênero, essa descrição seria o suficiente para você ter uma ideia do que vai encontrar.
Essa foi a minha impressão inicial do jogo e eu fiquei meio insatisfeito com isso. Não que eu não tenha gostado do anterior, mas sabe aquela sensação? “De novo, outro desses?”
Saca só: você começa o jogo, escolhe uma das classes (clérigo, paladino, guerreiro, assassino) e aí, segundos após a introdução, está de frente com um boss absurdamente forte que claramente não está lá pra ser vencido.
Você morre e BAM! Está na área tutorial, que nesse caso, é um “hub” com alguns NPCs que vão te explicar – de forma rasa – o que tá pegando.
Se você pensou “uau, isso é exatamente igual a Demon’s Souls”, está certo. Mas com poucas horas de jogo, Salt and Sacrifice mostra que é uma experiência bastante diferente do anterior.
Análise Salt and Sacrifice: viciados em sal gostam de arrancar corações
Vamos ser sinceros um com o outro, tá? Você e eu não precisamos entender direito a história.
Logo no início, os NPCs te contam que você cometeu algum pecado na vida anterior e agora é um inquisidor. Ou seja, a pergunta você precisa fazer é: “Quem é que precisa bater as botas pra isso acabar?”
E a resposta é: os mages! O que “tá pegando” é que esses carinhas gostam de passear por aí, matando geral, inclusive os seus inimigos no cenário (!). Seu papel é ir lá e acabar com a raça deles, arrancar o coração e fabricar roupinhas melhores para o seu personagem.
Se você não percebeu, eu acabei de descrever o que você faz em qualquer Monster Hunter. Sim! Isso muda bastante coisa e eu já te conto no próximo intertítulo.
Análise Salt and Sacrifice: estou confuso, explica esse gameplay
É assim: Salt and Sacrifice tem a mesma base do gameplay de Salt and Sanctuary. Não importa a classe, você vai ter sempre uma arma melee e uma arma ranged principal (esta com munição limitada). E inclusive, está de volta aquela skill tree que é assustadora no início, mas surpreendentemente eficaz para você não errar na sua build.
No entanto, Salt and Sacrifice não é uma experiência tão linear, da esquerda para direita, como no jogo anterior. Aqui, você acessa cada uma das cinco áreas principais através do hub.
Essas áreas são enormes, e para avançar dentro delas, ou liberar a próxima área, precisa encontrar upgrades estilo Metroidvanias (como um gancho) e matar uma quantidade de mages, porque algumas portas bloqueadas só abrem após você cumprir esse pré-requisito.
Durante ou fora de uma caçada, os checkpoints do caminho permitem que você teleporte de volta ao hub. PORÉM, você não pode viajar de checkpoint em checkpoint e toda vez que precisar retornar ao ponto onde estava, vai precisar refazer caminhos ou usar os atalhos que liberou.
Bom, cada novo mage só pode ser caçado depois que você encontra o “resquício” dele, daí uma fumaça preta vai te guiar até ele.
Porém, não é só achar o mage e entrar na boss fight para resolver a diferença na hora. Não. Assim como os monstros de Monster Hunter, os safados fogem de você pelo cenário!
Você precisa bater neles algumas vezes até eles mudarem de área, e assim por diante, até que eles fiquem “encurralados” na sala do chefe.
Devo dizer, isso não costuma ser fácil, especialmente nas áreas mais avançadas. Os mages invocam inimigos extremamente poderosos para te enfrentar pelo caminho – alguns dão mais trabalho do que eles próprios–, outros se tornam zumbis perigosos e os inimigos comuns são imprevisíveis, porque enfrentam você e as criaturas ao mesmo tempo.
Vamos supor que você morra no meio dessa selvageria e perca suas almas – hã, quer dizer, o seu sal. Bom, nessas horas, você pode cancelar a caçada para recuperar suas almas com calma, MAS ao fazer isso, terá de recomeçar a caçada do zero quando for enfrentar o mage de novo. Yep! Se você não resolver a parada logo, vai ficar nesse ciclo por um tempo.
Isso é um problema, mas às vezes, talvez seja a sua única escolha. Os seus refills de vida e mana não enchem nos checkpoints se você não tiver coletado itens pelo cenário para isso. Ah, e eu te avisei que no estado “morto-vivo”, a sua barra de vida diminui em ¼?
Análise Salt and Sacrifice: como você se sente agora?
Olha, se o que eu te descrevi até agora te causou um sentimento de raiva, ou uma empolgação enorme, você já tem uma boa ideia se Salt and Sacrifice é para você ou não, porque esse jogo é o típico caso “8-80”. “Ame-o ou deixe-o”. Sabe?
Mas vamos continuar, porque tem uma coisa. O design dos mages é fantástico! Cada um é baseado em algum elemento ou poder principal, desde os mais tradicionais (fogo, gelo, elétrico), até coisas mais criativas, como tempo e psíquico.
Cada vez que você vence um deles pela primeira vez, rola um diálogo moribundo, que revela que eles eram verdadeiros psicopatas e você está fazendo um tremendo de um favor nesse mundo. Os momentos finais de cada são simples, mas uma recompensa extra por todo o seu esforço. É bem legal.
Na verdade, o design e animações de todos os inimigos, inclusive os chefes tradicionais são muito superiores a Salt and Sanctuary. Pelas imagens, os gráficos desse jogo parecem ser iguais ao anterior, mas ele é muito mais colorido e agradável visualmente.
Os efeitos sonoros e as músicas, no entanto, continuam naquela pegada minimalista pela maior parte do tempo. Embora sejam funcionais e de acordo com o jogo, são pouco memoráveis, pelo menos para mim.
Análise Salt and Sacrifice: isso aqui muda tudo (ou não)
A grande sacada de Salt and Sacrifice, que também era o caso de Salt and Sanctuary, é que você pode jogar a campanha inteira em co-op de sofá com um amigo (e até online agora) e essa possibilidade muda completamente a experiência do jogo.
O Salt and Sanctuary original eu joguei do início ao fim com um amigo em uns três ou quatro finais de semana, sempre com café ou cerveja, gargalhadas e uma pizza no intervalo.
No Salt and Sacrifice, eu só consegui puxar a patroa para jogar comigo pelas primeiras três ou quatro horas. Cara, jogar de dois no sofá muda a experiência. Isso vale para qualquer jogo, mas Salt and Sacrifice vai de um jogo bom para uma das melhores experiências que tive neste ano com games.
É o dobro de diversão. O dobro de build e equipamentos para coletar. Eu não consigo dizer se o dano que você causa nos inimigos diminuiu em dupla, mas senti que essa dificuldade única do jogo fica bem mais “adequada” em dois do que jogando solo.
É difícil pensar em outro jogo que une elementos de metroidvania e Soulslike com as caçadas do Monster Hunter e ainda oferecem a oportunidade co-op de sofá.
O problema, é claro, é que você vai precisar programar essa experiência, marcar horário com o amigo e se estiver jogando no PS4 ou PS5 (meu caso), um de vocês vai precisar assinar a Plus, para não perder o save do segundo jogador. Saudades de quando jogar no sofá era simples.
Análise Salt and Sacrifice: hey, você não pode fazer isso!
É curioso, mas embora Salt and Sacrifice tenha melhorias de qualidade de vida, como fast travel desde o início em todo checkpoint que você encontra, no geral o jogo parece ter se tornado mais pentelho do que Salt and Sanctuary.
Quando você “reseta” tudo no checkpoint, os inimigos que estão ali do seu lado não desaparecem dali e isso inclui magos (!). Por outro lado, você pode recuperar sua vida no checkpoint com o mago do lado e não tem nenhuma punição por isso. Bom, chumbo trocado não dói.
Os chefes são difíceis e eu arrisco dizer, bem desbalançaeados. Mais ao final do jogo, o tempo que você tem para reação é quase zero. O chefe te acerta e emenda uma sequência de golpes que faz você bater as botas rapidinho. Normalmente, a minha tolerância para abusos dos soulslike costuma ser alta, mas eu admito que fiquei com raiva em vários momentos.
É verdade: depende um pouco da classe e se você vai jogar só o o caminho essencial, ou se vai fazer as áreas e os mages opcionais.
Mas pelo próprio level design das áreas, é bem possível e provável que você desvie do caminho principal em áreas mais avançadas. E, meu amigo, se isso acontecer, me desculpe dizer: mas você está lascado.
Eu fiquei mais de uma hora contra o mago das trevas porque “pulei” o psíquico e o do tempo, que dão equipamentos melhores para a situação que eu estava enfrentando. Sério, se você fizer quebrar a sequência nesse jogo, o jogo é quem vai quebrar você.
Análise Salt and Sacrifice: eita, o que eu faço?
Salt and Sacrifice é bem difícil. Não sei dizer se é muito mais do que o anterior, mas como o senso de repetição e o tempo deste são maiores, ele tende a causar mais frustração. Especialmente se você não tolera as principais características dos soulslike.
Agora, se você é viciado no gênero, ou tem um amigo que é viciado no gênero e consegue jogar em dupla, pode ir sem medo, porque vai ser demais.
P.S.: já se prepare para enfrentar o mesmo mago de novo e de novo, porque os itens mais raros costumam aparecer 30-50% das vezes e seu amigo vai querer ser fashion e fazer a roupinha completa.