Temos muita informação para passar aqui, além da tradicional opinião que vem com os textos do Delfos. Então vamos começar esta análise Ray’z Arcade Chronology, que inclui os jogos de fliperama Rayforce, Raystorm e Raycrisis. A começar pelas edições disponíveis.
RayStorm x RayCrisis HD Collection & Ray’z Arcade Chronology
Ligue seus jatos cerebrais porque isso vai ser confuso. Você pode comprar estes jogos de duas formas. Uma é a coleção RayStorm x RayCrisis HD Collection. Esta versão, disponível de forma física ou digital, contém RayStorm e RayCrisis, em duas versões: com gráficos originais ou HD.
A versão mais completa, e a que eu vou falar aqui, é Ray’z Arcade Chronology, que além das duas versões dos dois jogos supracitados, inclui também o fliperama original da série, chamado RayForce. Deu pra entender? Então vamos à análise!
ANÁLISE RAY’Z ARCADE CHRONOLOGY
Sinceramente, eu nunca tinha ouvido falar dos fliperamas em questão. Acredito que eles não foram muito comuns aqui no Brasil. Porém, eles são reflexos de uma época mágica dos arcades, em que aquela linda estética e a alta tecnologia deixavam estes jogos muito interessantes.
Isso vale especialmente para o segundo e terceiro jogos. Eles são jogos de navinha tradicionais, porém usam cenários e inimigos poligonais, dando aquele efeito 3D delicioso. O único game que me lembro de ter jogado neste estilo lá nos anos 90 foi Silpheed, de Sega-CD, e eu pirava o cabeção muito forte nele.
Assim, quando fiquei sabendo deste lançamento, fui logo atrás, pois há muito tempo queria rejogar Silpheed ou, vá lá, outros jogos parecidos. E essa série Ray-alguma-coisa provavelmente me divertiu mais do que um relançamento de Silpheed me divertiria. Afinal, por serem fliperamas, a gente tem acesso a vidas infinitas, eliminando a repetição comum nesses jogos. Vamos falar de cada um deles.
RAYFORCE
Este é o mais comum. É daqueles shoot’em ups com visão de cima e tela vertical. Os gráficos são totalmente 2D pixelados e são muito bonitos e coloridos. A pegada da jogabilidade é que há dois planos de ataque. As navinhas que estão na sua frente são destruídas com o tiro normal. Mas há aquelas que ficam abaixo de você. Para elas, você precisa selecioná-las com a mira, o que vai travar o laser, que então pode ser disparado.
Este é o grande gimmick dos três jogos, mas neste primeiro talvez seja o mais incômodo. Pelos gráficos serem em 2D, nem sempre é claro quais inimigos estão no seu nível ou abaixo, então é comum você ficar tentando atirar, apenas para ver seus tiros atravessando todo mundo. Eu demorei um bocado para pegar o jeito, e até entender como funcionava, foi um tanto desconfortável jogar RayForce. Eu gostei dele, mas foi o único da coleção que achei bom quando acabou, pois estava cansado.
RAYSTORM
RayForce é de 1994. RayStorm é de 1996. No mundo dos games de hoje, a gente não vê muita diferença visual ou de mecânicas em vários anos. E isso que torna essa segunda metade dos anos 90 tão mágica para os games. As coisas mudavam muito rápido. Comprar um console novo nessa época não era apenas “tenho que ter a máquina mais recente para continuar jogando lançamentos”, mas realmente o início de novas experiências. E isso fica bem claro quando você passa de RayForce para RayStorm.
Em RayForce, a tela scrollava de cima para baixo, como você está fazendo ao ler este texto. Mas RayStorm era realmente uma aventura. A sua nave se movimentava apenas nas direções tradicionais, mas o cenário muda constantemente, aproximando e afastando dos detalhes, passando em buracos, entrando em corredores. Talvez isso seja banal para alguém que cresceu jogando do PS3 em diante. Mas para mim, e para quem viveu a época, que considerava os fliperamas das Tartarugas Ninja o ápice dos gráficos, era muito impressionante. E dava uma sensação totalmente diferente de jogar.
Além disso, RayStorm colocou melhoras de acessibilidade que nem o anterior nem o posterior tinham. É possível você escolher o modo manual, que funciona como os outros jogos, ou o automático. O legal do automático é que seus tiros e o laser saem com o mesmo botão. Isso deixa tudo muito mais divertido e agradável, pois você pode simplesmente atirar em tudo que ver, sem precisar se preocupar com profundidade. Obviamente, há incentivos para o modo manual (acumular vários locks antes de atirar faz mais dano e dá mais pontos), mas o modo automático é uma excelente forma de aprender a jogar a série. E só existe neste jogo.
RAYCRISIS
RayCrisis dá um salto técnico diferente, mas também impressionante. Ele tem 42 fases. Pelo que entendi, elas são selecionadas aleatoriamente quando você inicia a campanha. Escrevendo suas iniciais antes de começar, você pode escolher se deseja jogar de novo as fases anteriores, ou fazer um novo sorteio.
Isso provavelmente era um grande chamativo nos fliperamas na época. O único jogo que me lembro que “lembrava” do jogador era NBA Jam, e aqui isso parece funcionar melhor. Além disso, há vários finais e se você jogar várias vezes com as mesmas iniciais, uma navinha diferente é desbloqueada. Tanto essa navinha quanto uma seleção de fases tradicional podem ser destravadas com um cheat code, no entanto.
Eu joguei duas vezes a campanha, e nas duas assisti ao mesmo final, considerado o “bom”. Há também o “ruim” e o “verdadeiro”, mas não pesquisei como encontrá-los e não descobri sozinho ainda. Porém, como todo fliperama bacana, eu pretendo jogar esta coletânea muitas vezes. Quem sabe um dia descubro? Ou então desisto e pergunto pro Google.
RAYSTORM HD X PIXELS
A última feature que queria elaborar é que no segundo e no terceiro jogo, você pode escolher dois tipos de gráficos.
O original é o que você vê acima. É bem crocante, com pixels grandes e com cara de anos 90. A versão HD é mais lisinha, com a crocância quase totalmente eliminada. As duas versões me apetecem, sinceramente. Porém, não dá para alternar entre elas a hora que desejar. São considerados jogos diferentes na coleção, com os mesmos troféus, mas com saves separados. Então você precisa escolher qual vai querer antes de começar a campanha, e ficar nela até o fim.
PERFORMANCE
Por fim, preciso falar da performance. Provavelmente pelos games estarem emulados aqui, há uma grande quantidade de slowdowns, especialmente quando há muitos tiros e explosões na tela. Provavelmente o jogo rodava assim originalmente, mas boa parte dos emuladores dá opção para eliminar isso em máquinas mais poderosas. Tenho certeza que Ray’z Arcade Chronology não é pesado demais para um PS5.
Felizmente, o que ele tinha de pesado para as máquinas da época, tem de delicioso em jogar hoje. Essas coletâneas de fliperama, para mim, costumam ser shows de nostalgia. Ray’z Arcade Chronology foi além disso, já que não conhecia os jogos. Ele me trouxe uma nova experiência em um estilo de jogo que marcou uma época, mas que ficou apenas nela. E ter este gostinho novamente foi fantástico!