Nesta análise No Straight Roads, você vai conhecer este joguinho da Metronomik. No Straight Roads é extremamente carismático, com foco na história e humor bonitinho e inocente. Essas coisas acabam sendo mais importantes para a experiência do que o próprio jogo. Assim, não é por acaso que ele parece um jogo da Double Fine. Parece, mas não é.
ANÁLISE NO STRAIGHT ROADS
Em No Straight Roads, você controla uma dupla de rock chamada Bunk Bed Junction. Eles vivem em uma cidade dominada por um império que só permite que EDM (electronic dance music, caso você não conheça a expressão) ganhe espaço no mainstream. O problema não é só a música, mas o fato de que esse império domina a sociedade com garras de aço, com atitudes fascistas como só fornecer energia elétrica às classes mais altas. Obviamente, sobrou para o Bunk Bed Junction levar o rock e a liberdade para as pessoas dominadas.
A temática lembra bastante Brütal Legend, mas o gameplay em si puxa mais para outro jogo da Double Fine: Psychonauts.
Isso porque, em seu núcleo, No Straight Roads é um jogo de ação e plataforma em 3D. Mas na prática, isso representa um pequeníssimo pedaço do jogo. Entre cada uma de suas poucas fases que realmente seguem essa linha, você vai fazer um monte de coisas diferentes.
Entre elas, vai explorar a cidade, levar energia para os setores escuros, conversar com uma enorme gama de personagens coloridos (literalmente, já que só os NPCs que têm algo a dizer são coloridos). Tem até uns minigames, como dar entrevistas e a temida e extremamente difícil batalha de rap.
Com exceção das batalhas de rap, é impossível falhar nesses trechos do jogo. O foco aí é na narrativa. Não existem inimigos e você sequer pode usar seus ataques fora das fases propriamente ditas.
AS FASES PROPRIAMENTE DITAS
As fases propriamente ditas são ação e plataforma em 3D. Elas colocam a câmera fixa atrás do personagem, em um estilo meio Crash Bandicoot, e você corre, pula e luta através de caminhos totalmente lineares.
O diferencial é que tudo no mundo – plataformas e inimigos – se movem no ritmo da música. Durante as fases, isso é sossegado, mas na batalha contra os chefes fica extremamente difícil. Talvez eu seja alguém totalmente sem ritmo, mas eu achei muito difícil desviar de qualquer ataque dos chefes. Parry, então, sem chance.
O jogo tem uma opção de acessibilidade bacana. Ao morrer, você pode reiniciar a batalha, ou simplesmente sacrificar seu ranking máximo para continuar jogando. E, devo dizer, essa opção acaba sendo o que tornou No Straight Roads jogável para mim. As batalhas contra chefes são extremamente longas, com várias fases diferentes. Em alguns deles, eu morri mais de 10 vezes até vencer. Imagina se eu conseguiria vencer com uma vida só? De jeito maneira!
Na verdade os chefes são tão elaborados, e tão longos, que dá ao gameplay um jeitão meio boss rush, uma coisa meio Cuphead. Tipo, você termina uma fase em cerca de cinco minutos, mas fica 20 em cada chefe – isso sem reiniciar a batalha ao morrer.
Além disso, muito dinheiro e cuidado foi investido em cada um dos chefes. Todos eles apresentam variações de gameplay e set pieces consideráveis. Dá até para dizer que cada chefe é uma coletânea de jogos à parte do restante.
OUTRA COMPARAÇÃO
Se você não jogou Psychonauts, tenho outra comparação mais recente que talvez esteja mais fresca na sua memória: Astral Chain.
Este exclusivo de Switch pode ser considerado um hack and slash, mas você faz tanta coisa e passa tanto tempo entre as fases propriamente ditas que não dá para colocá-lo no mesmo grupo de um Devil May Cry.
Da mesma forma, No Straight Roads não parece um jogo de plataforma e ação como, sei lá, Ratchet and Clank, uma vez que seu gameplay é menos focado. Se você quiser simplesmente pular por aí, essa não é uma boa opção. Seu aproveitamento de No Straight Roads estará diretamente relacionado ao quanto você curta sua ambientação, seus personagens e seu humor. A boa notícia é que ele é muito bom nessas coisas, até mesmo melhor do que no gameplay.
O jogo é 100% falado, e a maior parte de suas cutscenes é totalmente realizada, então isso ajuda a deixar a história mais divertida e engraçada. Na verdade, ele é tão parecido com Psychonauts em todos os aspectos, que eu o recomendaria especificamente para as pessoas que estão há décadas esperando por Psychonauts 2. No Straight Roads não é da Double Fine, e não tem envolvimento do Tim Schafer, mas é o mais próximo que vamos chegar do esperado lançamento em 2020.
CURIOSIDADE:
Os solos de bateria do protagonista Zuke foram tocados pelo brasileiro Bruno Valverde, baterista atual do Angra.