O primeiro Layers of Fear foi muito elogiado, mas não me empolgou tanto. Ele até tem ótimas ideias, mas a experiência em geral não me conquistou. E olha que eu até dei uma chance para o DLC Inheritance. Pois ele ganhou uma continuação, e agora é hora da nossa análise Layers of Fear 2.
ANÁLISE LAYERS OF FEAR 2
Se o primeiro Layers contava uma história que se passava no meio das artes plásticas, este dá uma leve variada na temática, e agora aborda o cinema. Você controla um ator, contratado por um exótico diretor para um longa que será filmado em um navio. O diretor é conhecido por fazer seus atores passarem por testes não convencionais para criarem seus personagens.
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Paralelamente a esta história principal, que move o gameplay, há uma secundária sobre duas crianças que se infiltraram em um navio. Esta história é contada basicamente por audiologs, que rolam quando você pega itens ou explora determinadas áreas.
TREM FANTASMA
Se você não jogou o original, Layers of Fear consiste em basicamente andar por corredores lineares enquanto coisas assustadoras acontecem à sua volta. Coisas como braços saírem das paredes, objetos mudarem de lugar, etc.
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Eventualmente, aparece alguma coisa que te mata. Nestes momentos, em geral, basta sair correndo para escapar, então não espere nada muito desafiador. Há também alguns puzzles que exigem exploração e atenção aos detalhes e estes são, embora simples, capazes de fazer o jogador coçar a cabeça.
Tudo aqui é bem abstrato e subjetivo. Não tenho dúvidas que os criadores têm muito a dizer em sua história, mas eles são intencionalmente obtusos em sua execução. Quem realmente se interessar, provavelmente vai procurar por interpretações ou debater com amigos, o que pode ser bacana.
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Eu, por outro lado, sempre fui adepto de “se tem algo a dizer, diga diretamente”. Isso vale tanto para relações pessoais e profissionais quanto para a arte e criações em geral. Então para mim a abstralidade de Layers of Fear não causa intriga, mas tédio. É mais ou menos como jogar um filme do David Lynch.
KD CORES?
Some a isso o visual bem feinho de Layers of Fear 2. Tipo, não é que os gráficos sejam ruins ou que pareça ter faltado orçamento. Pelo contrário. Meu problema com ele é que 80% do jogo é em preto e branco e absurdamente escuro, uma estética que definitivamente não me agrada.
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O fato de você não encontrar outras pessoas e o de que há mais manequins neste navio do que em lojas de departamento paulistanas contribui para deixar a experiência toda enjoativa e repetitiva.
Dito isso, não é como se Layers of Fear 2 não tivesse seu valor. O jogo inteiro é altamente roteirizado, com algo acontecendo quase a cada passo seu. Criar algo assim é difícil, é caro, e é demorado. E o jogo, como seu antecessor, traz algumas ótimas ideias. Em determinada cena, por exemplo, você sobe a mesma escada várias vezes e sempre que chega na parte de cima, um corpo cai. Um pouco depois, você descobre que o corpo que caía era você mesmo. Há vários momentos assim por aqui.
Outro aspecto bacana, para alguém que gosta de cinema, como eu – e acredito que você também – é a quantidade de referências visuais que ele faz a filmes clássicos.
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Apesar dos predicados, como disse acima, eu fiquei entediado durante quase toda sua duração. E tédio é basicamente a emoção mais distante do medo. O que me leva a meu último ponto.
UM JOGO PARA INICIANTES
Tem bastante gente que tem interesse em jogos de terror, mas não tem coragem de jogá-los. Eu entendo isso. Um game de terror dá muito mais medo do que um filme, afinal, as coisas acontecem de acordo com suas ações.
E talvez este seja o público ideal para Layers of Fear 2. Por ser um jogo de terror completamente sem violência, e no qual você raramente morre, imagino que já rola uma bela aplacada no medo de quem tem menos experiência no gênero.
Ele ser mais abstrato do que o que costumamos ver nesta área da cultura pop também deve ajudar. Afinal, você precisa de muita atenção e muita força de vontade para realmente entender o que está acontecendo. Sem isso, o jogador está apenas andando por corredores com baixa luz.
Assim, se você tem medo de pegar um Resident Evil, Soma ou Outlast, mas tem vontade de experimentar o gênero, creio que esta é uma boa porta de entrada. Narrativamente, ele também é totalmente independente do anterior e seu DLC.
Fãs de longa data do gênero, por outro lado, dificilmente conseguirão aqui a dose de adrenalina que procuram. Layers of Fear 2 é, sim, um jogo de terror, mas é bastante light no quesito medo.