O primeiro Layers of Fear foi muito elogiado, mas não me empolgou tanto. Ele até tem ótimas ideias, mas a experiência em geral não me conquistou. E olha que eu até dei uma chance para o DLC Inheritance. Pois ele ganhou uma continuação, e agora é hora da nossa análise Layers of Fear 2.

ANÁLISE LAYERS OF FEAR 2

Se o primeiro Layers contava uma história que se passava no meio das artes plásticas, este dá uma leve variada na temática, e agora aborda o cinema. Você controla um ator, contratado por um exótico diretor para um longa que será filmado em um navio. O diretor é conhecido por fazer seus atores passarem por testes não convencionais para criarem seus personagens.

Análise Layers of Fear 2, Layers of Fear 2, Bloober Team
Olha que eu vou perder a cabeça!

Paralelamente a esta história principal, que move o gameplay, há uma secundária sobre duas crianças que se infiltraram em um navio. Esta história é contada basicamente por audiologs, que rolam quando você pega itens ou explora determinadas áreas.

TREM FANTASMA

Se você não jogou o original, Layers of Fear consiste em basicamente andar por corredores lineares enquanto coisas assustadoras acontecem à sua volta. Coisas como braços saírem das paredes, objetos mudarem de lugar, etc.

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Infelizmente, não dá para correr pelo corredor distribuindo high fives.

Eventualmente, aparece alguma coisa que te mata. Nestes momentos, em geral, basta sair correndo para escapar, então não espere nada muito desafiador. Há também alguns puzzles que exigem exploração e atenção aos detalhes e estes são, embora simples, capazes de fazer o jogador coçar a cabeça.

Tudo aqui é bem abstrato e subjetivo. Não tenho dúvidas que os criadores têm muito a dizer em sua história, mas eles são intencionalmente obtusos em sua execução. Quem realmente se interessar, provavelmente vai procurar por interpretações ou debater com amigos, o que pode ser bacana.

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Tem muito manequim neste jogo, provavelmente porque é mais fácil de fazer do que seres humanos.

Eu, por outro lado, sempre fui adepto de “se tem algo a dizer, diga diretamente”. Isso vale tanto para relações pessoais e profissionais quanto para a arte e criações em geral. Então para mim a abstralidade de Layers of Fear não causa intriga, mas tédio. É mais ou menos como jogar um filme do David Lynch.

KD CORES?

Some a isso o visual bem feinho de Layers of Fear 2. Tipo, não é que os gráficos sejam ruins ou que pareça ter faltado orçamento. Pelo contrário. Meu problema com ele é que 80% do jogo é em preto e branco e absurdamente escuro, uma estética que definitivamente não me agrada.

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Cenários bem iluminados e coloridos como este aparecem quase que exclusivamente no início.

O fato de você não encontrar outras pessoas e o de que há mais manequins neste navio do que em lojas de departamento paulistanas contribui para deixar a experiência toda enjoativa e repetitiva.

Dito isso, não é como se Layers of Fear 2 não tivesse seu valor. O jogo inteiro é altamente roteirizado, com algo acontecendo quase a cada passo seu. Criar algo assim é difícil, é caro, e é demorado. E o jogo, como seu antecessor, traz algumas ótimas ideias. Em determinada cena, por exemplo, você sobe a mesma escada várias vezes e sempre que chega na parte de cima, um corpo cai. Um pouco depois, você descobre que o corpo que caía era você mesmo. Há vários momentos assim por aqui.

Outro aspecto bacana, para alguém que gosta de cinema, como eu – e acredito que você também – é a quantidade de referências visuais que ele faz a filmes clássicos.

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Tipo isso.
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E isso.

Apesar dos predicados, como disse acima, eu fiquei entediado durante quase toda sua duração. E tédio é basicamente a emoção mais distante do medo. O que me leva a meu último ponto.

UM JOGO PARA INICIANTES

Tem bastante gente que tem interesse em jogos de terror, mas não tem coragem de jogá-los. Eu entendo isso. Um game de terror dá muito mais medo do que um filme, afinal, as coisas acontecem de acordo com suas ações.

E talvez este seja o público ideal para Layers of Fear 2. Por ser um jogo de terror completamente sem violência, e no qual você raramente morre, imagino que já rola uma bela aplacada no medo de quem tem menos experiência no gênero.

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Ele ser mais abstrato do que o que costumamos ver nesta área da cultura pop também deve ajudar. Afinal, você precisa de muita atenção e muita força de vontade para realmente entender o que está acontecendo. Sem isso, o jogador está apenas andando por corredores com baixa luz.

Assim, se você tem medo de pegar um Resident Evil, Soma ou Outlast, mas tem vontade de experimentar o gênero, creio que esta é uma boa porta de entrada. Narrativamente, ele também é totalmente independente do anterior e seu DLC.

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Fãs de longa data do gênero, por outro lado, dificilmente conseguirão aqui a dose de adrenalina que procuram. Layers of Fear 2 é, sim, um jogo de terror, mas é bastante light no quesito medo.