Meus leitores de longa data já sabem. Eu adoro uma aventura. Especialmente se isso permite a criação de uma matéria gonzo, que ajude pessoas malvadas a pagar por suas malvadezas. Eu já investiguei a Mansão Spencer, a Mansão Baker e até uma vila europeia. Entre muitos outros lugares, claro. Hoje a viagem é mais próxima de casa. Eu vou até a pequena cidade de Treze Trilhas investigar curiosos desaparecimentos. Me acompanhe nesta reportagem investigativa que estou chamando de análise Fobia St. Dinfna Hotel.
ANÁLISE FOBIA ST. DINFNA HOTEL
Meu contato Stephanie sugeriu que eu ficasse no Hotel Santa Dinfna. Dinfna é um nome muito complicado, então a partir de agora vou chamá-lo apenas de Fobia. Fobia é genial. É uma palavra em português, mas é simples, fácil de falar e ler em outras línguas e, quem fala inglês, vai entender seu significado graças à semelhança com Phobia.
O hotel é muito bonito. Enorme e luxuoso, é o tipo de hospedagem que não é comum em cidades pequenas, mas em grandes metrópoles. E normalmente custam o olho da cara. Após um check-in sem eventualidades, passei uma semana investigando o caso, sem conseguir desvendar nada. A Stephanie, inclusive, parecia estar me evitando. Quando acordei no meu quarto, deparei-me com o hotel destruído. Tudo pegando fogo, vários caminhos fechados e portas trancadas. Pensei comigo mesmo: “de novo não!”. E lá fui eu investigar, tentar descobrir um caminho para sair deste lugar que, até ontem, era tão belo e convidativo. Foi aí que meus problemas começaram.
O HOTEL SANTA DINFNA
Não demorou para que eu começasse a ver coisas. Uma menina com máscara de gás espreitava os corredores. Ela parecia estar disposta a me assustar, aparecendo e sumindo, passando em frente à minha câmera. Porém, ela não me machucava ou atacava. Nem me respondia.
Infelizmente, logo percebi que não estava mais em segurança. O que pareciam ser baratas gigantes andavam pelas paredes, e não tinha como me defender. Basicamente, elas agarravam minha cara, como um facehugger, e só daí eu conseguia arrancá-las à força e pisar nelas. Era nojento e doloroso. Felizmente, após algum tempo de investigação, eu encontrei uma arma. Agora poderia atirar nesses bichos nojentos. Mal sabia eu que o perigo aumentaria bastante.
ANÁLISE FOBIA E O COMBATE NO HOTEL SANTA DINFNA
Como um desígnio divino de um deus cruel, pouco depois de encontrar a arma, encontrei também uma criatura estranha e assustadora. Ela tinha formato humanoide, mas seu coração brilhava na garganta. Anos de videogame me ensinaram meu lema de vida: “atire onde brilha”.
Não basta a infestação de insetos gigantes, agora monstros? Definitivamente o Hotel Santa Dinfna não é tão luxuoso quanto prometia. Não há muita variação de monstros, no entanto. Os camaradas do coração na garganta se movem lentamente, como zumbis romerianos. Pelo menos até que decidam dar o bote e se aproximem correndo, o que fatalmente me fazia atirar desesperado. Já pensou se um desses trecos me pega?
Logo me tornei um expert em matar esses monstros. Alguns morriam com dois ou três tiros. Outros precisavam de sete ou oito, mesmo que acertasse no coração. Tentei fazer melhorias na minha arma com uns pontos de upgrade que achei escondidos. A ideia era diminuir a dispersão das balas, mas sinceramente não vi muita diferença. O problema é que era difícil encontrar munição e, quando um monstro “comia” oito balas, eu me sentia praticamente indefeso com o pouco que restava. Felizmente, após algum tempo, consegui acumular munição suficiente para eventualmente dar uns tiros para cima gritando “irrá!”. Mas daí os problemas pioraram.
O MONSTRO GIGANTE QUE HABITA O HOTEL SANTA DINFNA
Ele estava no meu caminho. Um monstro gigante com uma garra no lugar do braço e aparentemente invulnerável a balas. Eu resolvi apelidá-lo de Mr. X, embora talvez um nome mais apropriado seja Nemesis. Afinal, ele aparecia em momentos pontuais, normalmente quando eu precisava atravessar um corredor. Quando escapava, ele parecia sumir por algumas horas, não continuava me caçando pelo hotel.
Amigo leitor, sinceramente espero que você valorize minha dedicação a este trabalho. Na primeira vez que o encontrei, não queria nada além de correr pela minha vida. Mas parei, olhei para ele e tirei a foto acima, antes de um caprichado sebo nas canelas. Tudo pelo jornalismo, meu caro! Eu encontraria o monstro invencível mais algumas vezes durante minha aventura, mas felizmente não era muito frequente e todos os encontros eram relativamente curtos.
SALVANDO O PROGRESSO NA ANÁLISE FOBIA
Uma coisa que me incomoda muito quando me envolvo em aventuras como essa são os momentos de descanso. Lembra que, na Mansão Spencer, eu precisava de cartuchos de tinta para poder escrever minha história? Em Fobia, preciso apenas encontrar um relógio de pêndulo. E então posso “olhar as horas” à vontade, bastando apenas voltar àquele lugar. E, meu amigo, eu olhei as horas como nunca tinha olhado antes. Não passava um minuto sem que eu procurasse por um relógio.
Infelizmente, havia longos trechos sem relógios no hotel. Inclusive momentos em que eu ficava preso, sem poder voltar para segurança. Isso era ocasionalmente frustrante, especialmente porque quase sempre eu ouvia o tic-tac de um relógio. Porém, se não era de pêndulo não era bom o suficiente para eu ver as horas nele. Sou um homem de princípios, afinal de contas.
TRAÇADO DE RAIOS
Outra coisa curiosa é que eu podia modificar a realidade, ligando ou desligando um tal de “traçado de raios” (ray tracing). E isso mudava o visual ao meu redor, afetando luzes, sombras e reflexos. Veja a comparação.
Não tenho dúvidas de que ativar o ray tracing deixava o hotel ainda mais bonito. Porém, fazia a realidade parecer se mover em câmera lenta. Eu literalmente sentia que demorava mais para virar para trás do que quando desativava isso. E lentidão pode ser fatal. Além disso, a diferença visual era bem pequena, limitada basicamente a alguns chãos lustrosos. Em geral, preferi me aventurar com o traçado de raios desligado.
A CÂMERA QUE OLHA ENTRE DIMENSÕES
Outra coisa digna de nota que encontrei no Hotel Santa Dinfna é uma câmera fotográfica. De aparência comum, ela nada tinha de ordinária. Quando olhava através dela, via tudo em verde, o que me lembrou uma aventura anterior por um manicômio.
Mais interessante do que isso é que ela me permitia olhar entre dimensões. Um quarto normal de hotel poderia parecer uma sala de tortura ou um laboratório quando visto através da câmera. Inclusive, encontrei pistas, segredos e caminhos que só apareciam se olhasse por ela. A princípio não gostei disso, pois sentia a necessidade de explorar cada cômodo duas vezes. Porém, logo percebi que onde deveria usar a câmera, algum fantasminha camarada tinha manchado a parede com mãozinhas de sangue. Isso ajudou para que minha aventura não fosse totalmente verde.
SUBSTITUIR ESTE INTERTÍTULO POR UM MAIS INTERESSANTE
Algo que precisei me atentar durante a aventura era o espaço na minha mochila. Às vezes, não podia pegar alguma porcaria nova por não ter onde colocá-la. Ocasionalmente, conseguia reorganizar as coisas para liberar espaço. Em outras, precisava jogar itens fora, ou usar alguns baús interdimensionais espalhados pelo hotel, que lembram bastante aqueles da mansão Spencer. Ao contrário de como costumava acontecer nas aventuras anteriores, no entanto, aqui os aumentos na minha mochila eram incrementais e mais comuns. Particularmente, isso me agradou bastante.
Além daquele monstro gigante que ocasionalmente me perseguia, também encontrei outros mais poderosos, que costumavam fechar a entrada quando os encontrava. Eu os chamei de “chefes”, novamente porque é assim que eu chamava esse tipo de oponente quando jogava videogames. Curiosamente, o Hotel Santa Dinfna tem mais chefes diferentes do que inimigos comuns.
Uma coisa boa é que sempre que uma criatura dessas aparecia, havia um baú mágico na região. Quando minha munição acabava, mais aparecia lá. Eu poderia desativar este auxílio, mas por que faria isso? Especialmente porque todos esses monstrões eram absurdas esponjas de bala e, sem esta colher de chá, acredito que simplesmente não teria munição suficiente para vencê-los.
A BRASILIDADE DA ANÁLISE FOBIA
Uma coisa que eu gostei muito da minha estadia foi a brasilidade do local. Eu simplesmente não estou habituado a viver esse tipo de aventura pelo Brasil (tenho a sensação de que elas só acontecem nos EUA). Todo mundo fala português aqui, embora ninguém pareça estar de fato sentindo o que falava. Claro, provavelmente as pessoas que encontrei estavam, como eu, improvisando, não eram atores profissionais. Ou soldados, quero dizer. Mas convenhamos, onde mais eu vou encontrar uma placa de procurado de alguém chamado “piolhodoido”?
Esse tipo de coisa fez com que a minha aventura fosse muito mais familiar para mim. Não apenas por ser extremamente parecida com tudo que aconteceu nas mansões Spencer e Baker, mas também por estar literalmente acontecendo no meu país. Com nomes e elementos culturais tupiniquins, que normalmente não encontramos nesse tipo de história. A história não é muito boa, verdade. Mas já que falamos da semelhança com a mansão Spencer…
ANÁLISE FOBIA E O LABORATÓRIO SECRETO
Depois de algumas horas tentando fugir do hotel, ficou claro que eu não sairia pela porta da frente. Stephanie me falou de uma passagem secreta que levava a um laboratório subterrâneo, e eu resolvi encontrá-la. Não apenas para escapar, já que minhas fraldinhas estavam acabando, mas também para conseguir as informações tão vitais para esta matéria.
Porém, aqui já estávamos na última parte da aventura, e portanto não cabe a mim elaborar com detalhes. Afinal, você talvez tenha vontade de viver essa aventura por si mesmo. E, sinceramente, deveria. A minha viagem para escrever esta análise Fobia St. Dinfna Hotel teve seus problemas, e não foi especialmente diferente de minhas outras aventuras por este gênero que eu gosto de chamar de survival horror. Mas ainda assim, é algo realmente impressionante, e sem dúvida uma das aventuras mais ambiciosas e caprichadas que eu já vivi por este Brasil varonil.