Quem viveu os anos 90 provavelmente se lembra dos jogos do Mickey. Especialmente Castle of Illusion e World of Illusion, dos quais o primeiro é um dos games mais famosos da época. Não à toa, Mickey e ilusão são constantemente unidos nos games, como Epic Mickey Power of Illusion lançado em 2012. Agora, em 2023, os heróis da Disney retomam seu protagonismo nos games sobre ilusão. Bem-vindo à nossa análise Disney Illusion Island.
ANÁLISE DISNEY ILLUSION ISLAND
Disney Illusion Island é um metroidvania 2D feito exclusivamente para o Nintendo Switch pela Dlala Studios. A Dlala foi a mesma desenvolvedora responsável por reviver Battletoads para a Microsoft, lembra?
Disney Illusion Island permite coop para até quatro jogadores, cada um assumindo o papel de Mickey, Minnie, Donald ou Pateta. Se você jogar sozinho pode escolher qualquer um deles, e trocar sempre que carregar o save pela tela título. Como os personagens são basicamente skins, seria legal ter algum tipo de troca mais imediata (talvez apertando o L e R), especialmente porque o carregamento da tela título é bem demoradinho. Depois do load, felizmente o jogo roda bem mais suave.
MICKEY, MINNIE, DONALD E PATETA
Quando digo que eles são apenas skins, quero dizer que o gameplay com todos é exatamente igual, mas cada personagem é personalizado com vozes e habilidades relacionadas. Por exemplo, todos têm a possibilidade de planar, mas se Mickey tem um helicóptero para fazer isso, Donald se vê obrigado a bater duas penas grandes desesperadamente.
O jogo faz um excelente trabalho em personalizar essas habilidades. Mickey é sempre heróico. Minnie, delicada. Donald azarado. E o Pateta, claro, só quer saber de comida. O gameplay é igual para todos, mas isso é uma boa notícia, pois a jogabilidade de Disney Illusion Island é perfeitamente tunada e simplesmente uma delícia.
A DELÍCIA DA DISNEY: ANÁLISE ILLUSION ISLAND
Tudo aqui é simplesmente delicioso. Disney Illusion Island é o tipo de game que você começa a se divertir assim que movimenta o personagem. Todas as habilidades são gostosas de usar. Embora todas sejam comuns em metroidvanias, o controle aqui é excepcional. Eu me via fazendo coisas extremamente elaboradas, que não achava que dariam certo quando comecei a tentar.
Também é muito bom jogar um metroidvania que não seja um soulslike. Acho que faz anos que não jogo um sem essa característica. E Disney Illusion Island tem a dificuldade customizável através do tamanho da sua vida. Você pode escolher de um a três corações, ou simplesmente ativar a invencibilidade se não quiser saber de morrer.
FAST TRAVEL
Uma coisa que eu gostaria que ele pegasse dos soulslikes, no entanto, é a facilidade de poder se teleportar entre checkpoints. O sistema de fast travel aqui é extremamente limitado. Há alguns poucos portais espalhados pelo mapa, mas cada um leva para um local específico, sem possibilidade de escolher para onde ir.
Fazendo a história, isso não é um problema, pois sempre aparece um portal perto do fim de um objetivo que leva para o próximo. Mas se você resolver limpar o mapa, a coisa vai ser mais trabalhosa, até porque o mapa não mostra para onde cada portal leva. Isso muda pertindo do fim do jogo, mas mesmo assim é uma omissão considerável, pois tirando isso…
O MAPA É QUASE PERFEITO
O mapa de Illusion Island tem detalhes que espero que sejam copiados em todos os metroidvanias futuros. Quando você chega em um caminho sem a habilidade necessária para prosseguir, ele marca com um ponto de interrogação. Quando você ganha a habilidade, o ícone muda para um que representa o que você precisa usar lá. Isso é um tremendo respeito ao meu tempo.
Afinal, se você resolve sair do caminho principal, o próprio mapa te mostra os caminhos que pode seguir. Não rola aquela frustração tradicional de metroidvanias em que você volta para um lugar que já passou e constata que ainda não ganhou a habilidade necessária para progredir.
UM METROIDVANIA PACÍFICO
Uma coisa que chama a atenção é que, embora tenha inimigos, você não tem ataques. A única coisa que pode fazer é evitar os inimigos e armadilhas. Como disse em Koa and the Five Pirates of Mara, isso não faz tanta diferença quanto parece. Mas é curioso que você não possa pular nos inimigos ou algo assim, já que alguns de seus movimentos poderiam, sim, ser usados para combate.
A exceção são os chefes, que são “atacados” pelo seu movimento. No chefe acima, por exemplo, cada vez que você se pendura em todos os arco-íris da tela, ele leva um hit e reorganiza o cenário para deixar mais complicado fazer de novo. Assim são os chefes de Disney Illusion Island e em geral são batalhas tão bacanas que eu gostaria que houvesse mais delas.
ANÁLISE DISNEY ILLUSION ISLAND E O AUDIOVISUAL DELÍCIA
Disney Illusion Island tem cara de desenho animado, inclusive com algumas poucas cutscenes que são literalmente desenhos animados (com vozes e tudo). Curiosamente, depois das duas iniciais, estas animações só voltam a acontecer perto do final. A maior parte da história, infelizmente, é contada em texto. A música é simplesmente sensacional, com belíssimos arranjos tranquilos que dão exatamente o sabor de um desenho da Disney.
Os personagens também são absurdamente trabalhados. Eles têm um visual diferente do tradicional (baseado em uma série animada recente), mas são lindamente desenhados e animados. É realmente incrível ver como cada personagem, mesmo os que não são protagonistas, são detalhados e se movimentam realmente como desenhos animados.
O que fica um pouco a dever são os cenários. Estes são um tanto abstratos, sem o apelo que temos em um Rayman Legends, Bloodstained ou mesmo o antigo Castle of Illusion. Não dá a sensação de estar em um lugar real, mas simplesmente que colocaram um papel de parede genérico ao fundo. Acaba que você simplesmente não repara nos cenários por onde está passando. Inclusive, tem paredes que você acha que são apenas detalhes de fundo até que percebe que não pode atravessá-las. Claramente os cenários foram uma concessão para que os personagens fossem tão perfeitos, mas é uma pena que não sejam tão impressionantes quanto o restante do audiovisual.
NÃO TEM MUITA DISNEY
Outra oportunidade perdida é que, tirando os personagens principais, não há mais nada de Disney aqui. Já pensou que legal se quem te desse os upgrades fosse o Professor Pardal? Ou se os vilões fossem os Irmãos Metralha ou o Bafo de Onça? Ao invés disso, todos os personagens além dos protagonistas foram aparentemente criados para o jogo e, embora eles tenham o mesmo capricho visual concedido aos heróis, acaba sendo uma oportunidade perdida ele não fazer melhor uso da licença Disney.
Por exemplo, assim como em Batman Arkham Asylum, um dos colecionáveis te dá lore. Porém, ao invés de mostrar personagens da Disney, com biografia e suas primeiras aparições, como no jogo do Batimão, aqui você encontra biografias de habitantes da Illusion Island, e a maioria deles você sequer encontra no jogo.
A DELÍCIA DA ANÁLISE DISNEY ILLUSION ISLAND
Apesar de não fazer uso aprofundado da licença e claramente ter cortado caminhos no visual dos cenários, nada muda o fato de que o gameplay e a sensação de jogar Disney Illusion Island são uma deliciosa delícia. É de longe o melhor metroidvania 2D que joguei em anos e gosto muito de ver estes personagens voltando aos games depois de tanto tempo, uma vez que foram tão importantes na minha infância. Se você tem algum amor por plataformas 2D e metroidvanias, pode comprar Disney Illusion Island sem medo.