Darker Skies é um daqueles jogos independentes que tenta dar um pulo maior que a perna. Aquela turminha que tem entre seus membros Past Cure e Foreclosed, manja? Porém, devo dizer que eu gostei bem mais deste do que de seus dois companheiros supracitados. Descubra tudo que ele faz e deixa de fazer na nossa análise Darker Skies.
ANÁLISE DARKER SKIES
Darker Skies é um survival horror que acontece depois da história do livro Guerra dos Mundos, de H. G. Wells. A humanidade venceu a guerra contra os marcianos, mas o mundo ficou todo destruído. As pessoas que ainda estão vivas ficaram doentes com uma espécie de raiva (aka zumbis mesmo). Você controla Jack, um caboclo que ainda mantém sua mente. Seu objetivo é construir um laser que vai permitir entrar num bunker.
Na real, não há muita história. O jogo não tem cutscenes e você não encontra outros sobreviventes de mente sã. Há o objetivo, apresentado logo após o tutorial, e é uma viagem solitária. O que há de roteiro é bem leve, basicamente Jack comentando sobre alguns lugares ou situações que ele encontra nas fases.
A estrutura também é bem livre e simples. Após o tutorial, você chega em um hub. O hub tem um computador para upgrades, o laser em construção que você vê acima, e seis saídas. Cada saída leva a uma fase. Dá para fazer em qualquer ordem, e o jogo termina depois de vencer as seis.
UMA AVENTURA COM ZUMBIS
As fases são bem lineares e é possível segurar um botão para mostrar o caminho correto. Isso faz com que a exploração seja um prazer. Afinal, sabendo o caminho que avança a história, é fácil explorar todas as sendas “erradas”. Há um problema técnico que me deixou perdido em alguns momentos, porque o seu localizador fica apontando para um lugar pelo qual você já passou. Quando isso acontece, ele não volta a funcionar até terminar a fase, e é um erro bem comum.
Eu não faço muita questão dessa liberdade de poder jogar as fases em qualquer ordem. Assim, acabei me guiando pelo que outros jogadores fizeram. Vencer cada capítulo rende uma conquista e eu fiz as fases na ordem da conquista mais comum para a mais rara.
Esta foi uma decisão bem feliz, pois senti que joguei na “ordem certa”. As quatro primeiras fases foram parecidas. Só na quinta apareceu um novo tipo de inimigo, que o jogo chama de “marciano”. E daí a sexta era um big fuckin’ chefe final. Chega a ser até estranho você ter poder começar sua aventura com o chefe final, mas isso é uma possibilidade real.
JOGANDO PARA A ANÁLISE DARKER SKIES
O gameplay de Darker Skies é extremamente familiar para quem jogou The Last of Us. Você coleta lixo para poder construir itens (explosivos, bombas de fumaça, etc) e tem um revólver com munição limitada.
A pegada é que aqui o crafting é ainda mais importante do que a munição. No final do jogo, eu tinha mais de uma centena de balas, mas atirar em um inimigo, mesmo se ele estivesse sozinho, era pedir para levar porrada. Isso porque eles são muito rápidos, se aproximam em segundos e atacam ininterruptamente. O jogo não tem um ataque corpo a corpo e nem mesmo um empurrão, então se um zumbi começa a te atacar, você fica desesperado atirando a esmo esperando que ele morra antes de você. Não é legal.
Já com os “atiráveis” é muito mais possível fazer armadilhas e matar uma galerinha de uma vez. Os primeiros itens que você libera são também os mais úteis. Você joga uma garrafa de água para molhar o chão, e depois uma bateria para eletrocutar quem pisar na poça. Esta é a melhor opção caso você consiga criar as armadilhas antes de ser visto.
Tirando o “marciano” e o chefe, todo o resto do jogo envolve dois tipos de inimigos. E isso também é puxadão de The Last of Us.
NOW YOU SEE ME, NOW YOU DON’T
O inimigo mais “humano”, que carrega armas brancas, te enxerga normalmente. O outro, que parece mais um zumbi, só enxerga se você estiver se movimentando. Assim, é possível ficar parado bem na frente dele e, se não se mover, não será atacado.
O jogo não permite trocar de dificuldade sem reiniciar (nem mesmo no New Game +). Eu comecei no normal e daí quando encontrei meu primeiro inimigo, resolvi reiniciar do checkpoint, achando que voltaria do encontro com o zumbi. Foi uma péssima surpresa quando fui colocado de volta no começo do jogo, mais de dez minutos antes. Resolvi então reiniciar a campanha no easy simplesmente porque não teria saco de voltar do início da fase quando morresse. Foi uma boa decisão.
Um jogo como Darker Skies perde muito da sua tensão se você ficar repetindo a mesma coisa várias vezes. Meu medo de morrer e precisar reiniciar uma fase fez com que eu fizesse de tudo para não morrer, inclusive vivendo com erros que eu normalmente restauraria o checkpoint. Afinal, eu não sabia de onde voltaria se restaurasse. E eu cheguei ao final da história sem morrer nenhuma vez, então mesmo terminando o jogo, continuo sem saber quão punitivos são seus checkpoints. Na dúvida, jogue no easy e não morra.
NEXT-GEN
Darker Skies é também um dos raros jogos independentes com versões dedicadas para Xbox Series e PS5. Eu joguei no Xbox Series X. Graficamente, ele não é nada realmente impressionante. Eu diria que parece um jogo de médio orçamento da geração do PS3 (ou seja, mesmo o primeiro The Last of Us tem gráficos mais elaborados).
De next-gen mesmo ele tem os carregamentos, que são quase instantâneos. Cada fase carrega em menos de três segundos. Curiosamente, depois que você está jogando, ele demora cerca de um minuto para carregar todas as texturas.
Particularmente, eu prefiro ficar menos tempo esperando e jogar alguns segundos sem textura do que a alternativa de loads longos. Porém, devo dizer que isso é algo que eu achei que não fosse mais acontecer na geração atual, com seus caríssimos SSDs. E Darker Skies não é o único jogo em que isso acontece. Até remasters cheios da grana, como Final Fantasy VII Remake têm esse problema.
ANÁLISE DARKER SKIES E H. G. WELLS
Guerra dos Mundos está em domínio público, o que significa que qualquer pessoa pode criar obras derivadas sem licenciar a propriedade intelectual. E só isso explica quão pouco do livro foi de fato usado aqui. Quando eu li que Darker Skies era baseado em Guerra dos Mundos, achei maior legal. Porém, o real uso disso é mínimo no jogo. Boa parte da campanha é simplesmente um game de zumbis pós-apocalíptico, com exceção do chefe e do marciano. E ambos apareceram para mim no final da campanha (dependendo das suas escolhas, eles podem popar no começo da sua, e depois nunca mais).
Darker Skies não é um jogo longo. No vídeo acima, você vê alguém fazendo toda a campanha em 50 minutos. Para mim ele durou bem mais – chutaria umas três horas. Depende de quanto tempo você passar explorando e matutando suas armadilhas anti-zumbis.
Mas não acho isso ruim. Cada vez mais tenho admirado jogos que consigo terminar em uma ou duas tardes. E, no caso de Darker Skies, foram três horas realmente prazerosas. Tensas, claro – afinal, é um jogo de terror – mas aprazíveis. Inclusive, tenho até vontade de jogar o new game + para ganhar a última conquista que ficou faltando: a de comprar todos os upgrades.
Certamente farei isso em algum ponto distante do futuro. Mas termino o texto com minha tradicional opinião taxativa e polêmica: se tivesse mais gente copiando o The Last of Us ao invés de Dark Souls, o mundo dos games seria bem mais divertido.