Ao lado de The Medium, o Xbox Series teve apenas um outro jogo exclusivo no lançamento. Este foi Bright Memory. Se você leu minha resenha supralinkada, deve se lembrar que era um jogo impressionante e divertido, mas que durava apenas 30 minutos. Era praticamente um demo vendido. O objeto desta análise Bright Memory Infinite é a continuação/remake/jogo completo que está prometido desde que Bright Memory saiu. Quem quer me acompanhar coloca o dedo aqui! Não, não aí, pô!

ANÁLISE BRIGHT MEMORY INFINITE

Bright Memory Infinite, tal como Bright Memory, é um game de ação linear com alta mobilidade e uma pá de habilidades especiais. Infinite não é apenas mais longo, mas traz mais habilidades, controles melhores e um level design infinitamente superior. Se Bright Memory seguia aquele estilo “corredores que separam arenas de combate“, Infinite traz fases de verdade, com combate salpicado no caminho, não apenas grandes batalhas em algumas poucas salas.

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Isso deixa o jogo bem mais interessante e menos repetitivo. Mas não se engane, este é um game de ação que se orgulha de sua pancadaria. E seu combate, meu caro e guapo amigo, é um deleite.

ENTRE PORRADAS E TIROS

A ação de Bright Memory Infinite é incrivelmente complexa. Tem ataques corpo a corpo, combate aéreo, super poderes e, claro, tirinho. Você já começa extremamente poderoso, se sentindo um tremendão, mas com os upgrades que vai acumulando, vai terminar a campanha quase como um deus (ou uma deusa, já que a protagonista é uma moça). E isso porque a campanha termina bem antes de você upar tudo. E ele segue a linha de Devil May Cry, no sentido de que todos os upgrades são permanentes e você pode selecionar qualquer fase e qualquer dificuldade a qualquer momento e continuar dali com a melhor versão do seu personagem.

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O jogo que Bright Memory Infinite mais me lembrou enquanto jogava foi a excelente campanha de Titanfall 2, devido à enorme mobilidade que você tem para o combate aqui. Além desse, tem um quê visual de Shadow Warrior nas construções tipicamente orientais e palhinhas do combate de Devil May Cry. São comparações de responsa, e Bright Memory Infinite faz jus a elas.

Bright Memory pecava por ter dificuldade única e ser muito difícil, o que exigia repetir muitas vezes cada checkpointInfinite resolve isso, com quatro dificuldades que devem agradar a qualquer tipo de jogador. No easy, o que temos aqui é uma tremenda power fantasy, em que você é praticamente invulnerável e faz miséria com todos os inimigos. É quase como ser o Homelander de The Boys. Porém, na dificuldade mais alta, o jogo se torna realmente desafiador, fazendo com que a conquista para terminar nela esteja destinada a ficar bastante rara.

O QUE IMPORTA NÃO É O TAMANHO, MAS COMO VOCÊ USA

O maior exemplo do seu foco na diversão é o sniper. Jogos de tiro costumam fazer snipers bem poderosos. Mas daí compensam isso com uma taxa de tiros lenta. Gears of War, por exemplo, tem um sniper que explode cocorutos facilmente, mas só dá para atirar uma vez a cada cinco segundos. Aqui, o sniper tem o mesmo poder, mas ele atira na mesma velocidade que você consegue apertar o gatilho. Isso é muito divertido. Bright Memory Infinite é é o maior exemplo que eu já vi de “me dê o máximo de diversão no mínimo de tempo”.

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Cocoruto explodindo em 3, 2, 1…

Sim, Bright Memory Infinite é curto. Não tão curto quanto Bright Memory. Aqui ele é mais próximo de um jogo completo. Apesar de curto, tem tudo que você espera de um jogo de ação. Combate a rodo, fase de stealth, fase de veículo… Ele varia muito em pouco tempo.

Porém, não muda o fato de que sua campanha pode ser concluída com calma em apenas duas horas e meia. E isso me leva a outra comparação: Heavenly Sword. Ambos são games curtos, com duração de filmes. Porém, são experiências AAA com audiovisual e gameplay impressionantes. E sabe o que deixa Bright Memory Infinite mais impressionante? Ele não foi desenvolvido por um estúdio experiente e com dinheiro de first party, como a Ninja Theory em Heavenly Sword.

ANÁLISE BRIGHT MEMORY INFINITE E A FYQD

Bright Memory, e este Bright Memory Infinite são fruto do trabalho de uma única pessoa, Zeng “FYQD” Xiancheng.

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Os créditos são até engraçados por causa disso!

Como uma única pessoa consegue fazer um trabalho que pode ser comparado ao melhor que times como a Respawn e a Capcom conseguem fazer? Sim, Bright Memory Infinite é muito mais curto do que Titanfall 2 ou Devil May Cry 5. Mas não é tão mais curto do que uma campanha de Call of Duty. E o ponto é que, durante essas duas horas e meia, você absolutamente se sente jogando aquele tipo de filezão que apenas games de alto orçamento conseguem fritar.

Some a isso o fato inegável de que os games de alto orçamento simplesmente abandonaram os jogos de ação lineares, e Bright Memory Infinite se torna MUITO especial. Claro, jogos indies, pixelados e afins têm seu valor e espaço. Mas não é para jogá-los que a gente compra um Xbox Series X e um PS5. A gente quer ray tracing, quer falar uau, quer espetáculo técnico. E, apesar de alguns problemas que eu vou elaborar, Bright Memory Infinite entrega isso.

ANÁLISE BRIGHT MEMORY INFINITE E SEUS PROBLEMAS TÉCNICOS

Bright Memory Infinite é muito bem sucedido em criar a sensação de “uma experiência de alto orçamento”. Porém, tem vários problemas técnicos e inconveniências que provavelmente não veríamos em um game realmente feito por um time grande e experiente.

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Brilho! Adoro jogos brilhantes!

O mais chato e incômodo, e o que me fez optar por não dar o Selo Delfiano Supremo, é sua propensão a travar. Em sua campanha de duas horas e meia, o jogo travou cinco vezes. Quatro delas o game simplesmente parou de se mexer na tela de upgrades e eu precisei sair à força pelo menu do Xbox. Na outra, ele fechou sozinho.

Isso é o mais grave, mas tem pequenos inconvenientes que também não deveriam existir. Por exemplo, acredita que mesmo sendo um jogo nativo de Xbox Series X e estando instalado no SSD, você precisa esperar alguns segundos de carregamento sempre que muda de menu? O Mark Cerny me prometeu que na nova geração não haveria loads e eu sempre tive minhas dúvidas sobre a veracidade disso. Mas de fato, carregamento para navegar de um menu para o outro é algo que eu pensei que estaria extinto a essa altura.

O lado bom é que Bright Memory Infinite tem modo de 120fps (que eu não tenho TV para testar), outro com 4K60 e ainda permite ativar ray tracing. Então ele tem todas as palavras-chaves de games de alto orçamento, com a exceção de HDR (não há suporte a HDR).

MEMÓRIA BRILHANTE

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Então é isso. Tem problemas, provavelmente derivados da falta de um time de QA dedicado. Mas Bright Memory Infinite é bem sucedido em dar a experiência de um game de ação de alto orçamento com uma fração do dinheiro. E isso é muito especial. Especialmente porque o lado endinheirado da indústria parece ter abandonado games assim.

Particularmente, eu tiro quase todo meu sustento de jogos de ação de alto orçamento das campanhas anuais do Call of Duty. Mas Bright Memory Infinite é muito mais do que isso. Não é apenas um shooter, mas um game de ação completo e estiloso em primeira pessoa. Imagine que você pudesse jogar Call of Duty controlando o Dante de Devil May Cry, e provavelmente essa é a melhor descrição que eu posso dar do que temos aqui. E, meu querido camaradinha, isso é muito saboroso!

REVER GERAL
Nota:
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Carlos Eduardo Corrales
Editor-chefe. Fundou o DELFOS em 2004 e habita mais frequentemente as seções de cinema, games e música. Trabalha com a palavra escrita e com fotografia. É o autor dos livros infantis "Pimpa e o Homem do Sono" e "O Shorts Que Queria Ser Chapéu", ambos disponíveis nas livrarias. Já teve seus artigos publicados em veículos como o Kotaku Brasil e a Mundo Estranho Games. Formado em jornalismo (PUC-SP) e publicidade (ESPM).
analise-bright-memory-infinite-reviewDisponível: PS5, Xbox Series, Switch, Windows<br> Analisada: Xbox Series X<br> Desenvolvedora: FYQD<br> Editora: Playism<br> Lançamento: 11 de novembro de 2021 (PC), 21 de julho de 2022 (consoles)<br> Gênero: FPS / Ação