É tão bom se surpreender! Eu achei que Apsulov: End of Gods seria legal. Mas definitivamente não esperava tanto. Quer saber quão legal ele é? Então é só usar seus lindos olhinhos para ler nossa análise Apsulov, joguinho que chega hoje ao Xbox e está disponível há alguns dias no Playstation e Switch.

ANÁLISE APSULOV

Mitologia nórdica está na moda nos últimos anos. Tivemos mais de uma dúzia de jogos grandes e pequenos com essa temática de 2018 para cá. E mesmo assim, Apsulov: End of Gods conseguiu se diferenciar. Para começar, ele não é um jogo de ação épico. É o oposto disso, aliás. Um survival horror intimista e assustador. E talvez mais importante, ele não acontece no passado, mas no futuro. Se liga na sinopse.

Num futuro distante, uma grande empresa chamada Borr Corp estava estudando mitos e acabou abrindo portais para outros reinos. Mais especificamente, para os nove mundos da mitologia nórdica. Assim, Midgard (a Terra) foi invadida por espíritos e criaturas que considerávamos mitológicas.

Análise Apsulov, Apsulov, Apsulov: End of Gods, Delfos
Apesar de ser um survival horror, ainda temos momentos épicos.

É a mesma história de Doom? É sim. Só que o temperinho nórdico faz toda a diferença.

DOOM 3 NÓRDICO

Mais especificamente, em Midgard você explora os laboratórios onde rolaram as experiências. É tudo muito escuro e vazio, e boa parte da história é contada por audiologs. A coisa é totalmente Doom 3. Ou, para vocês que são jovens, Dead Space.

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Diz aí se não parece Doom 3!

Ao contrário de Doom, no entanto, aqui o foco é na exploração, não no combate.

METROIDVANIA LINEAR

Apesar de ser dividido em seis capítulos, Apsulov apresenta um mundo contínuo e persistente. Você só sabe mesmo que um capítulo acabou porque popam troféus, mas se jogar uma segunda vez, não tem aviso nenhum.

O jogo tem uma área central, chamada Apsulov Research, com várias portas trancadas. De acordo com onde você estiver na história, estas portas vão abrindo, permitindo o acesso a novas áreas da instalação.

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Esse é o carinha que vai te dar ordens.

Seu primeiro objetivo é juntar nove chaves, que estão espalhadas pelos mundos mitológicos. “Eita”, pensei, “Apsulov vai levar a gente para os nove mundos nórdicos antes do God of War Ragnarok?”. Mas não se anime, ele não é tão ambicioso. Sim, você visita Jotunheim, Helheim e Niflheim. Mas só esses. E na verdade seis das nove chaves já foram encontradas pelos cientistas da empresa antes de você entrar na história. Então na real você vai atrás apenas de três.

ANÁLISE APSULOV E A MÃO MECÂNICA

Eu disse que o foco não era no combate, mas isso não significa que não exista. Você tem uma mão mecânica que descarrega uma energia mágica. Essa é sua arma, mas antes de qualquer coisa, é uma ferramenta para avançar.

Um tiro dessa mão pode ser usado para ativar máquinas e destravar portas. Veja a imagem abaixo.

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minigame funciona assim: a bolinha azul fica girando rapidamente. Você deve atirar quando ela estiver na bolinha verde. A bolinha vermelha mostra onde ela estava quando deu seu último tiro. A bola azul sempre começa girando MUITO rápido, e vai ficando mais lenta a cada tiro que você erra. Então na prática para destravar uma porta você vai precisar de dois ou três tiros, o que nem sempre é viável.

As portas são trancadas por um ranking que vai de 1 a 8. Você começa no nível 1 e, ao escanear mãos de presuntos de maior autoridade, vai subindo o nível e aumentando as áreas que vai poder acessar sem fazer o minigame acima e sem usar preciosa munição. Curiosamente, eu terminei o jogo no nível 6, então teve dois níveis de portas que eu não consegui abrir, e algumas não podiam ser hackeadas.

ANÁLISE APSULOV: ATIRANDO E SE ESCONDENDO

Há inimigos em Apsulov, mas ele não incentiva o combate direto. Acontece que, para atacar, não basta mirar e atirar. Você precisa carregar o tiro segurando o botão. E, na hora de atirar, vai gastar cinco cartuchos.

Análise Apsulov, Apsulov, Apsulov: End of Gods, Delfos
Assim é o combate em Apsulov.

A questão é que sua mãozinha começa com capacidade para apenas um cartucho, e você precisa encontrar outros para poder carregar mais. Durante toda a campanha, eu só achei upgrades suficientes para conseguir dar dois ataques seguidos sem precisar recarregar.

Para recarregar, você pode usar estações espalhadas pelo mundo que recarregam todos seus cartuchos, ou então usar baterias consumíveis. Uma bateria restaura apenas um cartucho. Eu terminei o jogo com mais de sessenta baterias em estoque, então elas não são muito raras. Porém, lembre-se que você precisa usar cinco delas para um único ataque. Então não pense que dá para jogar Apsulov como se fosse Resident Evil.

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É sempre uma ideia melhor se esconder.

Porém, os inimigos não são muito insistentes. Se eles te avistarem, vão correr atrás por um tempo, mas eles desistem relativamente rápido. Quando fiquei mais confiante, passei a simplesmente passar correndo por eles, sem grandes preocupações de ser alcançado.

APSULOV, MORTES E CHECKPOINTS

Na dificuldade padrão (sim, há opções aqui, por Odin!), você precisa ser atacado algumas vezes para morrer. Se conseguir fugir, após um tempo, se cura automaticamente. Mais ou menos como em Outlast.

Ao contrário de Outlast, no entanto, Apsulov tem um timing bem melhor. Você não vai passar absolutamente todo o jogo fugindo. Tem bastante exploração calma por aqui também, o que para mim ajuda a deixar o terror bem mais forte quando ele acontece.

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Taí! Esse é um bicho que vai assombrar meus pesadelos.

Morrer não te mata imediatamente, e eu sei que essa frase ficou estranha. Mas eu explico. Morrer te transporta para o Éter. Lá, você deve encontrar e posicionar duas bolas-chave sem ser alcançado pelo bicho que vai te caçar. Conseguir fazer isso volta ao mundo dos vivos. Falhe e daí sim, é necessário restaurar o save.

Há a possibilidade de a coisa ficar chata, pois os saves são relativamente distantes. Porém, ao longo da minha campanha, eu só morri e precisei restaurar uma vez. Sim, voltei bastante e considerei diminuir a dificuldade, mas não o fiz, e não morri mais.

ANÁLISE APSULOV E O BACKTRACKING

Apsulov tem um ritmo bem legal, e uma campanha que consegue ser surpreendentemente variada, mesmo com sua jogabilidade simples. Ele não é muito longo. Para mim, durou cerca de sete horas, mas é possível encontrar vídeos que chegam ao final em três horas. O principal é que ele nunca chega a ficar chato, embora perto do final, de fato perca um pouco do fôlego.

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Você vai cansar desse elevador.

Acontece que na reta final, você escapa de Helheim e vai para o hub. E daí deve pegar um bagulho e voltar para Helheim pelo mesmo caminho. E depois de cumprir seu objetivo lá, volta para o hub. O jogo até faz um bom trabalho em deixar isso diferente (em uma dessas vias a coisa vira um game de tiro propriamente dito), mas é claro que a inspiração tinha acabado e eles acharam necessário colocar conteúdo repetido para ficar mais longo.

O outro pequeno problema que tive, também tenho em Doom 3Apsulov é escuro demais. Tem áreas em que a tela fica literalmente toda preta. Você tem uma visão mística, que pinta os contornos dos detalhes e torna fácil de enxergar e navegar. É praticamente uma lanterna. Porém, Apsulov é bem mais bonito na visão padrão, e eu preferia não ser obrigado a jogar quase todo ele com essa visão ativada.

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Olha que escuro. E aí ainda dá para ver bastante coisa nessa imagem.

Essas são minhas únicas picuinhas com Apsulov: End of Gods. E são reclamações pequenas diante de tudo que ele faz muito bem. Eu certamente acompanharei o que o Angry Demon Studio fará no futuro. E acho bem provável que venha um Apsulov: Beginning of Gods por aí.