É muito comum você não dar nada por um filme e acabar sendo surpreendido positivamente. Por outro lado, também é costumeiro você esperar algo legal de uma película e acabar quebrando a cara. Esta segunda situação foi o caso com Além da Ilusão.
Assim que li a sinopse oficial, a achei bem interessante. Sente só: Natalie Portman e a filha do Johnny Depp são duas irmãs médiuns (mas na verdade só a Lily-Rose tem o dom) que estão se apresentando pela Europa no fim da década de 1930, começo de 40. Elas chegam a Paris e sua performance impressiona um produtor de cinema que decide usá-las em sua nova película.
Parecia legal e poderia render vários caminhos interessantes. Tipo: elas são mesmo legítimas ou duas farsantes? O produtor conseguiria capturar alguma prova de vida após a morte em película? O mundo da sétima arte poderia ser uma nova carreira viável para elas? E será que a entrada nesse universo não mexeria com a personalidade das maninhas causando conflitos entre as duas?
E claro, pelo período e local onde se passa, sabemos que há uma certa guerra despontando no horizonte. E como elas lidariam com isso? Infelizmente, absolutamente nada disso é abordado no filme, que prefere muito mais o inexplicável caminho de ir do nada a lugar nenhum. Ele é extremamente vazio tematicamente, priorizando muito mais a forma ao conteúdo.
Esteticamente ele é bonito, embora não seja também algo de cair o queixo, mas os cenários, figurinos e fotografia são caprichados. A escolha de usar alguns efeitos mais rudimentares dos primórdios do cinema (tipo sobreposição de imagens, por exemplo) combina bem com a temática.
Mas no fim das contas é só isso que ele apresenta. Por nunca escolher um caminho definido e segui-lo, fica girando em falso, o que torna seu andamento bastante chato. Este é daqueles onde você fica contando os minutos para que ele acabe logo. E claro, nesse tipo de situação, parece se arrastar por uma eternidade, mesmo nem tendo uma duração tão longa assim.
Ele segue a estética dos filmes de arte, porém falta muita qualidade, o que resulta num trabalho visualmente bem feito, porém sem nada a dizer e nada para entreter e/ou fazer pensar. Em suma, é algo vazio com uma embalagem mais caprichada. Por conta disso, fica difícil de recomendar Além da Ilusão para alguém. Melhor escolher outra coisa para assistir.