Alan Wake

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Alan Wake foi um dos jogos que eu mais aguardei ano passado, simplesmente porque parecia tremendão e porque resgatava um pouco dos antigos survival horrors (vai dizer que Resident Evil 5 ainda é survival horror?). Ele também era exclusivo, ou seja, mais uma coisa para jogar na cara dos meus amigos sonystas, que ficaram se achando o ano inteiro por causa de God of War III. Então,quando o negócio saiu, eu fiz questão de comprar. E não me arrependi.

ALAN, WAKE UP!

O nosso herói, Alan Acorda é um escritor famoso, que vem sofrendo um bloqueio criativo, ou seja, não consegue criar nada. Ele é casado (não lembra alguém aqui do DELFOS?) com Alice, que mesmo adulta, tem medo de escuro.

Alice então sugere que eles vão passar as férias num lugar tranqüilo e afastado, uma cidadezinha chamada Bright Falls, com suas belas montanhas, seu povo hospitaleiro e suas florestas tenebrosas… opa, não era para dizer isso ainda.

Quando ele está para pegar a chave do seu chalé, uma estranha velha, vestida em trajes fúnebres, lhe dá a chave, dizendo que irá lá dar um “oi” para sua mulher mais tarde. O chalé é no meio de um lago, o Cauldron Lake, no qual ocorreu uma erupção vulcânica 30 anos atrás.

Alice então diz que tem uma surpresa para Alan, que vai até ela e vê que a surpresa é uma máquina de escrever. Ele fica fuckin’ mad, e vai pra fora, tentando se esfriar. Então as luzes do chalé se apagam, e Alice grita. Alan, desesperado, vai até lá e encontra o chalé vazio. Ele vê Alice no fundo do lago. Ele pula lá dentro, e acorda dentro do seu carro (?), no meio da floresta tenebrosa.

Ele explora a floresta, e acha lenhadores do mal, tomados por uma estranha escuridão, que tentam matá-lo. Mais para frente, ele acha um manuscrito de uma obra escrita por… Alan Wake. Ele não se lembra de ter escrito aquilo, e o pior é que quase tudo que está no manuscrito acontece… e não é exatamente um piquenique no meio das rosas, amigo. Aí, o circo está armado. Alan vai fazer tudo o que puder para resgatar o seu amor da Escuridão Maligna!

GAMEPLAY

Como eu citei aí em cima, os lenhadores do mal (chamo-os assim porque eles sempre portam machados ou coisas parecidas) estão tomados por uma escuridão que os controla, sempre tentando matar o Sr. Acorda. Então, como você os derrota? Com luz, é claro.

Com sua lanterna, você tira o “escudo” de escuridão deles, e com sua arma, os manda darem um abraço na Amy Winehouse (R.I.P.). Alan também dispõe de algumas bugigangas, como os flashbangs, que despacham vários lenhadores de uma vez, e os sinalizadores, que te dão um tempo para se recuperar se estiver cercado. Mas, no mais, você atravessará o jogo jogando luz nos caras e depois, transformando-os em peneira. E é justamente isso que pode tornar Alan Wake chato.

Você faz isso o jogo inteiro, quase não há variação. Lá pelo episódio 3 (o jogo é divido em episódios, como uma série de TV, com direito até a musiquinha de encerramento), eu já estava farto de despachar Lenhadores, sempre da mesma maneira.

Isso não arruina o jogo completamente, mas pode torná-lo maçante. Também não há uma mira para a arma, você atira para onde a lanterna aponta, mas isso não é tão relevante. Alan também irá dirigir carros, e atropelar alguns Lenhadores, ao estilo Carmageddon, mas sem o sangue é claro (aliás, depois que os inimigos são mortos, eles evaporam). Os inimigos são bastante desafiadores, até porque não são apenas pessoas. A escuridão também se infiltra em objetos, resultando em portas amaldiçoadas e também Bulldozers possuídos. Cara, ser atacado por um Bulldozer sem operador é aterrorizante. Há chefes no jogo, mas todos são variações mais rápidas, fortes e resistentes que os inimigos comuns, e a manha para derrotá-los é sempre a mesma.

ATMOSFERA

A coisa que mais marca em Alan Wake, porém, é a atmosfera. As florestas são o exemplo perfeito, pois te deixam apreensivo sobre o que você vai encontrar depois.

Aqui,você não é um engenheiro espacial com armas poderosas de plasma, você é apenas um escritor com uma lanterna e uma pistola. A sensação de fragilidade é simplesmente incrível. Os inimigos são mais fortes e rápidos do que você e, às vezes, sua única opção é fugir para fontes de luz.

Eu realmente nunca tinha me sentido tão frágil jogando um jogo. Parecia que qualquer coisa podia matar o Acorda rapidamente. Nas partes que acontecem de dia (manhã, tarde), Alan faz coisas normais, e procura entender os acontecimentos da noite anterior.

Nesses pedaços, não é preciso se preocupar com gente tentando rachar sua cabeça. Agora, à noite, o bicho pega. E você se vê cercado de empregados da indústria madeireira malvados.

Essa mudança repentina e interessante é essencial para o clima do jogo. Palmas para a Remedy, pois se jogássemos com o Alan apenas de noite, o jogo não seria a mesma coisa. Há também o já citado manuscrito. Ele conta a história como se fosse um livro mesmo, no melhor estilo de Stephen King, narrando fatos que já aconteceram, estão acontecendo off-screen ou vão acontecer. Os que ainda vão acontecer são os piores, pois eles normalmente acontecem com VOCÊ. E não é nada legal quando o texto menciona um sujeito com motosserra…

GRÁFICOS

Os gráficos de Alan Wake são bem bons. Capturam com fidelidade as florestas do Noroeste dos EUA, mesmo que algumas vezes as animações pareçam mecânicas, mas não há muito do que reclamar aqui.

SOM

A música de fundo de Alan Wake cumpre com o prometido, mas não é nada especial. As dublagens também estão ótimas, cada ator representa convincentemente seu personagem. Mas a trilha sonora licenciada é um capítulo à parte. Já falei das musiquinhas no final do episódio, não é? É exatamente isso. As músicas capturam a essência do episódio, tanto nas suas melodias quanto nas letras. E para a música de final de jogo temos Space Oddity do David Bowie! Um Alfredo da nota foi só por causa disso!

O VEREDICTO

Alan Wake é um dos melhores exclusivos de que o Xbox 360 dispõe. É também um dos melhores jogos de 2010 (entrou no meu Top 5,se eu me lembro bem), e um que todo dono do Xiscaixa deveria ter. O final (com David Bowie!) deixa gancho para continuação. Para cobrir o espaço entre os dois, dois DLC’s já foram liberados (Liga Delfiana Anti-DLC, se apresente!). Bom era o tempo em que os jogos não eram vendidos pela metade. De qualquer forma, Alan Wake é um jogaço, e recomendo. A não ser que você tenha medo de escuro.

REVER GERAL
Nota
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Carlos Eduardo Corrales
Editor-chefe. Fundou o DELFOS em 2004 e habita mais frequentemente as seções de cinema, games e música. Trabalha com a palavra escrita e com fotografia. É o autor dos livros infantis "Pimpa e o Homem do Sono" e "O Shorts Que Queria Ser Chapéu", ambos disponíveis nas livrarias. Já teve seus artigos publicados em veículos como o Kotaku Brasil e a Mundo Estranho Games. Formado em jornalismo (PUC-SP) e publicidade (ESPM).
alan-wakeAno: 2010<br> Gênero: Terror, Tiro em 3ª pessoa<br> Plataforma: Xbox 360<br> Fabricante: Remedy Entertainment<br> Versao: Xbox 360<br> Distribuidor: Microsoft Game Studios<br>