Ultimamente as coisas andam muito sutis. Falta ação. Falta explosão. Não em Agents of Mayhem. Aqui, um dos primeiros especiais que você vai usar causa explosões frequentes no cenário. Um upgrade que você pode fazer neste ult faz com que ditas explosões sejam ainda mais frequentes. Pois é, delfonauta. Agents of Mayhem é dos meus.
Temos aqui um jogo divertido, colorido, com muito humor cartoon. Fazia muito tempo que um jogo de mundo aberto não me empolgava, e Agents of Mayhem conseguiu esta proeza.
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Ele consegue isso de certa forma indo contra a corrente. Vivemos uma época em que mais é melhor. Os mundos abertos são cada vez maiores e mais cheios de sidequests e pentelhações. Este é um jogo que entende que menos é mais. A não ser que estejamos falando de explosões. Em coisas que fazem bum, mais é sempre mais.
MENOS É MAIS, EXCETO EM EXPLOSÕES
Tem algumas coisas a serem liberadas por aqui. Há sidequests que vão aumentar o quanto de dinheiro você ganha por minuto. Outras liberam warp points. Porém, elas estão todas presentes nos dígitos simples. Há, por exemplo, apenas cinco warp points. Em pouco tempo você vai fazer todas as sidequests.
Isso não significa que vai ficar sem ter o que fazer. Há atividades que são ilimitadas e vêm em uma meia dúzia de sabores, como corridas, matar inimigos ou destruir máquinas do mal. Você pode passar sua vida inteira fazendo estas atividades, mas depois que eu experimentei todas, resolvi focar na história. E aí está o prato principal de Agents of Mayhem.
MAYHEM VS. LEGION
A maioria dos jogos de mundo aberto foca seus esforços em atividades secundárias e acaba com uma história relativamente curta. Não é o caso aqui. A campanha de Agents of Mayhem tem 57 missões. E a história é contada com um visual de desenho animado que é simplesmente muito legal e contribui para o humor escrachado do roteiro. A sensação é de estar assistindo a um desenho dos anos 80 (Comandos em Ação é uma influência clara) mas repleto de palavrões.
A história é muito legal. Você é um agente da organização do bem Mayhem e tem o objetivo de destruir a malvada Legion. As missões são divididas em grupos, cada um focado em um vilão específico – culminando, claro, em uma batalha contra o maledeto. Cada grupo é basicamente um episódio estrelado pelo vilão, e ao longo deles você vai conhecer cada um muito bem. E eles são tão carismáticos e divertidos quanto os heróis.
Há uma dúzia de personagens jogáveis por aqui. Todos eles são bem carismáticos e têm uma arma única, bem como uma habilidade especial e um ult. É praticamente um Overwatch em single player.
Embora haja duas missões únicas para cada herói, na imensa maioria das fases você pode jogar com quem quiser, montando times de três. Esta, que já foi uma bronca minha registrada aqui, continua sendo minha principal picuinha. O problema é que cada novo herói destravado começa no nível um. E misturar um praticamente virgem com um veterano do nível 20 faz com que o novato fique praticamente inútil.
Seria legal se Agents of Mayhem tivesse uma abordagem mais Arkham City do que RPG, ou seja, subir de nível desse upgrades, mas que não aumentasse o dano dos personagens e a energia dos inimigos. Ou então fazer como um RPG tradicional e fizesse com que os novos heróis já viessem em um nível apropriado a onde você está na campanha.
Como resultado disso, eu passei quase todo meu jogo sem trocar a dupla original Hardtack e Fortune. Ele é fortão e faz danos consideráveis em inimigos com armadura. Ela é boa para hackear e para atacar desafetos com escudos. A terceira vaga do time é onde eu colocava um herói aleatório e variava entre cada missão, mas nenhum outro chegava perto da utilidade dos dois mais antigos – e de nível mais alto.
TRAVERSAL
Uma das principais características em um jogo de mundo aberto é a forma que você se movimenta pelo mundo. Seus heróis aqui são bem móveis, mas poderiam ser um bocadinho mais. Todos têm pulos triplos. O botão B pode fazer um dash ou entrar em modo stealth, dependendo do personagem. Alguns podem dar dash no ar, e os outros fazem um wall jump que, na prática, é um quarto pulo.
Seria legal se houvesse uma forma mais prática e rápida de escalar prédios altos. Nem mesmo os três pulos mais o wall jump são capazes de te colocar no teto dos locais mais altos, e boa parte das atividades acontece justamente ali. Isso obriga você a ficar procurando por elevadores nos arredores do prédio, o que não é divertido, especialmente quando você passa vários minutos em busca de um e não o encontra.
Caso você não seja um cara aéreo, pode optar por dirigir. Para chamar um carro, basta apertar para cima no direcional digital e ele vem literalmente até você. Deixe o carrinho te atropelar e você entrará nele de forma estilosa e única para cada herói.
Não espere que Agents of Mayhem lhe dê a mobilidade de um Infamous, por exemplo. A coisa aqui está entre isso e um Watch Dogs.
No entanto, o que mais me cansou na parte de locomoção foi quando estava fazendo um minigame específico, influenciado por Assassin’s Creed. Trata-se da possibilidade de enviar um agente para cumprir uma missão que o deixará inutilizável por alguns minutos. O problema é que você precisa de uma moeda chamada intel para ativar as missões, e a única forma de ganhar isso são em duas atividades: uma corrida a pé e liberando reféns. Liberar reféns é super rápido e fácil, mas eles têm mania de aparecer no topo de prédios, e daí é onde a falta de uma escalação propriamente dita incomodou mais.
UM MONTE DE PEQUENAS COISAS BACANAS
Há vários pequenos toques por aqui que ajudam o jogo a ser divertido e intenso. Por exemplo, os loads são todos disfarçados e rápidos o suficiente para nunca incomodarem, o que é excelente e raríssimo em um jogo de mundo aberto.
Cada herói tem também uma pá de skins, e boa parte delas são baseadas em personagens dos quadrinhos. Você pode, por exemplo, vestir o Hollywood com as cores do Homem de Ferro, completo com um cavanhaque cafajeste. Agents of Mayhem é repleto de piadinhas e referências como esta.
Uma coisa que merece ser dita e que afeta negativamente a campanha é o excesso de lairs. Isso são basicamente os dungeons do jogo. O problema é que todos acontecem exatamente no mesmo cenário e são extremamente repetitivos. Os primeiros são legais, mas chega a um ponto em que cada vez que você percebe que uma missão da história vai te mandar para um novo lair, dá uma desanimada forte. Felizmente, há várias missões também do lado de fora, e estas são muito legais.
SAINTS ROW É O CARALHO, MEU NOME AGORA É AGENTS OF MAYHEM!
Agents of Mayhem é um jogo com tanta personalidade que é difícil acreditar que ele surgiu como um spin-off de Saints Row. Digo mais, ele ultrapassa a matriz em todos os sentidos e se torna um começo promissor para o que pode vir a ser uma das séries mais divertidas e engraçadas dos jogos de mundo aberto.