O que o Adrenaline Mob tem de novo também tem de prolífico. A banda surgiu em 2011 e de lá para cá já teve cinco registros de estúdio lançados, o que dá uma média de um por ano. Para você ter uma ideia, tente ler sem parar para respirar: o Mob lançou o seu EP de apresentação em 2011, o primeiro disco em 2012, o EP Covertá em 2013, o segundo álbum no ano passado e agora, em 2015, lança o seu terceiro EP em cinco anos. Ufa, se só de digitar isso já cansou, imagina gravar isso tudo?
Mas não adianta nada fazer uma gravação atrás da outra se os trabalhos forem ruins. O primeiro disco foiuma grata surpresa,ao passo que o segundo foi, para dizer o mínimo, estranho.E podemos usar a mesma ordem para os EPs, pois, assim como o EP Covertá também foi uma grata surpresa, esse novo EP chamado Dearly Departed também tem os altos e baixos característicos do segundo álbum.
SNORTIN’ WHISKEY AND DRINKIN’ COCAINE
Dearly Departed começa exatamente como Covertá, com uma ótima música desconhecida. Se no EP anterior a música da vez era a animada High Wire, do Badlands, a de agora se chama Snortin’ Whiskey, e é da Pat Travers Band. Essa foi uma boa sacada nos dois EPs, porque mostra as influências fora daquele lugar comum de “Sabbath-Purple-Zeppelin”, além de mostrar à nova geração músicas que ela não conheceria de outra forma.
Em seguida vem a versão das rádios de Dearly Departed, que dá nome ao lançamento. Eu não gostei porque de fato eu não gosto de versões Radio Edit. Oras, se for para lançar uma música quase igual à do disco, lance logo a versão original e deixe essa besteira de Radio Edit para lá. Versões para rádio só fazem sentido (adivinhem?) no rádio, não em um lançamento separado, e isso já é algo que eu abomino desde os singles do Iron Maiden.Mas, se for para recomendar para alguém, eu recomendaria para os que não conhecem a banda, porque, mesmo sendo Radio Edit, a música é boa.
A que dá sequência é um clássico do GuitarHero III country, Devil Went Down to Georgia. Se você é fã da franquia da Activision, já sabe que a música é boa, mas foi consenso entre meus amigos guitarristas de Playstation que essa versão ficou ainda melhor do que a do jogo. O que é uma pena, pois a animada que essa música dá cai vertiginosamente com a chegada da música seguinte.
THE DEVIL IS IN THE HOUSE OF THE RISING SUN
A versão acústica de Crystal Clear é provavelmente a maior vergonha deste álbum e de toda a curta história da banda. Ela faz parte do álbum anterior, Men of Honor, e era uma faixa de voz e violão em que, depois de um tempo, entrava a bateria. Aqui, eles tiveram a cara de pau de lançar a mesma gravação, apenas “retirando” a bateria. E coloco “retirando” entre aspas porque, apesar de ela não entrar na hora em que entrava no disco, as batidas do baterista AJ Pero acabam popando um pouco mais pra frente. Lamentável.
Depois temos uma volta aos clássicos, com o Black Sabbath Medley que traz uma homenagem digna do Sabão Preto. Você não vai achar aqui os clássicos mais famosos, como Iron Man ou Paranoid, mas sim os clássicos mais legais, como Into the Void e Sabbath Bloody Sabbath. Depois vem Gets You Through The Night, música própria do Mob que tem todo o jeitão do full-lenght que o precedeu e seria uma das melhores do disco se tivesse saído no anterior.
Quase no fim, temos versões acústicas de All On the Line e Angel Sky, baladas do primeiro álbum que realmente mereciam ter uma versão acústica bem feita – e são bem diferentes da vergonha que eu citei alguns parágrafos acima. E, por fim, há o cover de Tie Your Mother Down, do Queen, que ficou quase tão legal quanto a original e vai apetecer bastante quem gosta de versões mais pesadas de clássicos do Rock.
THE MOB IS BACK IN TOWN
Dearly Departed não é o melhor EP da banda e poderia ter ficado melhor do que ficou. Apesar de ter alguns momentos caça-níqueis desnecessários, boa parte do disco vale a pena e é um EP que eu sugiro especialmente para os que não conhecem a banda. Agora, se você já conhece e gosta, ouça sabendo que uma parte dele ficará esquecida.