A Assassina

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Não é segredo que aqui no DELFOS nós gostamos de filmes chineses de kung fu com a galera voando sobre telhados e bambuzais. Daí chega uma obra das mesmas bandas chamado A Assassina, e é óbvio que imediatamente pensei que seria mais um exemplar deste tremendão subgênero.

Só que não. Muito para minha decepção, apesar do nome e da sinopse condizerem com um longa de artes marciais, ele na verdade é um drama daqueles que percorrem festivais de cinema angariando elogios pela sua chatice pura disfarçada de poesia.

No século IX, Nie Yin Niang é treinada desde a mais tenra idade para ser uma das mais letais assassinas que já viveram. Daí ela recebe a missão de matar um importante líder militar e político dissidente. Só que ela tem uma história pregressa com o cara, o que vai tornar sua missão mais complicada.

Fala aí, com essa premissa tinha tudo para ser algo misturando ação, drama e até romance, na linha de um O Tigre e o Dragão. Mas isso não rola nunca. O longa até tem algumas poucas sequências de luta, mas elas são todas curtas, mal coreografadas, e toda vez que parece que finalmente a coisa vai esquentar, acaba abruptamente, com um corte seco de volta para a narrativa dramática. Isso é deveras irritante.

O longa prefere mesmo o lado dramático, onde também falha miseravelmente. A história é confusa e nada interessante. Para piorar, a esmagadora maioria dos diálogos não avança a história, sendo daquele tipo cheio de metáforas e imagens poéticas que na verdade não querem dizer absolutamente nada. Pura enrolação.

Como qualquer filme do tipo passado nessa época, salva-se o visual caprichadíssimo. Fotografia bem colorida, aproveitando o máximo das paisagens naturais e figurinos extremamente elaborados, bem como a cenografia, ao menos garantem um trabalho muito bonito de se olhar, ainda que tedioso de se assistir.

Foi muito difícil aguentar seus 105 minutos de duração. Em sua maior parte, ele é arrastado e modorrento. Aí, quando surge uma sequência de combate, que poderia ser um alento, ela acaba tão rápido e de forma tão brusca que acaba gerando uma grande frustração.

Diferente do que poderia aparentar, A Assassina não é um filme de ação, seguindo mais o caminho do cinema artístico destinado a percorrer festivais. Um dos longas mais chatos que vi recentemente, não recomendo para ninguém, nem mesmo para os apreciadores do cinema oriental.

REVER GERAL
Nota
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Carlos Cyrino
Formado em cinema (FAAP) e jornalismo (PUC-SP), também é escritor com um romance publicado (Espaços Desabitados, 2010) e muitos outros na gaveta esperando pela luz do dia. Além disso, trabalha com audiovisual. Adora filmes, HQs, livros e rock da vertente mais alternativa. Fez parte do DELFOS de 2005 a 2019.
a-assassinaPaís: Taiwan / China / Hong Kong / França<br> Ano: 2015<br> Gênero: Drama<br> Duração: 105 minutos<br> Roteiro: Cheng Ah, T'ien-wen Chu, Hsiao-Hsien Hou e Hai-Meng Hsieh<br> Elenco: Chen Chang, Qi Shu e Yun Zhou.<br> Diretor: Hsiao-Hsien Hou<br> Distribuidor: Imovision<br>