A segunda e última expansão de Control saiu no dia 27 de agosto recheada de polêmicas. E como essa é uma análise Control AWE, a gente não poderia começar de outra forma do que abordando o motivo dessa polêmica.
A POLÊMICA
Tudo teve origem em dois fatos bem tradicionais nos games. Control vai lançar no dia 10 de setembro uma edição que compila o jogo principal e suas duas expansões. Esse pacote vai custar 40 dólares, um belo desconto em comparação com o preço de quem comprou até essa semana, que desembolso 85 pelo pacote. Até aí, nada de anormal. O preço dos jogos abaixa muito com o tempo, e em geral quem consegue esperar compra versões mais completas por menos bufunfa.
Outra notícia absolutamente normal é que Control vai sair em uma versão melhorada para o Xbox Series X e o PS5. Também normal. É só lembrar da quantidade de remasters que tivemos nessa geração.
A polêmica? Quem comprar a versão Ultimate vai ganhar o upgrade para a próxima geração. Assim, efetivamente a 505 Games e a Remedy violaram o fiofó de seus fãs mais dedicados. Ou seja, quem pagou 85 dólares não vai ter direito ao upgrade, mas quem pagar 40 vai. E o pior? Se você comprou o original quando ele saiu, e quiser comprar a versão nova para ter o upgrade, ela nem vem com um frasco de lubrificante. Sacanagem!
De todas as formas de lidar com essa situação, a 505/Remedy escolheu a pior possível. Se NINGUÉM tivesse direito a esse upgrade, por exemplo, ia ter gente reclamando (felizmente upgrades grátis para as versões novas estão se tornando a norma), mas não pegaria TÃO mal quanto literalmente punir quem comprou o jogo e o Season Pass antes mesmo do Season Pass terminar de sair.
A CULPA É DE QUEM?
E eu não tiro a culpa da Remedy mesmo sendo muito fã deles. Tem muita gente defendendo a desenvolvedora dizendo que isso foi uma sacanagem gananciosa da editora, mas para mim ela é tão inocente quanto um soldado nazista. Ou seja, não interessa quem deu a ordem. Se você está mancomunado, está mancomunado e acabou.
Agora sabe o que realmente dói? É que Control AINDA roda MUITO mal no Xbox One X (teoricamente a melhor versão de console disponível). Esse é um jogo que vai se beneficiar muito na próxima geração. Caramba, considerando como ele roda nos consoles atuais, permitir o acesso a uma versão que rode de forma aceitável é a obrigação das empresas com seus clientes. Eu preferia até que a Remedy lançasse um patch que diminuísse a resolução da versão atual para 480p, desde que ele parasse de rodar como um slideshow, pois é um absurdo que o jogo esteja ainda nessa situação um ano depois do lançamento. E no Xbox One X, lembre-se. Não quero nem imaginar como ele deve rodar no Xbox One base.
E agora que já falamos das coisas da vida real que envolveram o lançamento deste DLC, é hora do prato principal: nossa análise Control AWE.
ANÁLISE CONTROL AWE
A sigla AWE significa, na mitologia de Control, Altered World Event. Em bom português, são eventos paranormais que afetaram consideravelmente um grupo de pessoas ou uma região. No jogo principal, já tínhamos várias referências a Alan Wake (o jogo que a Remedy fez entre Max Payne e Quantum Break). Pois aqui os jogos se tornam realmente conectados, demonstrando o que todo mundo meio que já sabia: que há um universo compartilhado da Remedy.
Os eventos mostrados em Alan Wake foram estudados pelo Federal Bureau of Control e catalogados como um AWE. Jesse Faden, a protagonista de Control, ganha acesso a uma nova área na Oldest House, chamada de…
Essa área esconde os resquícios confiscados dos eventos do jogo Alan Wake. Incluindo aí relações diretas com personagens que conhecemos lá em 2010. Claro, é tudo muito mais interessante para quem está com a história de Alan Wake fresca na cabeça. Mas mesmo que você não lembre ou não tenha jogado, aqui vai uma sinopse mais tradicional de Control.
UMA SINOPSE MAIS TRADICIONAL DE CONTROL
Tem um monstro habitando o setor de investigações. Ele se alimenta da escuridão, e o setor está totalmente no escuro. Assim, a galerinha trancou ele lá e jogou fora a chave. Jesse, claro, não aceita isso. Ela vai lá acender todas as luzes e dar um jeito no monstrengo de uma vez por todas.
Assim, AWE é, por design, muito escuro. Sua principal mecânica, puxada de Alan Wake, é usar luz para abrir caminhos ou se proteger do monstrão. Só que Jesse não é preparada como o senhor Alão Acorda, e não trouxe uma lanterninha para a festa. Isso faz sentido na história, especialmente considerando sua origem, mas na prática você vai ficar boa parte do tempo sem enxergar quase nada.
Some isso à tendência do jogo em deixar tudo permanentemente vermelho e manchado quando você está com pouca vida, e é assim que você vai enxergar a maior parte do DLC.
Isso tudo, mais a performance terrível que Control sempre teve, faz com que este DLC seja MUITO mais difícil do que o restante do jogo. Quando foi divulgado que a Remedy colocaria via patch uma opção para desabilitar a morte, eu pensei “legal, mas eu não usaria isso”. Quer saber? Eu usei. Simplesmente fiquei de saco cheio de morrer tanto por causa de problemas técnicos, voltar tanto, e ter que esperar loads tão longos. E vou dizer: não me arrependi. Aproveitei bem mais o DLC depois de ter ligado a invencibilidade, e gostaria até de ter feito isso antes. Mais jogos deveriam ter god modes opcionais.
ALAN WAKE EXPANSION
Dada a importância da história deste DLC, eu – e provavelmente você também – achávamos que ele seria a joia na coroa de Control. Porém, não é bem assim. Para ser sincero, o DLC anterior, The Foundation, é mais legal, mais caprichado e mais variado.
Por exemplo, em The Foundation temos dois novos poderes que, por motivos óbvios, não são usados no resto do jogo. Mas eles poderiam ser aproveitados aqui, e não são. De novo mesmo, temos uma nova arma, chamada de Surge (nada a ver com o jogo homônimo).
A surge se tornou muito menos importante para mim do que os poderes de The Foundation. Basicamente, eu a usei até ganhar a conquista de “matar X inimigos com a arma nova” e voltei para as preferidas.
Os cenários também são mais fechados. AWE é mais focado em tiroteios e chefes do que em plataforma, e isso é mais um motivo que me fez gostar mais do anterior.
ARCADE
Uma coisa legal, e que me chamou a atenção de estar travado dentro do DLC e não no jogo principal, é um arcade. Este permite lutar novamente contra os chefes, ou então refazer o dungeon Ashtray Maze, a parte que se tornou a mais querida e famosa da campanha básica.
Também temos alguns puzzles que até são interessantes, envolvendo encaixar as caixas de eletricidade nos geradores. Tem um desses que é bem legal, envolvendo várias portas com brindes opcionais para quem quiser se esforçar mais do que o básico.
Escrever esse review hoje, no entanto, é uma experiência nova para mim. Isso porque, devido às opções de marketing da 505 Games e da Remedy, simplesmente não vale mais a pena comprar Control caso você já não tenha adquirido. E não, nem mesmo a versão Ultimate.
POR QUÊ, CORRALES?
Porque, meu amigo delfonauta com cara de intertítulo, o jogo ainda roda MUITO mal e já temos uma versão confirmada para a próxima geração. Sim, você pode comprar Control agora depois do dia 10 de setembro, jogar uma vez e esperar para jogar de novo no seu próximo console. Mas o jogo roda tão mal no PS4/Xbox One que, se você já esperou até agora, é mais negócio esperar para jogar uma versão que funcione direito. Como eu falei na minha análise original, a performance é tão ruim que deixa difícil perceber que tem um bom jogo por trás.
Então por que gastar 40 dólares agora se daqui a dois meses uma versão melhor estará à venda? E é possível que até lá o jogo fique ainda mais barato. Uma coisa é recomendar Control como um jogo em um vácuo. Isso eu recomendo. Outra bem diferente é recomendar um season pass que custa 25 dólares se esse é quase o preço cheio da versão para próxima geração que trará o jogo original MAIS o season pass. Não, meu camaradinha, é melhor esperar. A não ser, claro, que você pretenda demorar muito para ter um console da nova geração. Daí, sim, pegue a versão Ultimate e garanta o mimo.
MAIS SOBRE CONTROL, A REMEDY E SEUS PERSONAGENS:
Análise Control: um jogo excelente cheio de problemas técnicos
Análise Control: The Foundation – um DLC bacana, mas não essencial