A série Shantae chega hoje ao seu quinto jogo, e o segundo que eu jogo e cubro aqui no DELFOS (o primeiro foi o anterior, Shantae: Half Genie Hero). Nesta análise Shantae and the Seven Sirens, você vai descobrir tudo que a gênia mais famosa dos games andou aprontando em sua mais recente aventura.
ANÁLISE SHANTAE AND THE SEVEN SIRENS
Shantae: Half Genie Hero tinha um problema gravíssimo. Ele era um metroidvania, mas em fases. Sua campanha obrigava que, a cada nova fase, você tivesse que repetir todas as anteriores. Isso sinceramente estragou o jogo. Shantae and the Seven Sirens foi mais inteligente. Este é um metroidvania mais tradicional, com um mapa aberto e interconectado.
Então, sim, há bastante backtracking, mas ele cansa menos do que o anterior. Afinal, você pode passar pelos mesmos corredores várias vezes, mas quando estiver só passando, é bem mais rápido. E, claro, há fast travel, que deixa a repetição em um nível mais aceitável.
Talvez o principal problema de Shantae and the Seven Sirens é quão tradicional ele é. Trata-se de um metroidvania típico, que nada faz para se destacar de todos os outros que foram lançados nos últimos anos. Até mesmo o design do mapa, em quadradinhos, reflete os clássicos dos anos 90.
VISUAL
Eu realmente admiro os artistas da WayForward. A empresa só faz jogos em 2D, mas sejam pixelados ou desenhados, sua estética é impecável. Todos os personagens de Shantae and the Seven Sirens são lindamente detalhados e detalhadamente animados.
Os cenários não são tão bonitos quanto os personagens. Há muitos blocos e coisas típicas dos jogos dos anos 90, então não espere algo na linha de Ori, por exemplo.
Já a música é excelente. São canções alegres e pegajosas, daquelas que ajudam a deixar o jogo ainda mais divertido. A história também é bacaninha, com um humor que quebra a quarta parede com frequência e que me fez rir várias vezes.
O legal é que há até umas cutscenes literalmente em desenho animado. São poucas, mas são lindonas. O grosso da história é contado em imagens estáticas e textos, e um detalhe curioso é que algumas falas específicas da história são faladas.
COMBATE, AÇÃO E PODERES
Se você já jogou Shantae antes, a jogabilidade é familiar. A heroína ataca com cabeladas, e tem o poder de se transformar em criaturas com habilidades específicas. Isso lembra um pouco o recente Monster Boy, mas aqui as transformações não são permanentes, mas ligadas a suas habilidades. Por exemplo, a primeira que você aprende é um dash que te transforma em um lagartinho. Porém, assim que o dash termina, a Shantae volta a seu visual “Jeannie é um Gênio“.
Claro, há as danças, mas dessa vez elas não servem para transformar Shantae, mas para causar efeitos nos cenários e nos personagens. Por exemplo, há a dança da cura, que recupera sua vida e objetos “doentes”. Outra é um raio, que serve para dar choque e ativar máquinas. E ainda há a possibilidade de ativar cartas adquiridas ao vencer inimigos, que trazem benefícios passivos, tipo recuperar sua mágica.
Então, como um bom metroidvania, há upgrades a rodo. A Shantae que termina a aventura é consideravelmente mais capaz do que a que a inicia. Em especial, a combinação “dança de cura” com “mágica que se recupera sozinha” possibilitou que, a partir daí, eu fosse até o final do jogo sem morrer mais nenhuma vez, sempre com a vida cheia. E isso é bom, uma vez que os saves podem causar retrocessos consideráveis (felizmente, ao morrer você não perde dinheiro nem nada além de tempo, ao contrário do que é comum nos games hoje em dia).
DUNGEONS E CHEFES
Como um Zelda, Shantae and the Seven Sirens se divide entre o mundo “aberto” e seus dungeons, fases lineares e mais autocontidas, onde você adquire os upgrades mais relevantes.
Os dungeons são de longe os melhores momentos da campanha, com level designs impressionantes, culminando em excelentes e emocionantes batalhas contra chefes.
O que vem entre os dungeons é a parte fraca, que em geral envolve repetir áreas pelas quais você já passou em busca de itens que vão dar a dança que vai abrir a nova região. Shantae and the Seven Sirens coloca seus objetivos no mapa apenas em algumas situações MUITO específicas, então é bem comum ficar perdido, sem saber para onde ir.
Em determinado momento, por exemplo, um personagem oferece fazer uma armadura para mim se eu trouxer três breguetes. Eu achei dois breguetes. Na impossibilidade de encontrar o terceiro, tentei continuar com o jogo. Afinal, achei que a armadura fosse algo opcional, comum no gênero. Não era. Só depois de muito explorar e reexplorar, eu procurei por um guia para achar o terceiro breguete e daí continuar a história foi natural. E essa não foi a única vez que eu fiquei estupefato e perdido. Por outro lado, você pode argumentar que isso faz parte de um bom metroidvania, então talvez seja legal para você.
BOM, MAS NÃO EXCELENTE
Shantae and the Seven Sirens é um bom metroidvania 2D, que se diferencia por seu belíssimo visual desenhado a mão e por seus fantásticos dungeons. Infelizmente, pouco se destaca além disso. Ele é bem formulaico e tradicional, nunca atingindo o ápice de metroidvanias melhores, como Bloodstained ou Ori.
Isso não significa que não valha ser jogado. Ele é bom e divertido – já falei que é lindo? Porém, faz parte de um gênero saturado e faz pouco para se diferenciar das dezenas de metroidvanias lançadas todo mês.