A Zoink é uma desenvolvedora bem única. Eles são os criadores de jogos estilosos e bastante diferenciados, como Stick it To The Man e Zombie Vikings. Apesar de terem criado também o artístico Fe, os dois anteriores representam melhor o estilo dos caras. E este estilo também transborda em Flipping Death, que é praticamente um sucessor espiritual de Stick it To The Man.
O TEMP DA MORTE
Aqui você controla Penny Doewood, uma jovem que morre logo na introdução. Ao chegar do outro lado, ela é confundida pela Dona Morte (que é um cara) como o temporário que deveria cobrir suas férias.
Penny relutantemente assume as funções da Morte que, surpreendentemente, envolvem mais ajudar pessoas, vivas e mortas, do que tirar a vida delas. De posse da famosa foice, ela pode possuir os personagens vivos e controlá-los. Cada um deles tem habilidades distintas, e usar as corretas nos lugares certos é o que permite avançar a história.
A história, aliás, complica quando ela descobre que alguém possuiu seu presunto. O que querem com o corpo dela? E como recuperar o controle do dito cujo enquanto ajuda fantasmas, pessoas e animais?
MUITOS PREDICADOS
Flipping Death tem muitas qualidades, a começar pelo típico e único estilo artístico da Zoink, que é ao mesmo tempo bonito e engraçado. As cores são tremendamente vivas, e os personagens, totalmente dublados, são bem desenvolvidos pelo roteiro e têm excelentes performances de seus atores.
Ele também tem um humor inocente e simpático, com uma mensagem bem positiva que acrescenta ainda mais a seu quase infinito carisma.
O gameplay é pouca coisa mais avançada do que um point and click. Basicamente, você precisa possuir as pessoas certas e fazer com elas o que o jogo espera que você faça. Claramente, os clássicos adventures da Lucasarts foram uma influência por aqui, em especial Grim Fandango, com sua temática semelhante.
O PROBLEMA É O GAMEPLAY
Só que, ao contrário dos point and clicks, que basicamente não tinham gameplay, Flipping Death flerta com o gênero plataforma. Infelizmente, seu gameplay não é sólido o suficiente para isso.
Por exemplo, ele usa aquele esquema tradicional de segurar o botão de pulo para saltar mais alto, manja? Só que, caso você encoste no chão enquanto ainda está segurando o dito-cujo, um novo pulo é ativado. Ou seja, quando você está escalando várias plataformas, é comum um salto extra custar progresso.
Em outro puzzle, eu deveria usar um jogador de tênis para raquetear uma bola de boliche e quebrar a janela. Eu sabia que essa é a solução, mas a jogabilidade da raquete (movimentada com a alavanca direita) era tão ruim que fiquei uns dez minutos acertando a bola em todo o cenário, menos na janela.
Este tipo de coisa prejudica bastante o jogo. Afinal, se o desafio é solucionar os quebra-cabeças, não faz sentido saber o que tem que fazer e não conseguir por limitações de controle.
FLIPPING DEATH
Com um gameplay que fica devendo, é difícil recomendar Flipping Death. Fosse mais point and click e menos plataforma, ele ganharia pontos. Afinal, tem personagens pra lá de carismáticos e uma historinha bem bacana.
Aliás, a simpatia é tamanha que, ao terminá-lo, admito que ele deixou meu coração quentinho, a ponto de eu quase esquecer a frustração que foi chegar até lá. Quase. No final das contas, Flipping Death não é um jogo perfeito, longe disso, mas cabe ao jogador medir seus altos e baixos e chegar a uma conclusão quanto à sua qualidade final.