A comediante Amy Schumer costuma focar seu humor no fato de ela não ter uma aparência, digamos, padronizada. Lembro de um episódio da série dela no qual um grupo de pessoas passa o episódio inteiro discutindo se ela é gostosa o suficiente para aparecer na TV.
Ora, na vida real poucas seriam as pessoas que diriam que a Amy Schumer é gorda, mas de fato ela é bem mais cheinha do que as palitinhas genéricas de Hollywood. Isso deve mexer com a cabeça dela de alguma forma, e Sexy Por Acidente tira seu humor justamente disso.
EU ME SINTO BONITA
Após um acidente na academia, onde bate a cabeça, Renee (Schumer) acorda e se sente diferente. Ela se sente bonita. Não é que ela passou a aceitar suas curvinhas proeminentes e seu bochechão. Ela acredita estar fisicamente mais magra. Basicamente irreconhecível.
A partir daí, ela passa a agir como imagina que uma moça bonita padronizada agiria. Isso envolve achar que todos a estão xavecando, mas também dá a ela a confiança de ir atrás do emprego que realmente gostaria de ter. Este trampo é ser recepcionista em uma milionária empresa de cosméticos que só contrata palitinhas padronizadas.
O humor da coisa toda está nas reações das pessoas a Renee de repente se comportando de uma nova forma. Ela acaba conquistando a atenção e o carinho que desejava graças a suas recém adquiridas confiança e espontaneidade.
A coisa até funciona. Especialmente se você considerar que Hollywood já nos fez engolir um filme construído totalmente ao redor da premissa “olha como a Anne Hathaway é gorda e feia, credo!”. Embora, na vida real, Amy Schumer não seria classificada nem como gorda ou como feia, ainda faz algum sentido. Pelo menos é possível perceber uma clara diferença de biotipo entre ela e as outras moças na foto acima.
SEXY POR ACIDENTE
A coisa degringola mesmo é no terceiro ato. Obviamente, não posso me estender muito por motivos de spoiler, mas a coisa fica realmente boba ao tentar seguir a fórmula estabelecida por clássicos da Sessão da Tarde como Quero Ser Grande.
Sim, Sexy Por Acidente é um daqueles filminhos feelgood, do tipo “se sinta bem consigo mesmo”, e tudo bem. Apesar do desastre do terceiro ato, ele acaba fechando de forma redondinha e bonitinha.
Não, não empolga em nenhum momento, e definitivamente é um filme para se assistir na telinha, não na telona. Ainda assim, é uma historinha simpática.
Agora, cá entre nós, estou realmente esperando o dia em que Hollywood vai pegar pessoas realmente gordas para fazer o papel de galãs. Ora, vivemos uma época de glorificação da diversidade, e pessoas de todas as cores têm o direito de se sentir bonitas, assim como indivíduos de todos os pesos. Junte-se a mim no coro “estamos cansados de fazer só papel de alívio cômico!”.