A fofura de Yono and the Celestial Elephants é imediatamente aparente quando você vê imagens ou vídeos do jogo. Eu esperava um joguinho bonitinho e agradável, que rendesse algumas horinhas de diversão descompromissada. O que eu não esperava é que ele tivesse ideias filosóficas tão avançadas.
O mais curioso é que não apenas o visual, mas mesmo a história, têm um jeitinho de criança. A narrativa é simples e bonitinha, com conflitos importantes, porém inocentes.
UM ELEFANTINHO PARA TODOS SALVAR
Diz a lenda que um elefante vem ao mundo a cada mil anos para trazer harmonia e alegria para os habitantes. Você é Yono, o sétimo destes elefantes-deuses, mas não tem muita certeza de como ajudar as pessoas. O jeito é sair viajando pelo mundo e tentando resolver os problemas que conseguir.
O gameplay de Yono and the Celestial Elephants é bem simples. Basicamente, cada tela é um puzzle autocontido, e você precisa resolvê-lo para prosseguir. Às vezes popam alguns inimigos que devem ser vencidos com cabeçadas, mas o combate não é o foco aqui. Aliás, muito provavelmente você vai terminar o jogo sem morrer nenhuma vez, ou morrendo muito pouco.
De tempos em tempos, você chega em uma cidade onde as coisas ficam um tanto mais abertas. Você pode ir direto para seu objetivo, ou então passear um pouco, conversar com as pessoas e cumprir algumas sidequests que recompensam com itens que aumentam sua vida.
Estas missões secundárias não são muito interessantes. Em geral elas se resumem a levar um item para um personagem. Como o jogo é bem fácil, você não vai precisar exatamente de uma vida grande para avançar. No entanto, vale muito a pena investir esse tempo de exploração para conhecer as ideias e problemas que afligem os moradores de cada cidade.
Também é através desta exploração que você vai ter contato com as ideias filosóficas do jogo, que trazem bastante do budismo e outras filosofias orientais e realmente acrescentam bastante à história.
Apesar do visual e da historinha infantil, a parte filosófica do jogo é bastante bela e profunda. Chega a ser curioso que um jogo claramente focado em crianças tenha uma profundidade tão grande. Fico até curioso se isso serviria como um primeiro contato que faria a molecada se interessar por filosofia ou se eles simplesmente achariam a narrativa confusa e chata e focariam no gameplay.
ALIÁS, GAMEPLAY
Os trechos realmente focados no gameplay, que são entre as cidades ou em dungeons dentro das próprias cidades têm um level design bem legal. Embora sejam puzzles clássicos, do tipo empurrar caixas para apertar botões, há bastante capricho e criatividade neles.
Perto do final do jogo, por exemplo, há uma série de quebra-cabeças envolvendo peças de xadrez que são bem legais. É aquele tipo de puzzle que faz com que você realmente se sinta inteligente ao solucionar, e admire o trabalho investido ao criá-los.
Surpreendentemente, há também alguns poucos chefes. São batalhas que devem ser vencidas com a inteligência, e não com a força bruta, e eu gostei de todas elas.
Embora não haja upgrades propriamente ditos, você está sempre descobrindo novas habilidades, normalmente envolvendo sugar algo com a tromba e depois cuspir de volta. Assim, você poderá atirar, queimar ou molhar os objetos para solucionar puzzles cada vez mais complexos.
Claro, se você não tem muita paciência para puzzles, este jogo não é para você, mas eu achei que ele tem um bom timing e bastante criatividade em seus desafios. Além disso, o audiovisual é tão bonitinho que acaba deixando tudo mais lúdico e divertido.
Há alguns probleminhas técnicos. O que mais me incomodou foi o hit detection da cabeçada. É comum você acertar seu alvo mas o jogo não registrar isso. Como não há tempo e os inimigos são bem fáceis, não chega a estragar, mas vale ser citado.
YONO AND THE CELESTIAL ELEPHANTS
Yono and the Celestial Elephants é o tipo de jogo que eu gostaria de mostrar para meus pimpolhos. É bonitinho e fácil o suficiente para agradar crianças pequenas e nunca é cedo demais para começar a pensar. Mesmo se você já for adulto, no entanto, terá aqui algumas boas horas de diversão adorável.
