Depois Daquela Montanha: um híbrido de romance com… survival horror?

Eu não sabia bem o que esperar de Depois Daquela Montanha. Até agora, ele tinha passado bem por baixo do meu radar e a foto que veio no convite da cabine não era especialmente animadora.

Não demorou para ele mostrar a que veio. Logo no início do filme há um acidente de avião e, meu amigo, esta cena é impressionante e empolgante, um verdadeiro show de direção. Depois do acidente, os previamente desconhecidos Ben (Idris Elba) e Alex (Kate Winslet), se veem sozinhos em meio aos destroços e agora eles devem cuidar um do outro para se manterem vivos, pelo menos até chegar o resgate.

CADÊ O RESGATE, MEU?

Este início tenso me deu uma animada. “Ora pois, será que estou assistindo a um survival horror supimpa?”, pensei com meus botões, ao mesmo tempo que torcia para a resposta ser sim.

De fato estava. Especialmente em sua primeira metade, vemos os dois lutando para sobreviver neste ambiente inóspito. Depois, no entanto, o filme acaba focando bem mais no romance. Eles chegam até a achar uma aconchegante cabaninha abandonada na montanha.

Sem dúvida ele ganha pontos pela criatividade de misturar dois gêneros tão díspares, mas o fato é que a coisa não deu liga. Embora até faça sentido que duas pessoas nessa situação se apaixonem, a opção por dividir o filme em “metade tensa” e “metade romântica” não funcionou muito bem. Talvez a coisa já ficasse mais interessante se houvesse algum tipo de tensão ou de ameaça à vida deles depois que eles começam a se apaixonar, mas daí a própria fotografia começa a mostrar o cenário menos como inóspito e mais como bonitão.

BONITÃO

E de fato, bonito o filme é. A ambientação, em montanhas cheias de neve já é linda por si só, mas o diretor Hany Abu-Assad faz um excelente trabalho, com planos muito criativos. Verdade, as cenas mais marcantes são as tensas que acontecem no começo do filme.

Repare não apenas na forma como o acidente de avião é filmado, mas também na forma como qualquer ameaça é mostrada. A cena da escorregada vêm à mente como outro momento marcante. Eu gostaria muito de ver o diretor em um filme mais abertamente tenso, sem a necessidade de seguir para o lado de um romance mainstream.

Esta, no entanto, não é a proposta de Depois Daquela Montanha. Sim, ele pega elementos de survival horror, mas no final das contas ele é muito mais um romance. Infelizmente, como romance ele não funciona tão bem.