Capital Humano

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Este aqui é um daqueles filmes que contam sua trama principal em partes, dividindo-a através de vários personagens, com a narrativa assumindo a visão de cada um deles, até que o todo seja finalmente formado para o espectador. Se você gosta dessa maneira de se contar uma história, então Capital Humano é para você, amigo delfonauta.

Tudo começa quando um ciclista é atingido por um carro à noite e jogado para fora da estrada. O motorista foge sem prestar socorro e o principal suspeito do crime é o filho riquinho de um empresário figurão. A partir daí a história vai se desenrolando sobre as óticas dos membros da família do carinha, bem como também dos membros da família da namorada dele, a qual também pode ou não estar envolvida no acontecido.

Esta é daquelas tramas que vão montando um mosaico, não só para ir revelando aos poucos exatamente o que aconteceu e como, mas também revelando detalhes das vidas dos próprios personagens sobre diferentes óticas e ângulos. E a maioria não é muito simpática.

Desde o pai da namorada, que se aproxima todo puxa-saco do empresário pai do garoto na esperança de ganhar dinheiro investindo com ele, até a submissa esposa do figurão, pisoteada e ignorada por marido e filho, completamente alheia a tudo que acontece à sua volta, e tentando ganhar alguma motivação ao assumir um projeto de vaidade.

Este é aquele tipo de trabalho que ou você se envolve com a história, a progressão dos personagens e a forma como a narrativa é desvendada, ou simplesmente não funciona. Eu embarquei na proposta e gostei do que assisti, embora não seja exatamente uma maravilha. Ainda assim, o clima sóbrio da história, dividida em quatro capítulos, e sua resolução que não segue o caminho óbvio, me deixaram bastante entretido.

Para os nerds fãs das comédias nonsense oitentistas do trio Abrahams / Zucker / Abrahams, ainda há um bônus. Temos aqui a presença da atriz Valeria Golino, a Ramada dos dois Top Gang! e que também fez a namorada do Tom Cruise em Rain Man. Acho que eu não a via num filme desde essa época e não só ela está muito bem no filme, como ainda está inteiraça.

Assim, reitero: se você gosta dessas histórias contadas em pedaços e através da visão de múltiplos personagens, Capital Humano certamente tem grandes chances de agradá-lo, embora não precise ser necessariamente numa tela de cinema. Seja como for, numa tela grande ou pequena, vale uma assistida.

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Nota
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Carlos Cyrino
Formado em cinema (FAAP) e jornalismo (PUC-SP), também é escritor com um romance publicado (Espaços Desabitados, 2010) e muitos outros na gaveta esperando pela luz do dia. Além disso, trabalha com audiovisual. Adora filmes, HQs, livros e rock da vertente mais alternativa. Fez parte do DELFOS de 2005 a 2019.
capital-humanoPaís: Itália/França<br> Ano: 2013<br> Gênero: Drama<br> Duração: 111 minutos<br> Roteiro: Paolo Virzi, Francesco Bruni e Francesco Piccolo<br> Elenco: Fabrizio Bentivoglio, Matilde Gioli, Valeria Bruni e Valeria Golino.<br> Diretor: Paolo Virzi<br> Distribuidor: Imovision<br>