Este aqui é um daqueles filmes que contam sua trama principal em partes, dividindo-a através de vários personagens, com a narrativa assumindo a visão de cada um deles, até que o todo seja finalmente formado para o espectador. Se você gosta dessa maneira de se contar uma história, então Capital Humano é para você, amigo delfonauta.
Tudo começa quando um ciclista é atingido por um carro à noite e jogado para fora da estrada. O motorista foge sem prestar socorro e o principal suspeito do crime é o filho riquinho de um empresário figurão. A partir daí a história vai se desenrolando sobre as óticas dos membros da família do carinha, bem como também dos membros da família da namorada dele, a qual também pode ou não estar envolvida no acontecido.
Esta é daquelas tramas que vão montando um mosaico, não só para ir revelando aos poucos exatamente o que aconteceu e como, mas também revelando detalhes das vidas dos próprios personagens sobre diferentes óticas e ângulos. E a maioria não é muito simpática.
Desde o pai da namorada, que se aproxima todo puxa-saco do empresário pai do garoto na esperança de ganhar dinheiro investindo com ele, até a submissa esposa do figurão, pisoteada e ignorada por marido e filho, completamente alheia a tudo que acontece à sua volta, e tentando ganhar alguma motivação ao assumir um projeto de vaidade.
Este é aquele tipo de trabalho que ou você se envolve com a história, a progressão dos personagens e a forma como a narrativa é desvendada, ou simplesmente não funciona. Eu embarquei na proposta e gostei do que assisti, embora não seja exatamente uma maravilha. Ainda assim, o clima sóbrio da história, dividida em quatro capítulos, e sua resolução que não segue o caminho óbvio, me deixaram bastante entretido.
Para os nerds fãs das comédias nonsense oitentistas do trio Abrahams / Zucker / Abrahams, ainda há um bônus. Temos aqui a presença da atriz Valeria Golino, a Ramada dos dois Top Gang! e que também fez a namorada do Tom Cruise em Rain Man. Acho que eu não a via num filme desde essa época e não só ela está muito bem no filme, como ainda está inteiraça.
Assim, reitero: se você gosta dessas histórias contadas em pedaços e através da visão de múltiplos personagens, Capital Humano certamente tem grandes chances de agradá-lo, embora não precise ser necessariamente numa tela de cinema. Seja como for, numa tela grande ou pequena, vale uma assistida.