Sexo, Amor e Terapia

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Quem diria que a França (nesse caso em coprodução com a Bélgica), conhecida por produzir filmes verborrágicos e intelectuais, também é capaz de fazer comédias ao melhor estilo brasileiro, copiando a estética novelesca da Globo Filmes com tanto capricho que, se não fossem os personagens falando com biquinho, eu juraria que estava vendo algo produzido aqui pelo estúdio do plim-plim.

Até a história lembra muito as comédias produzidas em nossa terrinha. Saca só: Judith (Sophie Marceau) é uma mulher com um grande apetite sexual, quase incontrolável, que arranja um trabalho como assistente do terapeuta de casais Lambert (Patrick Bruel), ele próprio um viciado em sexo em recuperação.

Logo, fagulhas rolarão. Bem como um clima amoroso e absolutamente tudo que se segue a uma comédia romântica padrão, dos protagonistas que não se bicam no começo, lentamente descobrindo afinidades, até a briga no terceiro ato que leva à inevitável reunião. Mais padrão impossível.

E tudo embrulhado com a já mencionada estética dos filmes da Globo. Desde a trilha sonora de novela, passando pelas cores vibrantes, as atuações exageradas e careteiras e até o modo inofensivo e anódino como a coisa toda é conduzida. Era de se pensar que uma produção sobre duas pessoas com fogo no rabo seria ao menos um pouco mais caliente, para dizer o mínimo.

Que nada, é tudo um truque. Ele consiste em usar de uma premissa chamativa e possivelmente erótica para atrair o maior público possível, mas tudo colocado dentro de um filminho o mais comportado e puritano imaginável para não ofender as sensibilidades de ninguém e atrair o maior público possível, é claro.

Daí, só resta mesmo o tédio, visto que você vai adivinhar a quilômetros de distância cada passo do roteiro e não verá nem um mísero peitinho para ajudar a coisa toda a passar de forma mais rápida e agradável. Aí, de fato, não tem quem aguente.

Olha, não me surpreenderia nada se em alguns anos a própria Globo Filmes refilmasse este longa em nossa terra pátria. Ela já fez isso com Sexo, Amor e Traição (sentiu a similaridade dos títulos?), de 2004, o qual era um remake da película mexicana Sexo, Pudor y Lágrimas de 1999. Então, essa ideia não é nenhum absurdo.

Se você gosta das comédias românticas brazucas e gostaria de ver uma delas que não foi produzida ou rodada aqui e não é falada em português, então Sexo, Amor e Terapia é para você. Contudo, se nada disso o apetece, melhor procurar por outro programa.

REVER GERAL
Nota
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Carlos Cyrino
Formado em cinema (FAAP) e jornalismo (PUC-SP), também é escritor com um romance publicado (Espaços Desabitados, 2010) e muitos outros na gaveta esperando pela luz do dia. Além disso, trabalha com audiovisual. Adora filmes, HQs, livros e rock da vertente mais alternativa. Fez parte do DELFOS de 2005 a 2019.
sexo-amor-e-terapiaPaís: França/Bélgica<br> Ano: 2014<br> Gênero: Comédia Romântica<br> Duração: 88 minutos<br> Roteiro: Tonie Marshall e Nicolas Mercier<br> Elenco: Sophie Marceau, Patrick Bruel e André Wilms.<br> Diretor: Tonie Marshall<br> Distribuidor: Mares Filmes<br>