Run & Jump

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Poucos meses após o comediante Will Forte ter se revelado uma grata surpresa no campo da atuação dramática com Nebraska, ele encara outro papel sério e novamente manda bem, agora neste Run & Jump. Mas, verdade seja dita, esta sentença deveria ser ao contrário, visto que ele fez este filme antes de Nebraska, sendo esta, portanto, sua estreia oficial nos papéis dramáticos.

Mas por aqui o longa acabou chegando só agora, enquanto o filme de Alexander Payne estreou em nossos cinemas em fevereiro, invertendo a ordem das coisas. Sem problema, o assunto acabou servindo como introdução para a resenha e agora posso passar para a sinopse.

MacGruber é um médico estadunidense que vai à Irlanda documentar o caso de um sujeito que sofreu um derrame e passou um mês em coma. Ele acordou e se recuperou, mas sofreu grandes mudanças de personalidade, o que alterou toda a dinâmica dele para com sua própria esposa e filhos.

Por se tratar de um caso raro, o doutor vai passar um tempo com a família para estudar de perto o sujeito e escrever um artigo médico. E eis que ele acaba se envolvendo mais do que esperava na vida de todos eles.

O longa praticamente todo é construído em cima das excelentes atuações e forte química entre Will Forte e Maxine Peake, que interpreta a mulher do objeto de estudo. E em como duas pessoas tão diferentes conseguem ficar próximas tão rápido. Ele é todo introspectivo enquanto ela é carismática e alegre, mesmo apesar da nova situação do marido.

A personagem é tão simpática e gente boa que logo a nova amizade entre ela e o médico vai perigar virar outra coisa, criando um dilema entre o visitante que se encaixa tão bem na família que praticamente vira um membro dela e o pai de família que, mesmo não sendo sua culpa, mudou tanto que talvez nunca mais consiga interagir de forma normal com eles.

O tema sensível, complementado pelas belas paisagens verdejantes da Irlanda e pela bacana trilha sonora cheia de canções Pop de acento Folk fazem do filme uma experiência bastante agradável e até mesmo leve, ainda que a sinopse possa até dar ideia do contrário. E ainda que alguns momentos da história realmente tomem um caminho mais pesado, o tom geral de fato é mesmo menos denso do que se poderia esperar.

Para os curiosos com o título do filme, de fato há um momento envolvendo corridas e pulos, mas ele sequer é tão relevante para a trama. Parece mais que a diretora e os produtores estavam com dificuldades em achar um bom nome para a película e pinçaram de uma cena algo que soava bem, mesmo que não condiga com o tom geral da obra.

Especulações sobre o título à parte, quem gosta de dramas menos pesadões e com uma pegada mais leve e bonitinha, e de produções pequenas de estética independente, deve ter boas chances de curtir Run & Jump. Se você se encaixa nessa categoria, vale a ida ao cinema.

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Nota
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Carlos Cyrino
Formado em cinema (FAAP) e jornalismo (PUC-SP), também é escritor com um romance publicado (Espaços Desabitados, 2010) e muitos outros na gaveta esperando pela luz do dia. Além disso, trabalha com audiovisual. Adora filmes, HQs, livros e rock da vertente mais alternativa. Fez parte do DELFOS de 2005 a 2019.
run-jumpPaís: Irlanda/Alemanha<br> Ano: 2013<br> Gênero: Drama<br> Duração: 106 minutos<br> Roteiro: Steph Green e Ailbhe Keogan<br> Elenco: Maxine Peake, Edward MacLiam, Sharon Horgan e Will Forte.<br> Diretor: Steph Green<br> Distribuidor: Filmes da Mostra<br>