O delfonauta gosta de filmes lentos? Daqueles que os personagens passam um tempão olhando para frente, sem falarem ou fazerem nada? Pois ao contrário do que o pôster, o título e a sinopse passam, este é o caso de The Rover – A Caçada.
Dez anos após o colapso (não é explicado o que foi o tal colapso), Eric (Guy Pearce) é um fulano que tem seu querido carro roubado por ciclanos. Os ciclanos deixam o seu próprio automóvel lá, e assim Eric não vê outra opção a não ser pegar o carro deles e ir atrás para recuperar seu próprio veículo.
Ele perde a trilha dos ladrões logo, mas acaba conseguindo uma nova esperança quando aparece um beltrano chamado Rey (Robert Pattinson, o vampiro fosforecescente), que clama ser irmão de um dos ciclanos. Agora, fulano e beltrano vão atrás dos ciclanos, cada um com seus próprios objetivos.
Futuro pós-apocalíptico, cenário desértico, carros. Tudo indica que teríamos aqui algo testosterônico na linha de Mad Max, mas não é o caso. Logo os ciclanos somem da história e se tornam apenas um McGuffin para o roteiro focar na relação entre fulano e beltrano. E essa relação envolve muitas perguntas feitas repetidas vezes e muitos olhares 43 para o nada.
Sabe o que este filme me lembrou? O game The Last of Us. Para começar, Guy Pearce está exatamente igual ao Joel, o protagonista do jogo. Além disso, o futuro pós-apocalíptico e a relação tensa sempre que dois sobreviventes se encontram emprestam muito do clima do game.
O design de som também merece destaque, especialmente pelo excelente uso do silêncio e de sons ambientes, que passam muito bem o clima desolado do deserto australiano.
Focasse mais na caçada do título e menos na nada interessante relação entre os protagonistas, poderíamos ter aqui algo especial, especialmente por causa da sua linguagem mais lenta do que o tradicional para filmes do gênero.
O que temos aqui, portanto, não é um longa de ação, mas uma exploração de personagens. Parece um tanto com um filme feito na faculdade de cinema e, como tal, carece de uma pegada mais interessante.