O delfonauta mais velho e/ou fã de Bill Murray há de se lembrar do clássico filme Feitiço do Tempo, onde Murray, um repórter enviado a uma cidadezinha para fazer uma matéria boba, fica preso num loop, revivendo sem parar o mesmo dia.
Pois essa premissa usada na comédia de 1993 foi agora transportada para a mistura de ação com ficção científica de No Limite do Amanhã, novo filme do diretor Doug Liman e estrelada por Tom Cruise, que parece ter tomado gosto de vez pela ficção científica, emendando essa nova produção logo após ter feito o regular Oblivion.
Neste aqui, alienígenas invadiram a Terra e estão sendo combatidos pelas forças armadas do mundo. O Sr. Cruzeiro é um assessor de imprensa do exército que, graças a uma jogada publicitária, vai parar de gaiato no meio de uma das batalhas e, como ele não é exatamente o que se poderia chamar de combatente, acaba abotoando o paletó.
Eis então que ele acorda no dia anterior, com todos os eventos se repetindo e, toda vez que ele morre, volta exatamente ao dia em questão. Assim, ele precisa tentar entender por que isso está acontecendo, o que pode fazer de diferente para durar mais a cada nova “vida” e talvez até mesmo descobrir um modo de ganhar a guerra.
Como estabeleci lá no primeiro parágrafo, a premissa não é exatamente nova, mas caramba, como é divertida. E funciona muito bem neste novo filme. Ele acaba tendo um quê de videogame, com Cruise sempre voltando do mesmo ponto (tal qual um save point) e tentando decorar os obstáculos da “fase” para avançar mais do que na vida passada. Total sensação de game old school, tipo Contra.
E ainda por cima tem momentos deveras engraçados. Algumas de suas mortes são simplesmente hilárias. E também é muito bem desenvolvida a progressão de seu personagem, indo de zero à esquerda a herói de ação tremendão, o que também gera alguns momentos muito bem-humorados, especialmente envolvendo ele e Rita Vrataski (Emily Blunt), uma heroína de guerra que passou pelo mesmo perrengue que ele está enfrentando e passa a treiná-lo na fina arte de trucidar ETs malvados.
No mais, os efeitos especiais são ótimos, os exotrajes usados pelos soldados são muito legais e o 3D aqui realmente ganha um destaque digno de nota, especialmente na cena da descida na praia, um dos melhores momentos do longa. E num filme que trata de um loop, onde muitas situações se repetem, é sempre importante ter uma boa montagem, coisa que a película conseguiu apresentar muito bem, sempre de maneira criativa e sem jamais tornar as mesmas cenas repetitivas ou maçantes.
Só é pena que o longa, bastante divertido durante quase toda sua projeção, perca um bom tanto de gás justo na reta final, quando assume um tom mais tradicional, virando uma produção de ação bastante mundana. E o design dos aliens também é bem genérico. Mas esse não é um problema exclusivo deste filme. Todos os longas mais recentes com a presença de alienígenas andam sofrendo dessa falta de criatividade na concepção das criaturas. Tudo bem que elas não são exatamente o foco principal na narrativa, mas um maior esmero visual com elas certamente não faria mal algum.
Mesmo com esses pormenores, No Limite do Amanhã ainda assim se sai com o saldo positivo, divertido de se assistir e equilibrando bem excelentes cenas de ação com um bom uso de humor. Um ótimo filme-pipoca que alia explosões e ficção científica. Se você gosta dessas coisas (e se você está aqui no DELFOS, as chances são enormes), vale o ingresso.