Amigo delfonauta, me diga uma coisa. O que você acha do primeiro Kung Fu Panda? Admito que eu o assisti, mas o considerei tão genérico que sequer me lembro dele. Assim, muito me surpreendeu quando ele ganhou uma continuação. O que importa, afinal de contas, é quantos brinquedos o negócio vende, não a qualidade da obra ou mesmo a quantidade de ingressos.
Mas vá lá, eu gosto de filmes chineses de porrada e também gosto de pandas, então vamos tentar ignorar o Jack Black e nos divertirmos com o filme.
EVERYBODY WAS KUNG FU FIGHTING
O panda Po agora é um superstar, bem como seu time de animais lutadores. Porém, claro, sua alegria não vai durar muito, pois um pavão malvado, Shen, criou uma arma de fogo capaz de acabar com o Kung Fu. E mais, como não poderia deixar de ser, ele está de alguma forma relacionado à separação de Po dos seus pais biológicos.
Uma das primeiras coisas que você vai reparar é que, embora este seja um filme com o Jack Black, conhecido por suas porcarias de linha de produção, o design não foi de forma alguma feito nas coxas. Aliás, dá para perceber o carinho dos artistas em cada um dos personagens, em cada um dos detalhes visuais ou nos trejeitos das suas animações. Coisas pequenas, como a pintinha que a mãe de Po tem na bochecha contribuem muito para desenvolver personagens nos quais o roteiro não tem tempo para se aprofundar.
Também vale destacar as cenas de ação, muito bem coreografadas e muito divertidas. É muito legal ver todo o time de bichinhos lutando junto e mesmo o pavão Shen, com seu design de sábio chinês e suas penas cortantes, demonstra ser um antagonista de poderio considerável, mesmo sem suas armas de fogo.
É uma pena que a parte mais importante do filme, a história, não tenha o mesmo carinho que o design, a animação e a coreografia. Além de Po, o único personagem devidamente desenvolvido é a tigresa, que é pra lá de sem graça. Em um grupo com tantos animais, focar apenas em dois parece uma decisão preguiçosa.
Trata-se de um filme com o Jack Black, afinal de contas, e a personalidade do ator está presente em cada fala e em cada gesto de Po. E não some nem mesmo assistindo à versão dublada.
Se você já viu um filme do cara, já viu todos. E, se você gosta de um, provavelmente gosta de todos. Eu não gosto, e a presença do cara e de seu “único personagem – himself” neste filme acabou prejudicando uma experiência que, de outro modo, poderia ser mais legal.
Tem umas várias boas piadas e, admito, lá perto do final, até que a história acabou me ganhando e elevando o filme ao status de filme nada (antes estava considerando um filme ruim).
E filme nada acaba sendo a melhor forma de se referir a Kung Fu Panda 2, pois ele segue totalmente a cartilha. Veja o que destaquei positivamente nesta resenha: visual, coreografia… Assim, o que temos aqui não é uma porcaria, mas é difícil considerarmos o dito-cujo algo além de uma máquina para vender brinquedos e pelúcias. Como tudo que Jack Black faz, Kung Fu Panda não é arte, é indústria. Se você é fã do produto, não há de se decepcionar.