– Ainda dá tempo de você participar da nossa promoção e assistir na faixa.
Essa é uma resenha complicada. Parte do que tornou este filme tão absurdamente fenomenal no meu conceito é justamente o fato de que eu não esperava nem sabia nada sobre ele. Portanto, caro delfonauta, aceite meu conselho. Pare de ler esta resenha agora e acredite na minha palavra: se você gosta de filmes de terror, vá ao cinema agora. Até porque ele não deve ficar em cartaz muito tempo e, dessa forma, você garante surpresa total. Depois você volta aqui, lê a resenha e discute a obra com a gente nos comentários. Agora se você faz questão de saber mais antes de dar seu rico dinheirinho para o cinema mais próximo do seu lar, continue lendo, mas fique avisado de que, por mais que eu evite spoilers, a simples sinopse já estragará algumas surpresas.
Quando recebi o convite da cabine, deduzi pelo nome e pelo pôster que se tratava de mais um daqueles longas de terror orientais genéricos que infestam nossas telas desde o remake de O Chamado. E foi com essa idéia que me dirigi ao cinema, pois admito nem sequer ter tido a curiosidade de abrir o pressbook, onde constataria que na verdade se trata de algo proveniente da Espanha.
No início do filme, conhecemos uma jornalista deveras linda (Manuela Velasco) que está fazendo uma reportagem sobre o corpo de bombeiros. Assim, ela e seu cameraman, Pablo, acompanham os anti-incêndios em uma simples missão de resgate. A imagem é sempre naquela linha Cloverfield/Bruxa de Blair. Ou seja, foi encontrada uma fita e estamos assistindo a ela. Portanto, Pablo, trate de filmar direitinho e com a mão firme. =)
A ausência de qualquer traço sobrenatural neste início me fez deduzir que acompanharíamos os bastidores de um incêndio ou algo do tipo. Porém, eu estava errado. Muito errado. Chegando lá, eles invadem o apartamento onde a suposta vítima, uma velhinha, está presa. Segundos depois, a velhinha agarra um policial e lasca uma mordida cabulosa nele. Neste momento, eu e todos os delfonautas antenados lendo esta resenha levantam e exclamam a única dedução possível: “Hell, yeah, bitch! Zumbis!”.
É isso aí, amigão. Para a minha surpresa, e acredito que para a sua também, [REC] é um filme de zumbis! E digo mais: é o melhor filme de zumbis desde Terra dos Mortos. E conta com algumas das cenas mais emocionantes e assustadoras dos últimos anos, incluindo a melhor e mais inesperada cena de mordida da história (e não estou falando da primeira citada aí em cima, embora essa também tenha me surpreendido deveras). Se você quer saber qual é, pense na palavra “colo”. Tenho certeza que você vai sacar a qual me refiro quando assistir.
Uma coisa legal é que, ao contrário de Bruxa de Blair e Cloverfield, o cameraman Pablo não aparece. Quando muito, vemos apenas o pé dele, caso a câmera esteja no chão. Acredito que seria ainda melhor e mais inovador se, ao invés da câmera, víssemos tudo em primeira pessoa, através da visão dele. Na verdade, é quase isso, mas tem algumas horas em que ele larga sua filmadora. E, se fosse em primeira pessoa, a imagem também não tremeria tanto. O que nos leva ao próximo parágrafo.
Este filme tem apenas dois defeitos. O primeiro deles é que Pablo tem mal de Parkinson. A câmera treme tanto que chega a dar dor de cabeça e, em algumas horas, eu parei de olhar para a tela para me recuperar. O segundo é o final óbvio e repentino, exatamente como se espera e muitíssimo parecido com Bruxa de Blair e Cloverfield.
A príncípio, [REC] pode parecer uma cópia pobre de Cloverfield (apesar de que, na verdade, foi feito antes), mas a verdade é que é muito, MUITO superior a seu irmão mais famoso. É um filme de terror magnífico, com lugar já garantido no meu Top 5: Melhores Filmes de 2008. Aliás, quatro lugares já estão ocupados. Só falta um. Quem será que vai levar?