Batman, o Homem-Morcego mais famoso do mundo, já é um idoso. Em 2009 completará 70 anos de existência. Com tantas décadas de histórias nas costas, muita gente nunca teve a oportunidade de ler as primeiras aventuras do personagem. Eu mesmo nunca tinha lido. A mais antiga que conhecia era a do surgimento do primeiro Robin.
Pois agora, todos nós, fãs do morcegão ou apreciadores de HQs em geral, recebemos uma oportunidade de ouro. A Panini acaba de lançar o encadernado Batman Crônicas – Volume Um que reúne as 17 primeiras aventuras do Cruzado Encapuzado, incluindo aí a primeirona, publicada em Detective Comics 27.
Neste primeiro volume, além da primeira aparição do Batimão, temos também as estréias de outros personagens importantes de seu universo, como o Comissário Gordon (que também estreou em Detective Comics 27), Hugo Strange, Robin e seu grande arqui-inimigo, o Coringa.
E se apenas essas primeiras aparições não bastam, então que tal constatar as diferenças no desenvolvimento do personagem? Eu explico. Isso pode surpreender alguns leitores mais jovens, mas em seu começo de carreira, nosso querido Batman não via nenhum problema em despachar os meliantes para o além. Vejamos alguns exemplos das barbaridades cometidas pelo morcegão em suas primeiras histórias: deixa um vilão cair num tanque de ácido (e ainda solta a pérola: “um fim perfeito para a sua laia”), joga um capanga de cima de um prédio e quebra o pescoço de outro com um chute. Fofo, não?
Não deixa de ser muito curioso notar a enorme evolução que as HQs passaram nesses anos. Nessas primeiras histórias, tudo é muito simples, infantil, simplório até. Os roteiros não se preocupavam muito com tramas amarradas ou mesmo críveis. As coisas eram geralmente assim: Bruce Wayne lê no jornal que uma exposição de jóias chega à cidade, pensa que bandidos poderiam atacá-la e que deveria aparecer lá como Batman e batata, os ladrões aparecem mesmo. Tudo muito bobinho para os padrões atuais, de tramas extremamente desenvolvidas e sombrias.
A arte é outra que causa um grande choque se comparada com o que temos hoje em dia. Não é que os desenhos de Bob Kane sejam ruins. É que eles são mais simples, com cara de tiras de jornal. E ele próprio ainda estava refinando seu traço. Basta ver o próprio uniforme do Batman, que fica mais detalhado e mais parecido com o que é hoje nas últimas histórias (no começo as orelhinhas do capuz são tortas, a capa se parece mais com uma asa de morcego e ele não usa luvas). E também o Comissário Gordon, o qual literalmente rejuvenesce da primeira história para a última.
Mesmo assim, ainda é uma leitura muito divertida e agradável. A primeira história do Coringa, particularmente, é bem tremendona e já mostra o personagem bem próximo do que é hoje, um maluco sádico e com um baita senso de humor negro. E o que dizer da primeira história do Batman? Intitulada “O Caso da Sociedade Química”, em apenas seis páginas apresenta o personagem, como ele age e ainda resolve o caso. Em seis míseras páginas! Vale ainda citar a completa falta de noção da história “A Gata”, onde o glorioso Cavaleiro das Trevas deixa uma ladra fugir pelo simples fato dela ser gostosa! Ah, épocas mais simples… e divertidíssimas.
Em mais um belo tratamento da editora Panini, o encadernado é em capa dura, com papel de alta qualidade e com reproduções das capas das revistas originais. A saber: Detective Comics 27 a 38 e Batman 1. Um show de acabamento.
Para os apreciadores de quadrinhos, é uma baita oportunidade para se conferir o início de um dos melhores personagens das HQs. Para colecionadores, só resta mesmo uma palavra: obrigatório.