Vai ser difícil me acostumar a chamar este filme de O Homem Duplo depois de tanto tempo me referindo a ele como A Scanner Darkly. Eu estava bem ansioso para assisti-lo na Mostra, mas não o fiz, pois este tinha lançamento garantido em circuito comercial e sempre é mais legal assistir a filmes que possivelmente não aparecerão no cinema. Se bem que as resenhas negativas que li à época me esfriaram bastante. Ultimamente tenho assistido muitos filmes focados em diálogos e um dos meus preferidos foi justamente Antes do Pôr-do-Sol, que é do mesmo diretor, então este prometia bastante.
Ao contrário do filme supracitado, contudo, aqui o foco são os diálogos, mas eles são usados para contar uma história, não para apresentar pensamentos sobre a vida, o universo e tudo mais. E isso deixa o filme mais parado e mais chato do que deveria. E muito menos filosófico do que eu esperava. É basicamente um detetive que tem uma vida dupla e cuja organização tenta descobrir de onde vem a nova droga da cidade, chamada Substância D.
O visual talvez seja o maior selling point do filme: tudo foi filmado e depois “transformado” em animação. Quem curte adventures old-school deve se lembrar de um game chamado The Last Express (que era deveras tremendão, aliás). Pois então, este jogo usou a mesma técnica (e isso há mais de dez anos) e teve resultados muito superiores. O problema do visual de O Homem Duplo é que optaram por aquela estética que faz os traços do desenho ficarem se mexendo mesmo que o personagem esteja parado, saca? E isso, além de feio pra burro, é irritante.
Apesar do que pode parecer, O Homem Duplo não é um cocô amarelo com bolinhas azuis. É meio chato, sem dúvida, mas se você estiver com saco de sobra e vontade de assistir a um filme mais cabeça, vai fundo. Só que é difícil não se decepcionar se a sua expectativa for muito alta.