A Prova

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Você já deve ter lido em alguma de minhas resenhas recentes que eu estava de férias do DELFOS ultimamente, certo? Se não leu, pelo menos sentiu falta das minhas críticas durante os meses de maio e junho, não é? Não responda! Pois bem, o fato é que eu estava viajando. Literalmente, claro, pois não curto outros tipos de viagens à base de elementos químicos. Passei dois meses passeando pelo continente europeu. Ah, o velho mundo… Hum, comprar filmes que ainda não estrearam por aqui.

É óbvio que eu não voltaria de lá de mãos vazias e, como bom cinéfilo, resolvi comprar esse DVD chamado Proof, título que eu nem sabia que seria traduzido por aqui ao pé da letra, afinal você sabe como são as traduções de títulos no Brasil e, na melhor das hipóteses eu já imaginara algo do tipo A Transmissão da Loucura como uma estratégia marqueteira típica para atrair os espectadores brasileiros às salas de cinema. Ainda bem que isso não aconteceu, pois quem gostasse deste nome imaginário com certeza odiaria o filme. Foi muito bom terem mantido o título fiel ao original.

A Prova pode, em um primeiro momento, lembrar o filme Uma Mente Brilhante, pelo fato de falar de duas coisas que ambos os longas apresentam como idéia central: loucura e matemática, não necessariamente nessa ordem. Felizmente, é só nisso que estas duas obras se assemelham, o que dá a este filme uma visão tocante sobre o seu tema principal, que é o medo de ficar lelé da cuca.

Gwyneth Paltrow é Catherine, uma mulher que desistiu de muitas coisas em sua vida para fazer companhia ao pai Robert (Anthony Hopkins), um matemático inteligentíssimo, porém mentalmente perturbado e incapaz de ficar sozinho. É justamente quando o seu velho bate as botas que Catherine se vê envolvida em questões delicadas como o medo de estar enlouquecendo. Isso começa com a chegada de sua irmã, Claire (Hope Davis), uma perua que considera a irmã caçula meio ruim da cabeça – assim como o finado pai – e acha que Catherine deve ir morar com ela. No meio disso tudo há ainda a presença de Hal (Jake Gyllenhaal), um jovem estudante de matemática que fora aluno de Robert e tem uma queda por Catherine.

Você deve estar se perguntando: “tá, mas é só?”. De fato, pensando no roteiro, A Prova é um filme meio paradão, afinal, além de ser um drama, é centrado em um único personagem e em seu dilema e também não é repleto de reviravoltas. Na minha visão, isso que eu falei normalmente é sinônimo de filme chato, mas esse não é o caso, vai por mim.

Se a direção de John Madden neste filme é muito melhor do que foi em seu oscarizado Shakespeare Apaixonado, o que dizer da atuação de Gwyneth Paltrow? Ela dá uma credibilidade à personagem de Catherine de forma surpreendente e está infinitamente melhor do que esteve no filme supracitado, pelo qual levou o Oscar de melhor atriz. O restante do elenco também cumpre o desejado. Também, com nomes como Anthony Hopkins e Jake Gyllenhaal, seria difícil isso não acontecer. Mas o filme é segurado mesmo, com unhas e dentes, pela atuação impecável da Sra. Martin (você deve saber que Gwyneth é esposa de Chris Martin, vocalista da minha banda preferida, o Coldplay, não é?). A loira que muitos já chamaram de “aguada” e “inexpressiva”, pelo menos neste filme dá a prova (Opa! Será que o título é meio ambíguo?) que merecia mesmo um Oscar. Como a Academia sempre costuma premiar bons atores em filmes errados, o fato dela ter levado por Shakespeare Apaixonado quase não importa, Gwyneth é uma atriz de verdade e isso é fato.

Caro delfonauta, se você procura bons atores e um drama de qualidade neste fim de semana, não se arrependerá se der uma chance a este A Prova. Se quiser ver primeiro todos os blockbusters de que tem vontade, vá em frente, mas dê um jeito para não perder esse, pois é o tipo de filme que não deve ficar muito tempo em cartaz não.