Metro Awakening é um exemplo do caminho correto a seguir. Uma coisa comum quando uma grande série lança um capítulo em VR é este ser totalmente diluído. Pegue Batman Arkham VR, por exemplo. Apesar de muito legal, ele de forma alguma tem a profundidade de um Arkham Asylum (não joguei o recente Arkham Shadow, mas este parece ser mais elaborado). Assim, você nunca sabe muito bem o que esperar.

Felizmente, Metro Awakening é um Metro completo. Uma prequência com mecânicas e exploração dignas de Metro 2033Metro Last LightMetro Exodus. Tirando o mundo aberto deste último, Metro Awakening tem tudo que você espera da série. Tem exploração linear e cheia de atmosfera. Muito tiroteio e stealth. E, claro, monstros e filtros de ar com limite de tempo.

METRO AWAKENING

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Dá até para tocar violão e piano em VR.

Tudo que você espera de um jogo Metro está aqui. Mas tudo está também um pouquinho pior. Não muito, diga-se. Ainda é bacana explorar este mundo em VR, mas a ação e o stealth sofrem com a falta de impacto tradicional de um game em realidade virtual.

Por outro lado, tem coisas que ficaram bacanas. Depois de matar uns caboclos, você não pega a munição deles apenas andando por cima de suas armas. Você deve pegar as armas, arrancar o pente, guardar o pente e jogar a arma fora. Isso nunca enjoa! Claro, você sempre pode usar as armas dos inimigos, mas elas são as mesmas que as suas e isso serve apenas como uma forma de evitar recarregar a sua no meio do sufoco.

REALIDADE VIRTUAL

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O casa desabafando comigo e eu esvaziando uma garrafa na cabeça dele. Viva o VR!

Este lado mais sinestésico é muito bom em algumas coisas. É legal arrancar as madeiras que bloqueiam seu caminho com as mãos, por exemplo. É menos legal precisar girar uma manivela dúzias de vezes para carregar sua lanterna. Mas tudo isso vem com o território. Apesar de os ataques furtivos e mesmo o tiroteio não estarem entre os melhores, parte da adaptação é justamente traduzir os controles para movimentos, para fazer você se sentir no mundo da obra.

Uma coisa que considero boa, mas que talvez divida opiniões, é que não dá para interagir com qualquer porcaria do cenário. As coisas que você pode pegar têm alguma função. Garrafas servem para distrair inimigos – ou para esvaziar na cabeça dos amigos, como estou fazendo acima. Violões e pianos são apenas lúdicos, para brincar de tocar. Mas o resto são itens, munições e coisas ativamente úteis na sua aventura. Graças ao olho furado de Odin, não dá para pegar qualquer paninho ou pedrinha que esteja jogado no Metrô.

A PRINCESA EM OUTRO CASTELO

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Como todos os jogos anteriores de Metro, Awakening é um jogo focado na história. Esta, porém, é bem simples. Uma prequência para os títulos anteriores, em Awakening você controla um sujeito cuja esposa é meio lelé da cuca. Quando ela para de tomar seus remédios para ir atrás do filho morto que acredita estar vivo, nosso herói vai atrás dela. Ele não acredita nela, mas deseja salvá-la dos perigos deste mundo pós-apocalíptico.

Ao longo do caminho, um monte de coisas estranhas vão acontecendo e todos, com exceção do protagonista, acreditam que há algo de sobrenatural. Quem está certo? Quem está errado? Aí você vai precisar jogar para descobrir. A história de Metro Awakening é contada sempre em primeira pessoa, sem tirar seu controle, o que é bacana. Mas o caminho que ela segue parece óbvio desde que as sementes começam a ser plantadas.

METRO AWAKENING: LONGO E REPETITIVO

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Metro Awakening é um bom jogo, com muitas qualidades. E valorizo muito suas ambições, especialmente em ser uma aventura Metro completa. Porém, talvez ele seja um tanto ambicioso demais nos lugares errados. A campanha é simplesmente longa demais para um jogo em VR, e se torna demasiado repetitiva pela quase nula variação de cenários.

Quem já jogou algum dos Metro, provavelmente tem exatamente estes cenários na cabeça, mas todas as aventuras anteriores têm maior variação. Assim, você logo entra em uma rotina previsível de exploração, máscara, monstros, humanos, repita. Quando há alguma variação de inimigos, como na parte das aranhas, acaba sendo ainda mais chato. Você tem um segundo para acertar a aranha, daí ela pula na sua cabeça e fica te mordendo por vários segundos sem você poder se defender. Finalmente, ela pula fora e você tem mais um segundo para dar um tiro nela. É muito chato. Especialmente quando há mais de uma aranha.

METRO AWAKENING REPETITIVO E LONGO

E se eu já estava achando repetitivo quando vi a quantidade de capítulos, fica ainda mais chatinho quando, na segunda metade do jogo, você precisa repassar por áreas que já foram feitas antes. Além disso, o cenário é sempre tão igual que se eu andava por algum tempo sem ter falas nem inimigos, ficava com a sensação que estava voltando.

Não adianta, mesmo jogos completos em VR não devem durar mais de 10 horas. É simplesmente cansativo demais ficar com aquele bagulho preso na cabeça por tanto tempo. O jogo precisa compensar isso apresentando coisas novas com frequência, o que Awakening simplesmente não faz.

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Dito isso, esta é uma série que ainda não enjoou, e eu prefiro que ela seja repetitiva do que em mundo aberto. Se você tem um PS VR2 ou algum dos outros headsets em que ele roda, Metro Awakening é uma indicação fácil. Mas não é o jogo que vai dar uma razão para adquirir um.