No começo do DELFOS, lá em 2004, alguns gêneros de cinema estavam em moda, ambos sem criatividade alguma. Refiro-me a paródias de filmes famosos e remakes falados em inglês de terror japonês. Modas vêm e vão. Tivemos super-heróis e tantas outras. Mas a pedida de 2024 para os filmes de baixo orçamento são as paródias de terror com personagens infantis. Obviamente, A Maldição de Cinderela é uma delas.

CRÍTICA A MALDIÇÃO DE CINDERELA

Esta é a quarta crítica relacionada que escrevo. As anteriores foram Ursinho Pooh 1Ursinho Pooh 2, e Alice no País das Trevas. E a essa altura qualquer novidade que o gênero apresentava já foi empurrada para baixo do tapete como a poeira na sala da Cinderela. Eu sinceramente não sei – nem vou pesquisar – se estes filmes são feitos pela mesma empresa, produtores e afins (pelo menos a atriz Natasha Tosini está neste e num dos Ursinhos Pooh). Mas o fato é que todos eles se aproveitam dos personagens infantis entrando em domínio público para fazer quase a mesma coisa.

Os filmes do Ursinho Pooh talvez sejam os mais interessantes, por serem uma continuação para a história que conhecemos. Os outros basicamente recontam a história conhecida, com mais sexo e crueldade, e muito menos iluminação. Em A Maldição de Cinderela, por exemplo, todo mundo é do mal. Quem sempre foi mau, como a madrasta, aqui vira um psicopata assassino. Mas nem o Príncipe Encantado ou a Fada Madrinha escapam desta tentativa de chocar.

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Sentimentos de Carrie?

Curiosamente, a história de Cinderela em versão mais adulta fica muito parecida com Doce Vingança ou Carrie. Basicamente, vemos a protagonista sendo humilhada por absolutamente todos a seu redor. Daí no clímax ela fica de saco cheio e é hora da vingança. Sim, dá muito sensação de estarmos assistindo a um Carrie piorado e com menos orçamento.

CINDERELA, A ESTRANHA

Maldição de Cinderela, Paródias de Terror, Kelly Rian Samson, Louisa Warren, DelfosO curioso é que a maquiagem e o figurino não parecem feitos a toque de caixa. Verdade, a maquiagem faz com que todos os machucados pareçam bolinhos de carne impossíveis de entender, mas é nojento o suficiente. As roupas, especialmente dos nobres, parecem caras, como de fato seria em um baile com os maiores almofadinhas da sociedade.

O mais estranho é que essas qualidades são sacrificadas em uma qualidade de imagem péssima. O filme é escuro e parece ter sido filmado em baixa resolução com câmeras digitais de brinquedo.  E sei lá, parece mais fácil investir numa câmera decente do que em maquiagem.

O filme é basicamente um torture porn em que a Cinderela é a vítima, já que pega muito mais pesado nos abusos e na violência em geral. Daí quando a coisa vira, fica meio comédia. É impossível não rir do uso que a protagonista faz de seus famosos sapatinhos de cristal.

RELAÇÕES COM A HISTÓRIA

Como A Maldição de Cinderela definitivamente não é para crianças, ele coloca de volta algumas coisas da história original que foram tiradas para diminuir o choque. Um exemplo é a mutilação dos pés de uma das irmãs malvadas para conseguir calçar o sapato de cristal, que aqui ganha novos contornos em uma cena repleta de crueldade.

Com algumas boas ideias e o apelo universal da vingança, A Maldição de Cinderela não é tão porcaria quanto Alice no País das Trevas. Mas de forma alguma tome isso como uma recomendação minha. Não, meu camarada. Todos já sabíamos disso antes mesmo de esta resenha nascer, mas este é o tipo de filme ao qual eu assisto para você não assistir. Se quiser agradecer meu eterno e penoso sofrimento, a gente está começando uma nova campanha de financiamento coletivo no Apoia.se.