Está é nossa crítica Os Estranhos Capítulo 1, a segunda sequência tardia de uma série para a qual um filme já era muito. Eu resolvi reler minha crítica do filme de 2008 (aproveite e leia também a da sequência de 2018) e nunca senti uma autossabotagem tão grande. Isso porque absolutamente tudo que eu pretendia falar deste Capítulo 1 eu já falei em 2008, e aí incluo a comparação com o excelente Violência Gratuita. Mas vamos lá, se Hollywood refez o filme, vou refazer também minha crítica. E garanto que este texto vai ficar muito mais diferente do anterior do que esta suposta prequência.

CRÍTICA OS ESTRANHOS CAPÍTULO 1

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Em Os Estranhos Capítulo 1, acompanhamos um casal em uma viagem. O carro deles quebra em uma pequena cidade e eles são obrigados a passar a noite lá. Sabe que isso já aconteceu comigo, exatamente da mesma forma? Graças a meu papagaio, no entanto, no dia seguinte peguei o carro arrumado e segui viagem, sem nenhum acontecimento traumático além do doloroso pagamento financeiro.

Como este é um episódio da série Os Estranhos, é claro que nosso novo casal preferido recebe uma visita dos estranhos do título durante a noite. São as mesmas máscaras dos outros filmes, e exatamente o mesmo modus operandi. E justamente isso é o que mais me encheu o saco.

MAXIMIZANDO O MEDO

Os invasores não estão lá em busca de satisfazer apenas sua bloodlust. Eles não querem apenas matar, querem aterrorizar. E o roteiro exagera tanto nisso, de formas tão absurdas, que a coisa fica mais engraçada do que qualquer outra coisa. As atitudes dos estranhos não fazem o menor sentido narrativo, e seguem apenas o mais absoluto clichê dos filmes de terror, a enorme prejuízo para a trama. Vou te dar um exemplo sem spoiler.

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Em determinada cena, alguém bate na porta. Quando o casal abre, a vilã está parada longe da porta, onde fica imóvel encarando os protagonistas. A maioria das pessoas não imagina o outro lado, mas eu imaginei. Fiquei pensando na moça batendo na porta e saindo correndo e se arrumando na pose mais assustadora que conseguiu, esperando o casal abrir a porta. De alguma forma, este filme cômico seria melhor do que Os Estranhos Capítulo 1. Mas, ei, este filme já existe, e se chama Behind the Mask, em que clichês dos slashers são elaborados do ponto de vista do assassino.

Behind the Mask vale muito a pena. Os Estranhos Capítulo 1 não. Sabe que outro filme de terror é meio o que Os Estranhos deveria ser? Sabe sim, pois já falei dele.

VIOLÊNCIA GRATUITA

A história é exatamente a mesma. Invasores sádicos entram em uma casa para aterrorizar a família apenas porque sim. Porém, Violência Gratuita elabora como uma invasão dessas realmente seria. Eles não ficam aparecendo em segundo plano, de forma que apenas o espectador os veja.

Tudo que eles fazem faz sentido, e faz a trama andar. Os Estranhos Capítulo 1 é quase um videoclipe do Marilyn Manson. Uma coleção de cenas absurdamente clichês que já foram feitas melhor em centenas de filmes anteriores. Mas mesmo nesses filmes já era clichê. São basicamente cenas que não deveriam mais acontecer no cinema a não ser em comédias e paródias.

OS ESTRANHOS É UM SLASHER SEM NADA DE ESPECIAL

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Ainda ontem estava conversando como gosto das bandas de metal que exageram nos clichês atualmente (tipo Gloryhammer ou Dragonforce, mas especialmente Angus McSix), se tornando assim mais divertidas. Fiz até uma comparação que Angus McSix está para o heavy metal como Chucky está para o slasher. Ou seja, pega algo que sempre foi bobo, e torna ainda mais bobo, a ponto de divertir quem faz e quem assiste.

Qual a diferença disso para Os Estranhos? É aquilo que em inglês separa o “rir de” do “rir com”. Angus McSix e Chucky são ridículos. Mas fazem isso sabendo que são ridículos. Usam clichês e exageros propositalmente, sabendo que são clichês e exageros. Ao entrarem na piada, todo mundo ri junto. É a mesma coisa em filmes de ação como Velozes e Furiosos ou Missão Impossível.

Os Estranhos Capítulo 1? Ele usa estes clichês que já eram velhos desde o primeiro Halloween, e se leva ainda mais a sério do que o clássico de John Carpenter. Acredita que está trazendo algo de novo para um gênero extremamente cansado, mas apenas repete cenas formulaicas e velhas. E daí se torna apenas ridículo. E a gente ri dele, ao invés de rir com ele. Os Estranhos Capítulo 1 está para os filmes de terror como o Manowar está para o heavy metal. Mas o Manowar ainda consegue ser menos ridículo.