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É impossível para mim escrever uma crítica Amado sem citar o Tropa de Elite. Então não vou nem tentar. Isso não significa que são filmes iguais, mas que trazem algumas semelhanças que fazem um lembrar do outro. Em especial, o protagonista incorruptível.

CRÍTICA AMADO

Porém, não se engane, meu auspicioso e querido leitor. Amado, o protagonista de Amado, não é um herói. Longe disso. Você pode vir a amá-lo (rá!) assim como muitos amam o Capitão Nascimento, mas o longa deixa claro que ele não é flor que se cheire. Amado é incorruptível, mas não é um herói. Mais que o Capitão Nascimento, aliás, ele lembra mesmo é o Justiceiro, matando indiscriminadamente e se considerando juiz, júri e executor. Ou, quem sabe, o Juiz Dredd. Mas Amado não é um testosterona total e, embora haja tiroteios e ação aqui, ele é mais focado no drama. E, como é um filme brasileiro, com uma história dentro da nossa realidade, vamos manter a comparação com o maninho Nascimento.

Amado estabelece muito rapidamente os valores de seu protagonista. Quando ele recusa um suborno, logo no início, acaba se indispondo com um superior corrupto que torna sua vida um inferno. É basicamente o contrário de Tropa de Elite. No filme do José Padilha, o incorruptível torna a vida dos corruptos um inferno. Aqui o poder está nas mãos do sistema.

Crítica Amado, Amado filme, Amado, Brasil, Nacional, DelfosDiante dessa premissa, Amado se desenvolve como um drama com cenas de ação, mostrando como o protagonista reage às pressões do alto escalão que pressionam pela sua corrupção. Não há o humor do colega mais famoso – é tudo bem sério e dramático. Porém, como é basicamente uma história entre policiais, acaba ficando menos pesada para nós, civis, do que o Tropa de Elite. É mais fácil de assistir a este apenas como uma ficção, se é que isso faz sentido.

VOCÊ É MUITO AMADO

Outra diferença entre o blockbuster e este é que aqui temos uma narrativa bem mais lenta e ponderada. Amado não é um filme estilo “geração MTV”, frenético e rápido. Aliás, é o contrário disso. É surpreendente quão pouco de fato acontece em seus cerca de 90 minutos.

Narrativa lenta tem seus predicados, claro. Faz os personagens serem bem desenvolvidos e fica fácil entender suas motivações. Na primeira cena, você vai ficar com nojo do Amado, mas ao longo do filme, passa a entendê-lo, e torcer para ele. Mesmo os corruptos são bem desenvolvidos. Nojentos, mas compreensíveis.

Amado é, portanto, um filme que se passa em uma realidade brasileira que nos é mais atual do que o tradicional tema “ditadura”. Em meio a tantos filmes que se passam em Nova Iorque, com a realidade de lá, é refrescante ver um bom filme nacional mais próximo do nosso dia a dia. Foi isso, afinal, que tornou Tropa de Elite tão popular. Amado não é tão pop, mas também é bom, e vale a sessão para aqueles que curtem uma narrativa mais ponderada.