10.000 A.C.

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Esse filme sempre me chamou muito a atenção. O nome é atraente e os pôsteres, mais ainda. Dada toda a campanha de divulgação, era seguro imaginar que veríamos aqui bestas enormes e perigosos animais selvagens. Bom, até vemos isso, mas esse não é o foco de 10.000 A.C. que, contrariando as expectativas, é um filme de ação bem genérico.

A sinopse seria mais ou menos assim: caçador incompreendido tem sua fêmea levada por guerreiros misteriosos, junto com grande parte da sua tribo. Assim, ele se junta aos poucos caçadores que restaram numa jornada para salvar sua patota.

Logo no início, sabe o que esse filme me lembrou? Apocalypto. Sim, eu sei, isso também me dá medo. Felizmente, qualquer um, até o Roland Emmerich, é capaz de fazer filmes melhores do que o Honey Gibson e 10.000 A.C. realmente coloca sua contraparte maia no chinelo.

Apesar disso, durante toda a projeção e, em especial, do momento em que os guerreiros malvados chegam à sua civilização em diante (que, aliás, você pode ver qual é no próprio pôster aí do lado), a sombra de Apocalypto permeia toda a projeção. A impressão que dá é que nosso amigo Rolando assistiu ao filme do cristão sadomasoquista e quis um para ele também. Hum… mas se já usaram os maias, o que ele poderia usar? A resposta está naqueles que alguns dizem terem vindo das estrelas e outros, do mar, quando a terra deles afundou.

O principal problema é que 10.000 A.C. é tão clichê que deveria se chamar 10.000 A.C. – Monstro. Desde o início, você já sabe exatamente quem vai morrer, qual dos vilões é o mais bonzinho e tudo mais.

Para piorar, se você for como eu e tiver dificuldade de diferenciar estadunidenses (tipo, da primeira vez que você assistiu ao Senhor dos Anéis ficou o filme todo achando que o Aragorn e o Boromir eram a mesma pessoa – ou será que isso só aconteceu comigo?), esse negócio é uma confusão só. Acontece que todos os personagens têm cabelo rastafari e todos os homens têm cavanhaque. A única que conseguia saber imediatamente quem era é a moçoila, talvez por ela ser a única de olhos azuis, mas principalmente por ela não ter cavanhaque.

Quando eu estudei na ESPM, eu reparei que todos os profissionais de marketing usavam o mesmo tipo de cavanhaque – inclusive as mulheres. Será possível que a tribo principal do filme sejam os antepassados dos marketeiros? Aliás, desde quando homens pré-históricos tinham cavanhaques bem barbeados e bem cuidados? Pô, eu queria saber qual creme de barbear eles usam para usar também.

Dúvidas pessoais à parte, o fato é que 10.000 A.C. é um filme de ação como qualquer outro. Aliás, é bem provável que tenham pego exatamente o roteiro de qualquer longa “mancebo salvando donzela” e simplesmente o adaptaram para a pré-história. E convenhamos, aquela cena do dentes-de-sabre é tão forçada e absurda que poderia estar em Adrenalina. Mas no caso deste, que é sério, isso é negativo.

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Carlos Eduardo Corrales
Editor-chefe. Fundou o DELFOS em 2004 e habita mais frequentemente as seções de cinema, games e música. Trabalha com a palavra escrita e com fotografia. É o autor dos livros infantis "Pimpa e o Homem do Sono" e "O Shorts Que Queria Ser Chapéu", ambos disponíveis nas livrarias. Já teve seus artigos publicados em veículos como o Kotaku Brasil e a Mundo Estranho Games. Formado em jornalismo (PUC-SP) e publicidade (ESPM).
10-000-a-cPaís: EUA<br> Ano: 2008<br> Gênero: Ação<br> Roteiro: Roland Emmerich e Harald Kloser.<br> Diretor: Roland Emmerich<br>