X-Men: Dias de um Futuro Esquecido

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Agora que você já conferiu como foi a coletiva, hora de falarmos sobre o filme em si.

Há muito tempo eu estava esperando por X-Men: Dias de um Futuro Esquecido. Primeiramente porque ele é uma sequência direta para o Primeira Classe, que apesar de tudo foi um filme deveras digno. Mas também porque a história que eles escolheram adaptar trazia uma chance de “consertar” as coisas quanto à primeira trilogia e unir tudo numa só X-Franquia.

Quando começaram a anunciar os retornos do elenco original, ficou claro que Bryan Singer estava mesmo aceitando este desafio, e como ele faria isso dar certo era a questão que deixou todos nós curiosos. Portanto, eu sei que você pretende ver o filme independente do que eu te disser. Então olhe os alfredinhos aqui ao lado, e fique tranquilo, pois não foi nenhum desastre. O que deu certo e o que não deu é o que discutiremos agora.

A X-SINOPSE

O filme abre em um futuro distópico, onde os Sentinelas massacram impiedosamente os mutantes e seus defensores humanos. Kitty Pride e seu grupo – que conta com Bishop, Colossus, Apache, Mancha Solar, Blink e Homem de Gelo – continua sobrevivendo graças à habilidade de Kitty de mandar Bishop de volta no tempo para avisá-los cada vez que ocorre um ataque. Unidos por este terrível inimigo comum, Professor X e Magneto pedem a ajuda de Kitty no que pode ser a última chance de cortar toda a desgraça pela raiz: voltar até 1973 e impedir a Mística de matar Bolívar Trask, o criador dos Sentinelas, pois foi este ato que desencadeou o aperfeiçoamento que tornou os robôs gigantes invencíveis.

A própria Kitty poderia voltar, já que Ellen Page ainda está com a mesma cara de menininha; mas uma viagem tão grande no tempo despedaçaria a mente de qualquer um, a não ser a do Wolvie, com seu sempre útil poder de regeneração. Sendo assim, aqui é ele quem volta até os anos 70, e parte para reunir os jovens Charles Xavier e Erik Lensherr e ir atrás da Mística a tempo. Tarefa que não será tão simples, já que Charles não está exatamente “em forma”, e Erik está numa prisão de segurança máxima, acusado de assassinar ninguém menos do que o presidente John F. Kennedy.

AS X-QUALIDADES

A maior parte do tempo do filme é passado neste conflito: reunir os dois BFFs, que continuam radicalmente opostos em suas visões em relação aos humanos, e tentar alcançar a Mística, antes que ela passe definitivamente para o lado negro da força e consequentemente condene a todos. Jennifer Lawrence está ótima mostrando as muitas facetas da Raven, mas o brilho continua com a dupla do Primeira Classe.

James McAvoy entrega muito bem este momento mais vulnerável e incerto do Charles, e aproveita muito bem a atenção que o roteiro dá ao seu desenvolvimento. E de novo, Michael Fassbender sozinho já faz valer o ingresso do filme. Não sei se foi mesmo o caso, mas vendo as duas versões do vilão no mesmo filme, me pareceu que o Fassbender tentou assemelhar ainda mais sua performance à de sua contraparte mais velha. Na cena em que ele e o Charles estão discutindo dentro do avião, eu quase pude ouvir Sir Ian McKellen! Talvez tenha sido só impressão minha, mas de qualquer forma, o Magneto novamente ganha o filme e confirma seu status de Tremendão.

Mas para ser justa, num filme com um elenco tão grande (acredite, aquilo na ficha técnica ainda não é tudo!), o nível das atuações se manteve bem alto. Peter Dinklage como Bolívar Trask, por exemplo, está tão bem quanto se espera dele. E apesar de eu achar que o Wolverine já está ficando saturado, Hugh Jackman também continua eficiente, provendo boa parte do humor (o resto vem em referências mais sutis, mas também muito boas).

E já que eu entrei no assunto de destaques do elenco e de partes humorísticas, não posso deixar de citar a grande surpresa do filme: o Mercúrio, cujo visual vinha causando controvérsias entre os fãs. Não se preocupe, pois apesar de breve, a cena de ação dele é forte candidata à melhor deste filme, e devo dizer que não vai ser fácil para Aaron Taylor-Johnson, que vai viver o personagem em Vingadores 2, superar esta versão de Evan Peters. E por sinal, espero que o Evan passe a aparecer mais no cinema a partir de agora. O rapaz é talentoso.

E mesmo os coadjuvantes que não aparecem tanto acabam agradando. Isso porque o filme admite que não haveria tempo para desenvolvê-los, e então os aproveita da melhor forma que é possível aqui: mostrando seus poderes nas cenas de ação. Cenas estas que estão tão grandiosas e memoráveis quanto as do X-2. Nestas do futuro, o grande destaque é a Blink, a mutante interpretada pela fofa Fan Bingbing (eu ainda não consigo ler o nome dela em voz alta sem rir), que tem o poder de jogar Portal na vida real.

OS X-DEFEITOS

Quem acaba não tendo tanto impacto é justamente aquele pessoal que gerava mais especulação se iria retornar ou não. Não vou entrar em detalhes para evitar spoilers, mas digamos que, como eu já comentei na matéria da coletiva, o filme não se esforça para responder as perguntas que a trilogia original deixou. Então, se você queria mesmo ver a cronologia alinhadinha, ou descobrir como diabos o Xavier não morreu depois de ser desintegrado, melhor deixar isso para lá. Honestamente, eu acho que não fez grande diferença aqui, nem negativa nem positivamente, porque esse não foi mesmo o foco. Dependendo de como eles lidarem com isso nos próximos filmes, voltaremos a este tópico.

Na verdade, a grande causa pela qual este filme não leva o Selo Delfiano Supremo é a mesma que abaixou a nota do Primeira Classe: os furos de roteiro. Claro, desde o começo a gente sabia que teria de ignorar alguns detalhes, como o fato de que Bolivar Trask foi interpretado por Bill Duke no X-3 e agora virou o Tyrion Lannister. Mas outras coisas simplesmente não dá para deixar passar.

Eu vou citar o maior exemplo aqui, mas ele é um leve spoiler, então esteja avisado. Em uma cena, Trask está tentando vender seu peixe – ou melhor, seus Sentinelas – às autoridades, e diz a eles que os robôs foram construidos sem usar absolutamente nenhum metal. Mas o Magneto passa grande parte das cenas finais manipulando os bichões. Foi um erro tão deslavado que eu fiquei me perguntando se não tinha deixado passar algum detalhe ou se tinha entendido alguma coisa errada. Mas quando o Corrales comentou a mesma coisa, percebi que não era o caso.

O CONFRONTO FINAL

Citando novamente o Corrales, eles basicamente conseguiram deixar o negócio tão confuso quanto é nos quadrinhos. E, no entanto, eu continuo convicta dos cinco alfredos. Isso porque, apesar de ter inconsistências enormes e erros bem feios, o Dias de um Futuro Esquecido é tão empolgante e divertidão que você provavelmente vai curtir assim mesmo. Pode ser até que ele vire o seu preferido entre todos os X-Filmes. Corra para o cinema, descubra, e então volte para nos contar aqui nos comentários!

CURIOSIDADES

– Meninas (e meninos e demais interessados): se as críticas negativas te impediram de ver X-Men Origens: Wolverine, saiba que aqui temos outra chance de ver o bumbum do Hugh Jackman.

– Se você prestou atenção no easter egg mais inesperado do filme, tenha uma vida longa e próspera.

– Espere pela cena pós-créditos. Vale a pena.

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Nota
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Joanna Lis
Delfonauta desde pré-adolescente, se tornou delfiana oficialmente em 2012. Não consegue gostar de nada casualmente e estuda Letras só para adquirir base teórica para fazer melhor o que sempre fez por hobby: analisar obsessivamente e escrever longas dissertações sobre Cultura Pop.
x-men-dias-de-um-futuro-esquecidoPaís: EUA<br> Ano: 2014<br> Gênero: Ficção Científica/Ação<br> Duração: 131 minutos<br> Roteiro: Simon Kinberg, Matthew Vaughn e Jane Goldman<br> Elenco: James McAvoy, Michael Fassbender, Hugh Jackman, Jennifer Lawrence, Patrick Stewart, Ian McKellen, Ellen Page, Peter Dinklage, Evan Peters, Nicholas Hoult, Fan Bingbing, Halle Berry, Shawn Ashmore, Omar Sy, Adan Canto, Booboo Stewart e Daniel Cudmore.<br> Diretor: Bryan Singer<br> Distribuidor: 20th Century Fox<br>