A essa altura, todo mundo já sabe o que é um roguelike. Porém, o que dizer quando o jogo parece mais um outro roguelike do que o próprio Rogue? É o caso de West of Dead, um roguelike que traz o mesmo funcionamento e estrutura do extremamente bem sucedido Dead Cells.
WEST OF DEAD
Vamos começar falando de West of Dead propriamente dito: ele é um twin-stick shooter que se passa em um velho oeste sobrenatural. Seu visual é absurdamente estiloso, lembrando até os quadrinhos da Vertigo.
O prato principal, no entanto, é o combate. Trata-se de um combate bastante diferenciado e satisfatório, no qual claramente os desenvolvedores depositaram uma enorme dose de carinho. Apesar dos controles tradicionais do gênero, em que você usa a alavanca direita para mirar e a esquerda para se movimentar, a sensação de jogar West of Dead é totalmente diferente de, por exemplo, um Dead Nation.
Isso porque aqui é necessário usar coberturas. Seu personagem, um cowboy que parece o Motoqueiro Fantasma, assume cobertura automaticamente ao se aproximar de uma. E uma vez ali, pode atirar em segurança, pelo menos até os bandidos destruírem a desgramada.
As armas também funcionam de forma bem diferente. Os rifles, por exemplo, devem ser “carregados” segurando o botão de tiro, para terem máximo dano. Escopetas, por outro lado, atiram várias vezes seguidas, desde que você segure o botão. Não há muitos tipos de armas, mas West of Dead faz mais esforço para diferenciá-las do que um shooter padrão.
Na minha primeira jogada, eu fiquei bem empolgado com a combinação “controles + visual”. Mas claro, eu sabia que ele era um roguelike, e que portanto minha diversão seria limitada. Ou melhor, ele é um…
DEAD CELLS LIKE
West of Dead se apropria de muitas coisas que o Dead Cells trouxe para o gênero. Por exemplo, após matar um chefe, você ganha habilidades que permitem “pular” algumas fases, abrindo caminhos que anteriormente estavam inacessíveis.
Outra coisa que ele puxa direto de seu primo famoso é o uso de upgrades. Os definitivos são conquistados depositando “pecados” entre as fases no que você deseja adquirir, e a coisa só é desbloqueada quando você depositar a quantidade total. Esses upgrades envolvem a simples possibilidade de algumas armas aparecerem no jogo, ou coisas mais úteis, como poções de cura.
Daí tem os temporários, que só servem para aquela partida. Esses estão em altares espalhados pelas fases, normalmente em caminhos alternativos. Eles permitem melhorar uma de três categorias: vida, dano e habilidades. E é basicamente isso. Se você jogou Dead Cells, vai sacar imediatamente como tudo funciona.
PUNIÇÃO-LIKE
Meu problema com West of Dead é justamente ele ser um roguelike. Falta-me tempo e paciência para jogar um game como esse até o fim. Durante as horas que passei com ele, eu simplesmente não aguentava mais jogar a primeira fase, de tantas vezes que passei por ela.
Isso fica ainda mais grave porque as fases são muito repetitivas. Não só os cenários são parecidos, mas todas elas alternam corredores e salas de combate de forma bastante monótona.
Muitas coisas poderiam ser feitas para que West of Dead fosse menos punitivo. Poderia haver seleção de fases. Seus upgrades temporários poderiam ser definitivos, o que faria com que literalmente cada nova partida ficasse mais fácil do que a anterior. Eu joguei cerca de três horas até conseguir matar o primeiro chefe, e adquirir a primeira habilidade que possibilitava pular fases e se teleportar entre pontos da mesma fase. Ou seja, demorou três horas simplesmente para que eu fizesse qualquer progresso definitivo no jogo. E, quando destravei isso, eu simplesmente não aguentava mais jogar as mesmas fases.
Ainda me forcei a jogar mais algumas vezes depois disso, mas pular as fases se mostrou algo perigoso. Dá para passar da primeira para a quarta, mas isso significa que você perde a chance de upar seu ataque e sua vida. E o jogo tem aquele funcionamento tradicional de RPG, de que você fica mais forte, mas seus inimigos também, então no final fica tudo igual. Porém, pular três fases significa que você não ficou mais forte. Assim, os inimigos que antes precisavam de três tiros para cair, começam a exigir de dez a vinte. Daí complica.
Dead Cells provavelmente é o melhor roguelike, graças à sua jogabilidade gostosa. West of Dead também é bem divertido. Eu consigo imaginar fãs de rogues se divertindo tanto aqui quanto em Dead Cells. Porém, como todo jogo nessa categoria, ele exige muito tempo, tolerância a repetição e dedicação. É como já falei outras vezes… Roguelikes são legais para quem tem poucos jogos e muito tempo. E eu sou o oposto disso.