Segue nos Estados Unidos o litígio entre as herdeiras de Jerry Siegel (a viúva Joanne Siegel e sua filha Laura Siegel) e a Warner Bros. FNORD! sobre os direitos do Superman. E o caso teve uma decisão surpreendente na última quarta-feira.
Segundo a Variety, o juiz que cuida do caso, Stephen Larson, decidiu que a família Siegel recuperou os direitos sobre as histórias de Action Comics #1, Action Comics #4, páginas 3 a 6 de Superman #1 e as duas primeiras semanas de tiras de quadrinhos do personagem, publicadas em jornais estadunidenses. A alegação da família Siegel é que estas histórias e tiras foram feitas antes do escritor vender os direitos sobre o personagem para a National Comics, em 1938, e reaproveitadas pela editora nas edições mencionadas.
Ok, mas quais as consequências disto? Bem, esta decisão dá às herdeiras de Siegel os direitos sobre a origem e os conceitos básicos do personagem: o bebê sobrevivente de outro planeta, os pais Jor-El e Lora, Superman como Kal-El, e o foguete lançado ao espaço enquanto Krypton explode. No ano passado, as herdeiras já haviam recuperado os direitos sobre a roupa do herói, Clark Kent como o Superman e sua relação com Lois Lane, além do emprego dos dois personagens para o Planeta Diário sob o comando de um “editor rabugento”.
Se você percebeu, estes são os elementos essenciais de uma história de origem do Homem de Aço. Desta forma, se a Warner ou a DC quiserem utilizar esses conceitos nos quadrinhos ou adaptações cinematográficas, terão de negociar com as herdeiras de Siegel de agora em diante.
Isso pode ser algo realmente ruim para o primeiro super-herói dos quadrinhos. Joanne e Laura já demonstraram mais de uma vez a vontade de obter o maior lucro possível em cima do trabalho de Siegel e Shuster, testando a paciência da Warner e da DC ao máximo. Mas apesar de Siegel e Shuster serem os criadores do personagem, grande parte da mitologia do herói foi criação da DC Comics, inclusive vários poderes clássicos do herói, como o vôo, a visão de calor e a visão de raios-x. Teoricamente, Laura e Joanne poderiam negociar estes direitos com qualquer outra editora (a Marvel, por exemplo), tirando o personagem da DC. No entanto, tal editora nunca poderia utilizá-lo como o conhecemos, apenas uma versão aleijada. Se a DC quisesse manter o Superman, teria de mudar o nome e alterar completamente sua origem, o que não é nem um pouco saudável para ela já que afastaria os fãs. Eliminá-lo também não é uma opção, afinal quase todo o universo DC foi construído em cima da mitologia do Superman.
Resta saber como essa história vai acabar. Ficamos na expectativa de um acordo final dos Siegel com a DC, em nome da preservação do maior herói dos quadrinhos.