Viagem Maldita

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Admito que esse era um dos filmes mais esperados do ano por mim e agora, mais ou menos uma hora depois de ter saído da sessão de imprensa do dito cujo (que aconteceu há mais de um mês), estou tomado por um sentimento enorme de decepção.

Para quem não sabe, Viagem Maldita é um remake de um grande clássico do terror chamado Quadrilha de Sádicos, filme de 1977 dirigido pelo então tremendão Wes Craven, o mesmo que criou Freddy Krueger e a trilogia Pânico.

Quem acompanha o DELFOS já sabe que sou fã do cara, principalmente por causa do Freddy, mas não dá para negar que ele anda em uma péssima fase. Mas não adianta, assim como o Bruno continua sendo fã do Metallica, eu continuo sendo fã de Craven.

Mas calma lá, Viagem Maldita não é dirigido por Wes, mas por Alexandre Aja. Pois é, pode crer, tá louco, só. Mas como eu não assisti o original, temos apenas duas opções: ou esse remake assassinou tudo que tinha de bom ou o filme de Craven já era um lixo.

Como assim – o delfonauta, pergunta – quarto parágrafo e ainda nada de sinopse? Ok, ok. É o seguinte: uma família vai viajar e decidem fazer o caminho mais longo porque queriam ver o deserto. Big mistake. Lá eles vão conhecer uma outra família, com gostos alimentares refinados e cuja idéia de entretenimento é um tanto… bem… sádica. Ah, sim, e eles são deformados.

Pronto. Satisfeito? Parece legal não? Pois é, mas não é. Tome clichê atrás de clichê durante toda a projeção. Prepare-se para sombras correndo de um lado para o outro da imagem enquanto o protagonista está de costas, câmeras seguradas na mão enquanto ouvimos uma respiração, bichinhos saindo de lugar nenhum junto com o aumento da música, (início de spoiler) vilões que ressuscitam depois de mortos e outros que se sacrificam para salvar o protagonista (fim de spoiler). Poxa, até as maquiagens dos deformados são clichê.

Ainda parece legal? Bom, se você acha que o fator gore é o mais importante em um filme de terror, talvez consiga tirar alguma diversão, mas vá sabendo que defeitos permeiam a fita. Dou um grande exemplo no próximo parágrafo.

Spoiler: Todos os mocinhos que morrem no filme morrem na mesma cena. Ridículo, não? fim do spoiler.

Além de tudo isso, as coisas demoram muito a acontecer, nenhum dos personagens é carismático o suficiente e o filme ainda é completamente desprovido de humor. E o tema ainda é tão parecido com o de O Massacre da Serra Elétrica que parece quase um remake dessa outra série. Só que, claro, extremamente piorado.

Resumindo, se você quer um bom filme de terror, fique com O Albergue. Mas se você decidir ser teimoso e ir assistir a essa porcaria mesmo assim, não diga que não avisei.

Curiosidades:

– O Quadrilha de Sádicos original foi o que revelou para o mundo o careca Michael Berryman, um cara tão feio, mas tão feio, que nem deve ter usado maquiagem para se passar por deformado.

– Michael Berryman faria toda a sua carreira repetindo basicamente o mesmo papel que o consagrou, inclusive com participação em comédias adolescentes como o divertido Mulher Nota 1000 e clipes do Mötley Crüe.

– Um dos mocinhos deste filme é um irreconhecível Aaron Stanford, que os nerds vão preferir chamar de Pyro. Só que enquanto o cara detonou no filme dos mutantes, aqui ele preferiu ser só mais um personagem genérico de terror. Uma pena.

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Nota
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Carlos Eduardo Corrales
Editor-chefe. Fundou o DELFOS em 2004 e habita mais frequentemente as seções de cinema, games e música. Trabalha com a palavra escrita e com fotografia. É o autor dos livros infantis "Pimpa e o Homem do Sono" e "O Shorts Que Queria Ser Chapéu", ambos disponíveis nas livrarias. Já teve seus artigos publicados em veículos como o Kotaku Brasil e a Mundo Estranho Games. Formado em jornalismo (PUC-SP) e publicidade (ESPM).
viagem-malditaPaís: EUA<br> Ano: 2006<br> Gênero: Terror<br>