Van Halen – Tokyo Dome Live in Concert

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Quando o Van Halen anunciou a volta do vocalista David Lee Roth, as expectativas do mundo todo foram às alturas. Afinal de contas, parecia ser a volta triunfal de uma das maiores bandas de Rock do mundo. Eis que eles não decepcionaram e lançaram o excelente A Different Kind of Truth,e isso não só fez o mundo regozijar como aumentou ainda mais as expectativas para o que viria a seguir.

Pois bem, o tempo foi passando e a pressão por um novo lançamento aumentou. O curioso é que, mesmo tanto tempo depois do lançamento do álbum, a banda resolveu não lançar um novo álbum de inéditas e sim um disco ao vivo. Andre Matos uma vez nos contou que o mercado fonográfico mudou e que não valia mais a pena lançar um disco de inéditas a cada dois anos, o que pode explicar o motivo do Van Halen ter optado por um lançamento ao vivo. Mas, se eles estavam pensando no mercado ou só estavam sem saco para um novo disco de inéditas, nós nunca saberemos.

E isso não importa, no fim das contas. Tokyo Dome Live in Concert é um excelente registro e entrega rigorosamente tudo que se espera de uma banda do tamanho do Van Halen, além de nos mostrar que os velhinhos ainda têm bastante lenha para queimar. Quer saber os motivos? Vamos lá.

MIGHT AS WELL JUMP!

O motivo principal para este novo álbum também ser agraciado com o Selo Delfiano Supremo -assim como o anterior – foi ele mostrar que o Van Halen ainda consegue ser uma banda divertidíssima e executar suas composições com maestria.

O tempo também parece não ter passado para os irmãos Van Halen, pois Alex e Eddie continuam executando seus instrumentos com uma perfeição digna dos velhos tempos. Eu sinceramente me espantei ao ver a performance impecável deles em músicas extremamente técnicas como Romeo Delight e Chinatown. E isso é algo a ser reconhecido, visto que vivemos em um mundo onde músicos mais jovens que eles já demonstram ter perdido capacidade técnica – Lars Ulrich e Kirk Hammet, estou falando com vocês.

Porém, não se pode dizer o mesmo de David Lee Roth. O vocalista claramente sofreu as consequências do passar do tempo e sua voz já não tem mais o mesmo alcance dos tempos áureos. Contudo, isso acaba não sendo muito relevante, pois ainda que o alcance seja menor, ele ainda é bastante alto, e Roth conseguealcançar ótimos resultados.

E se você sentia falta de Michael Anthony, acho que não sentirá mais. Wolfgang Van Halen, filho de Eddie, está absolutamente entrosado com a banda e é simplesmente perfeito – tanto no backing vocal quanto no baixo. Ele já havia mostrado no álbum anterior que possuía qualidades técnicas que o capacitavam para estar na banda, e depois desse disco não será mais necessário tratá-lo como uma “novidade” mas sim como um músico estabelecido.

I’LL WAIT UNTIL YOUR LOVE COMES DOWN

A animação do vocalista é incrível. Você realmente consegue sentir que ele está se divertindo durante a apresentação, e isso é essencial em uma banda de Hard Rock. É sério, ele está divertidíssimo – basta ver seu momento solo em EverybodyWants Some!, que é simplesmente impagável.

A energia das músicas se encontra na empolgação da banda e não na perfeição técnica, e por isso a involução técnica de David acaba não sendo relevante. Eu o compararia a Robert Plant, que hoje em dia também não alcança as notas que alcançava nos tempos áureos mas ainda possui a energia necessária para entregar grandes performances.

A ordem das músicas foi muito bem pensada, pois músicas mais calmas como I’ll Wait e Hear About It Later demoram para aparecer e, quando aparecem, não esfriam o show como baladas costumam fazer. É claro que algumas gratas surpresas aparecem, como a versão Hard Rock de Oh, PrettyWoman, além de o riff de Smoke On the Water ao fim de And the Cradle Will Rock. São pequenos momentos como estes que tornam a audição do disco tão interessante.

É legal notar também que todos os discos do Van Halen da Era Roth estão incrivelmente bem representados aqui. Quermúsicas do primeirodisco? Tem Ice Cream Man, Eruption, You Really Got Me. E do Van Halen II? Women in Love, Beautiful Girls, Somebody Get Me a Doctor. Eu poderia falar de todos os outros discos e das músicas que os representam, mas isso tornaria este parágrafo um verdadeiro testamento. Se estiver curioso, dá uma conferida no setlist ali embaixo.

CHANGE – NOTHING STAYS THE SAME

Contudo, tenho algo a dizer que pode frustrar a experiência de muita gente, e se refere à execução das músicas: David Lee Roth toma muita liberdade nas canções e frequentemente muda as linhas vocais originais, e isso pode ser um problema se você, como eu, gosta bastante das linhas vocais que o vocalista consagrou em músicas como Jump e Hear About it Later.

Apesar de ser algo que David Lee Roth faz desde sempre, não é tão compreensível assim, pois de certa forma descaracteriza as músicas da banda. Se isso é algo que te incomoda muito é provável que você ache esse disco uma porcaria, mas quer saber? Eu sugiro que você, assim como eu, assista a este vídeo antes de ouvir o álbum.

Delfonauta, eu quero que você repare na alegria da banda em cima do palco. Em especial, repare na alegria de David Lee Roth: é contagiante! Não tem como você não ficar animado ao ver uma performance dessas, ainda que ele tome liberdades na melodia vocal. E Hard Rock, mais do que perfeição, é alegria.

ONE BREAK… COMIN UP!!!

Eu recomendo este disco para onze entre dez fãs de Van Halen e para qualquer um que queira saber sobre o que de fato o Hard Rock se trata. É um álbum que faz jus à Era Roth da banda e tapa o buraco que faltava – visto que Sammy Hagar teve um disco ao vivo em sua época e David não. E, ainda que não possa ser considerado um clássico devido ao seu lançamento recente, tenho certeza de que o tempo se encarregará disso.

CURIOSIDADES

– Como o álbum é duplo, aqui temos muitas músicas que poderiam ficar esquecidas frente aos clássicos 1984 e Van Halen. Então, se você, como eu, adora os discos Everybody Wants Some! e Fair Warning, saiba que eles estão muito bem representados! =]

<-Setlist:
01 – Unchained
02 – Runnin’ With the Devil
03 – She’s The Woman
04 – I’m the One
05 – Tattoo
06 – Everybody Wants Some!
07 – Somebody Get me a Doctor!
08 – Chinatown
09 – Hear About it Later
10 – Oh, Pretty Woman
11 – Me and You (drum solo)
12 – You Really Got Me
13 – Dance the Night Away
14 – I’ll Wait
15 – And the Cradle Will Rock
16 – Hot For Teacher
17 – Women in Love
18 – Romeo Delight
19 – Mean Street
20 – Beautiful Girls
21 – Ice Cream Man
22 – Panama
23 – Eruption
24 – Ain’t Talkin’ ‘Bout Love
25 – Jump!
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Nota
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Luiz Felipe Lima
Luiz Felipe Lima é carioca, e sua paixão por música e games começou aos 13 anos de idade, quando ganhou seu primeiro DVD de Heavy Metal e resolveu aprender a tocar guitarra. É fã inveterado de Uncharted e de Metal Gear Solid.
van-halen-tokyo-dome-live-in-concertAno: 2015<br> Gênero: Hard Rock<br> Duração: 119 minutos<br> Artista: Van Halen<br> Número de Faixas: 25<br> Produtor: Van Halen<br> Gravadora: Warner Bros.<br>