Uma Noite no Museu

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Antes da sessão, eu tinha pensado numa introdução para este texto onde eu diria como costuma passar apenas trailers de filmes de médio e pequeno porte nas cabines. Imagino que isso seja porque os jornalistas acabam falando dos grandes blockbusters de qualquer jeito, enquanto os outros podem exigir um pouco mais de persuasão. Eu diria isso pelo fato de que não assisti no cinema nenhuma vez os trailers de Star Wars, por exemplo, enquanto o deste aqui (que também é da Fox), passou algumas dezenas de vezes no ano passado. Bom, para calar a minha boca, a Fox colocou, nesta sessão, trailers daqueles que talvez sejam seus grandes blockbusters esse ano: Rocky Balboa, Simpsons (Em 2-D! Genial!) e Quarteto Fantástico e o Surfista Prateado (e eu achei o Surfista bem legal!). Mas chega de delongas, pois este parágrafo introdutório já está assaz grande. Vamos à sinopse, que você provavelmente já deve saber, então vou ser bem rápido.

Ben Stiller arranja um emprego como vigia noturno de um museu de história natural. Só que, toda noite, tudo que está no museu ganha vida. Literalmente. E tome esqueletos de dinossauro, soldados romanos, caubóis e presidentes estadunidenses correndo pelos corredores. Sem falar, é claro, do macaco traquinas! Porque tem caubóis e presidentes em um museu de história natural eu não sei responder, pois, ou minha classificação de museus está muito errada ou um representante do gênero deveria se focar em fósseis de ossos, pedras, plantas, enfim… da HISTÓRIA NATURAL! Mas sei lá, talvez eu que esteja errado. Afinal, desde nenê que eu quero visitar um museu desses e nunca consegui, já que não existe nenhum deles em São Paulo e pouquíssimos no Brasil.

Mas então, eu definitivamente não sou um grande fã dessa turma da comédia estadunidense (que fez filmes como esse e esse e que vivem aparecendo uns nos filmes dos outros). Não que eu ache o humor deles vulgar ou estúpido como esta outra turma do “humor” estadunidense. Eu só não acho engraçado. Mas, ao contrário dos Wayans, pelo menos os filmes destes costumam dar exemplares razoáveis do gênero Sessão da Tarde. E este é exatamente o caso de Uma Noite no Museu, possivelmente o melhor filme da trupe de Ben Stiller.

Do lado bom, temos um belíssimo visual (além do museu ser bonito, as criaturas estão todas muito bem feitas e representadas) e uma ótima trilha sonora, a cargo do Alan Silvestri, que fez a tremendona trilha do De Volta Para o Futuro.

A história, no geral, parece um emaranhado de Uma Babá Quase Perfeita (na relação de Ben com seu filho), O Máskara (pelo fato de a diversão começar sempre à noite) e, principalmente, Toy Story (porque as estátuas ganham vida quando o museu está vazio). Só que Toy Story conta algo que toda criança sabe que acontece: os brinquedos fingem que não têm vida quando tem alguém por perto e, quando as crianças vão dormir, eles começam a brincar e se divertir bem mais do que quando estão com seu “dono”. Já Uma Noite no Museu não tem esse mesmo apelo. Afinal, museu é sinônimo de coisas mortas, enquanto os brinquedos de uma criança criativa são bem mais vivos do que muita gente que anda por aí.

O problema deste longa é justamente o timing da comédia do grupo. Algumas vezes, uma piada é realmente boa, só que a “escada” (a preparação para a parte engraçada) é tão alongada que você mata o que vai acontecer, algumas vezes com minutos de antecedência. E humor sem surpresa não rola, pô. Em outros casos, a piada é tremendona, mas ficam tanto tempo repetindo ela que você começa a ficar com raiva e a querer que o filme siga com a história. É o caso, por exemplo, do momento em que o protagonista fica amigo do Átila. O fator clichê também não ajuda como o final “parece que vai ser triste, mas é mega feliz” e o fato de o filme seguir rigorosamente todas as fórmulas do gênero sessão da tarde.

Apesar dos deslizes, ainda tem material suficiente aqui para umas boas risadas. Não recomendaria que você pague um caríssimo ingresso de cinema para assistir, mas talvez valha vê-lo quando passar na TV, principalmente se for acompanhado de um bom balde de pipocas.

REVER GERAL
Nota
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Carlos Eduardo Corrales
Editor-chefe. Fundou o DELFOS em 2004 e habita mais frequentemente as seções de cinema, games e música. Trabalha com a palavra escrita e com fotografia. É o autor dos livros infantis "Pimpa e o Homem do Sono" e "O Shorts Que Queria Ser Chapéu", ambos disponíveis nas livrarias. Já teve seus artigos publicados em veículos como o Kotaku Brasil e a Mundo Estranho Games. Formado em jornalismo (PUC-SP) e publicidade (ESPM).
uma-noite-no-museuPaís: EUA<br> Ano: 2006<br> Gênero: Sessão da Tarde<br> Roteiro: Robert Ben Garant e Thomas Lennon.<br> Artista: Livre<br> Produtor: Chris Columbus, Shawn Levy e Michael Barnathan.<br> Diretor: Shawn Levy<br> Distribuidor: Fox<br>