O terrorista de hoje é o nazista de ontem, já dizia Kevin Smith, se referindo aos tradicionais vilões do cinema. Porém, embora os terroristas atualmente dominem todas as produções ocidentais, ainda parece haver espaço para os nazistas, ainda que em filmes mais cerebrais e com menos explosões do que outrora. Esse é o caso de Um Homem Bom.
Aqui, conhecemos um professor que chamou a atenção do governo nazista com um de seus livros. Desta forma, embora tenha algumas restrições com as ideologias do führer, acaba se unindo ao partido em busca de ascensão profissional, tornando-se um dos tremendões do nacional-socialismo.
No começo do filme, a narrativa se divide entre o presente e o passado de forma não muito bem-montada. Freqüentemente, o espectador fica confuso e sem conseguir perceber se estamos presenciando o professor no período em que escreve o livro ou se este já está escrito. Nesta primeira metade, o foco da história também é no romance do maninho com uma de suas alunas. Eu achei que o filme seguiria este caminho, colocando-o no patamar de um Fatal mais chato.
Porém, uma vez que esta não-linearidade forçada acaba e a política realmente entra na história, a tetéia quase some e o foco muda para a relação do professor com seu melhor amigo – não por acaso, um judeu. Neste momento, o filme cresce. Muito. Aliás, quase toda a sua segunda metade é deveras excelente, embora deva dizer que ele esfria bastante no final, quando começa a busca (você vai saber do que falo quando assistir).
Uma coisa interessante é que a história será absorvida de formas diferentes dependendo do conhecimento do espectador sobre a história do nazismo e sua ascensão na Alemanha. Absolutamente nada aqui é mastigado ou explicado. A equipe confia no conhecimento de seu público. Uma jogada perigosa, sem dúvida vai agradar a alguns e deixar outros boiando o tempo todo.
Também não posso deixar de elogiar toda a parte técnica do filme. A fotografia é linda, a trilha sonora idem, as atuações são deveras boas e é tudo assaz bem filmado. Sem dúvida um prazer para os sentidos. E é engraçado como não existe absolutamente nenhum traço do Aragorn no professor interpretado por Viggo Mortensen. Não me lembro de outro caso de o mesmo ator fazer dois personagens tão diferentes, a não ser a Ellen Page neste e neste.
No final das contas, esse é o tipo de filme que é difícil de resumir em um “recomendo” ou não. Definitivamente não é o tipo de filme que sei que qualquer delfonauta vai gostar. Mas também tenho certeza que muitos vão adorar. Assim, tentei fazer uma resenha séria e descritiva para que você possa decidir por si mesmo. Espero ter ajudado. =P