Chegou o melhor período do ano para os críticos de cinema. A não ser, é claro, que você seja um certo crítico de cinema delfiano chamado Carlos Eduardo Corrales, que odeia nove entre 10 filmes feitos naquela formulazinha básica cujo resultado é sempre algumas indicações ao careca dourado mais cobiçado do mundo. Aliás, isso mostra a sabedoria dos ditados populares, pois se unirmos dois deles, vemos que realmente é dos carecas que elas gostam mais, desde que ele esteja pintado de ouro (uma boa dica para os carecas por aí).
O pior é que o primeiro oscarizável da safra 2006/2007 vem dirigido por Ridley Scott, que já fez um montão de filmes legais, mas que ultimamente vem fazendo coisas deveras chatas. Unindo isso ao Gladiador Russel Crowe que, aliás, não fez nada tremendão desde esse outro filme de Ridley Scott e a uma historinha boba que não justifica um filme (quanto mais um livro, o que me faz pensar quão pentelho deve ser o livro no qual esta fita foi baseada), só podemos esperar uma coisa desse longa: tédio. Tédio tremendão! Tédio daqueles tédios de ficar olhando no relógio para ver se o filme já está acabando e se decepcionando sempre que você vê que ele começou há menos de dez minutos. Deu para sentir o drama a que eu fui submetido, delfonauta? Se não deu, arrisque-se a gastar o dinheiro do ingresso, pois, pelo menos curar sua insônia, esta porcaria deve conseguir. Ok, ok. Talvez eu tenha exagerado um pouco quando usei a palavra “porcaria”, mas é que eu já tinha usado todos os sinônimos para “filme” que consegui lembrar e não podia repetir nenhuma delas no mesmo parágrafo, entende? 😉
Mas vamos à sinopse. Russel Crowe é Max Skinner, que infelizmente não tem nada a ver com o diretor dos Simpsons. O cara é um trilhardário que acaba de ficar ainda mais rico ao herdar um Chateau de seu tio recém-apresuntado. Para quem não sabe, Chateau é basicamente um tremendo casarão, algo entre uma mansão e um castelo, manja? Ele vai lá para se lembrar do lugar (que também tem uma plantação de uvas onde fazem vinhos) e, pouco depois, conhece uma mina que fica doido para “conhecer melhor”. Mas não é só: uma guria deveras totosa (Abbie Cornish) aparece por ali dizendo ser a filha bastarda do titio-presunto (o que pode fazer com que ele perca a casa). Pois é, a palavra “bastarda” deve ter sido exatamente o que Skinner pensou ao falar com a guria. Aliás, acho que vou começar a xingar as pessoas por aí de bastardo. Energúmeno, pusilânime e mentecapto vêm perdendo seus valores humorísticos ultimamente.
E é isso. Sinceramente, não consigo simpatizar com esse tipo de história. Oh, meu Deus! Será que o cara que tem uma fortuna de alguns bilhões de dólares vai perder o Chateau e ficar assim com uma fortuna de apenas alguns milhões? Bah, poupe-me! Se eu quisesse saber sobre a “difícil vida dos ricos e famosos”, compraria Caras.
Junte-se a isso o título que provavelmente foi pago por uma fábrica de pneus (veja o nome original) e o aparente oportunismo de se fazer um filme que gira em torno de vinho pouco tempo depois do sucesso de Sideways e você tem um filme chato e clichê, bem daquele tipo “o dinheiro não é tão importante, o amor que é”. O pior é que esse tipo de coisa sempre é feito por pessoas ricas (ou alguém vai me dizer que Ridley Scott é pobre?). Por que será?
Se o público não se identifica (com), torce (pelo) ou gosta do protagonista, qualquer história perde a sua razão de existência e isso faz com que você fique apenas querendo sair do cinema para voltar para a sua vida que, embora não seja recheada de bilhões de dólares, ainda assim, é sua. Fãs de Caras talvez vejam algo aqui, pois o Chateau é muito bonito, aliás, visualmente, o filme todo é muito bonito (e não me refiro às garotas, embora elas não sejam de jogar fora) e tem uma trilha sonora bem legal. Tecnicamente, um filme impecável. Artisticamente, deixa muito a dever. Eu não recomendo e não tenho a menor intenção de assisti-lo de novo algum dia. Mas se você quiser torrar seu dinheiro nisso, vai fundo.