Tão certo quanto todo ano teremos um filme do Woody Allen, também é garantido que teremos também pelo menos uma película estrelada pelo Adam Sandler. A diferença é que, enquanto os longas do nerd neurótico são ansiosamente aguardadas, o mesmo não se pode dizer dos lançamentos do Adão Areialer.
Contudo, no meio de produções de piadas grosseiras e pouco inspiradas, de vez em quando até que ele solta alguma coisa que foge disso e consegue até ser assistível, ainda que não exatamente um primor. Este Trocando os Pés se encaixa nesta categoria que acabei de descrever.
Nele, Sandler é um sapateiro que descobre ter em sua loja uma máquina de costura mágica. Ela lhe dá o poder de assumir a aparência física dos donos dos sapatos consertados com o uso da tal máquina quando ele os calça. Cansado de sua vidinha sem graça, ele passará a explorar viver o mundo na pele de outras pessoas.
Manja aquela expressão muito usada pelos estadunidenses que se traduz literalmente como “tente andar nos sapatos dele”, e que é equivalente ao nosso “tente se colocar no lugar dele”? Pois é, esse é o mote da película, tirando-o do sentido figurado e levado ao pé da letra.
Por ter esse lado mais fantástico, lúdico e até um pouco contemplativo, ele lembra bastante Click, um dos longas do comediante que estão acima do seu padrão costumeiro. Surpreende também por ter até um lado mais sensível em determinado momento.
Mas claro, isso ainda é uma comédia. E não vai demorar para que o sapateiro logo entre nas mais altas confusões com seu novo dom, inclusive se metendo com uma galerinha da pesada. Aí a narrativa fica mais mundana, não aproveitando totalmente as possibilidades que a premissa maluca oferecia.
Ainda assim, há algumas boas piadas e situações, como quando o cara calça um par de sapatos e descobre que seu dono já morreu. Porém, há uma reviravolta no final que bem poderia ter passado sem, ressaltando o lado mais sentimentalóide da comédia, embora também não seja algo que estrague o filme.
Não é uma grande comédia e é o tipo de coisa que se esquece assim que os créditos terminam de subir. Ainda assim, com Adam Sandler sempre vou preparado com as expectativas lá embaixo, e nesse caso fui surpreendido com algo minimamente divertido. Como sempre, não é o tipo de coisa para se gastar uma grana no ingresso, mas na televisão até que pode ser encarado numa boa.