Trans-Siberian Orchestra – The Lost Christmas Eve

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Depois de quase 5 anos, finalmente os fãs da boa música podem novamente colocar suas mãos em material inédito do fantástico Trans-Siberian Orchestra. Para quem não lembra, seu último e melhor trabalho, batizado de Beethoven’s Last Night e lançado no primeiro semestre de 2000, foi também o único até o momento a não trazer o tema natalino. Sim, no novo disco o tema está de volta, para a tristeza daqueles que preferem ver a banda tocando versões metalizadas de músicas clássicas e não apenas de Noite Feliz e congêneres.

Contudo, apesar de eu definitivamente ser alguém que não gosta de Natal, a qualidade musical do TSO é inegável. Até porque, por trás do projeto temos mentes como as de Paul O’Neill, Jon Oliva e os demais membros do Savatage, ou seja, garantia de coisa boa.

Qualitativamente, encaixaria The Lost Christmas Eve junto com The Christmas Attic, ou seja, não é tão bom quanto seu debut Christmas Eve and Other Stories e muito menos que a maravilha supracitada Beethoven’s Last Night. O problema é que o TSO é, nos EUA, uma banda relativamente grande e, como todos nós sabemos, os EUA consomem o Natal como consomem equipamentos bélicos. Isso provavelmente levou a banda a optar por um direcionamento que tivesse um retorno mais garantido em seu país de origem, seguindo então, com suas historinhas de Natal pra lá de emocionais e sempre com aquelas lições de moral hipócritas do tipo: “No Natal somos pessoas melhores”.

Contudo, o que o conceito deixa a desejar, a música compensa. Composto basicamente por baladas, músicas instrumentais e corais, The Lost Christmas Eve traz músicas lindíssimas. Ótimas para serem curtidas em momentos românticos a dois ou mesmo para mostrar para as pessoas que dizem que Heavy Metal é um estilo barulhento e sem musicalidade o quanto elas estão erradas.

É difícil destacar faixas em um CD com tão belas músicas, mas é impossível não se divertir com Queen of the Winter Night, versão metalizada para A Rainha da Noite do vovô do Metal Melódico Wolfgang Amadeus Mozart. Outra lindíssima é What Child is This? que conta com uma interpretação fabulosa do vocalista Robert Evan, daquelas de trazer lágrimas aos olhos mesmo. Não posso deixar de destacar o Blues Metal (ei, inventei um nome para um novo estilo de Metal) de Christmas Nights In Blue. Para os fãs de Heavy Metal deliciem-se com a instrumental Christmas Jam e seus ótimos riffs e solos de guitarra.

Uma característica muito presente no Savatage e até mesmo no TSO é a repetição de trechos de músicas em outras composições que a banda provavelmente faz para lembrar peças de teatro. Particularmente, acho isso legal e já rendeu ótimos frutos como a citação à linda Believe que ocorre na também linda Alone You Breathe do disco Handful of Rain do Savatage. Outra ocasião em que fizeram isso foi no primeiro disco do TSO que reprisava a música Christmas Eve (Sarajevo 12/24), presente no álbum Dead Winter Dead do Savatage.

O problema é que, nesse caso, eles exageraram. Olhando o tracklist do álbum, você verá o curioso nome Back To a Reason Part II. Fãs de Savatage sem dúvida vão relacioná-la com Got to Get Back to a Reason, faixa do disco mais recente da banda Poets and Madmen (aliás, quando eles vão lançar algo novo, hein?). Pois a faixa do TSO nada mais é do que uma regravação da faixa do Savatage trocando os vocais de Jon Oliva pelos de Robert Evan. Para ser justo com a banda, o final da música está diferente e a música ficou ainda melhor que a original, que já era boa, mas ainda assim é um pouco parecida demais. E pior, essa música ainda tem uma reprise em um trecho da faixa The Wisdom of Snow. Estaria a criatividade da banda acabando? Isso também acontece em Christmas Canon Rock, regravação de Christmas Canon, presente no segundo álbum do TSO. E não pára por aí, já que Different Wings traz um trecho que estava originalmente em Turns to Me, do álbum Wake of Magellan do Savatage.

Agora um problema chatíssimo neste álbum é sua embalagem. Ele vem em uma caixinha normal de CD, embalada em uma caixinha de papelão. Até aí tudo bem, o problema é que seu encarte (que aliás não tem nenhum foto da banda, seguindo a tradição dos outros álbuns) é do tamanho da caixinha de papelão tornando impossível colocarmos o dito-cujo na caixinha do CD. Ou seja, esse é mais um álbum que não vai poder ser guardado nos seus porta-CDs.

The Lost Christmas Eve tem seus problemas, é verdade. Para ser sincero, ele ficou até um pouco abaixo das minhas expectativas, já que considero o álbum anterior um dos melhores discos da minha coleção e torcia para que esse fosse ainda melhor. Apesar disso, ainda é um disco do Trans-Siberian Orchestra e acho que ainda vai demorar um bom tempo até essa banda lançar um disco ruim. Principalmente se eles continuarem lançando um disco a cada 5 anos, ou melhor, 2 discos por década. 😉

Com esse texto, encerramos o trabalho do DELFOS em 2004. Esperamos que você tenha gostado de nossas mais de 200 resenhas de shows, CDs, DVDs, filmes, games, quadrinhos, livros… Enfim, tudo que é legal. Em janeiro a gente volta com mais matérias inéditas, sempre fazendo um jornalismo parcial e de qualidade. Mas fique ligado, de repente colocamos alguma matéria surpresa nesse meio tempo. Feliz Natal e um ano novo com muita diversão. E que o DELFOS esteja com você ao longo do ano que vem também! 🙂