Top 5 do Guilherme: Músicas favoritas de Satã

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Leia também o restante do nosso especial do dia do Rock:
Top 5 do Corrales – Letras de Rock: Protestos, utopias e sentimento nas melhores letras segundo o Corrales.
Top 5 do Cyrino – Letras de Rock: Críticas, bom-humor, poesia e até um astronauta figuram na seleção do Cyrino.
Os 100 discos essenciais do Rock: O primeiro top 100 do DELFOS!
Iron Maiden – Live After Death: Scream for me, Long Beach! Um dos discos ao vivo mais clássicos da história do Rock.

E não deixe de ler os especiais anteriores:
O Corrales e o Rock – Quase uma autobiografia.
O Guilherme e o Rock – Antes true tarde do que nunca.
O Cyrino e o Rock – Saiba como o Rock entrou na vida do Cyrino e não saiu mais.
O jornalismo metálico – Tudo que você sempre quis saber, mas ninguém tinha coragem de contar.
Um garoto que descobriu o Rock – o Bruno conta como a sua história se cruzou com esse estilo de música apaixonante.
– Manual para neófitos no Heavy Metal: Parte 1 e Parte 2.

Para ser sincero, eu nem sabia que ia rolar um especial do Dia do Rock neste ano. De qualquer forma, eu estava meio atolado de trabalho (tanto do meu emprego oficial quanto do DELFOS), coisa e tal, e seria complicado conseguir escrever algo. Bom, aí veio o Corrales, disse que teria um especial e me mostrou a parte dele. Expliquei das minhas dificuldades e disse que infelizmente não daria para participar. Alguma coisa daquele texto do Corrales, entretanto, me incomodou e ficou no meu subconsciente.

Ontem de noite estava voltando para casa do trabalho e resolvi ouvir Melissa do Mercyful Fate. Era tarde, eu tinha enfrentado um engarrafamento terrível e estava com o humor péssimo. Nada como ouvir um dos seus discos favoritos quando você está assim. Sem perceber, voltei a pensar naquele especial e, enquanto o King Diamond cantava algo sobre um funeral negro, caiu a ficha sobre o que estava me incomodando: a parte do Corrales está muito, muito alegrinha. Pô, nem um AC/DC ou Deep Purple tinha ali! Imediatamente, comecei a pensar como poderia fazer para restaurar o equilíbrio perdido no especial do Dia do Rock, e acho que tive uma boa idéia, já que raramente vemos no DELFOS algo sobre música extrema. Ah, e o equilíbrio aqui não é nenhuma boiolagem à Star Wars e seus Cavaleiros Jedi emos. Força é o caramba. O negócio aqui é sério.

Senhoras e senhores, o que se segue agora é mais um Top 5 do seu site favorito. Ao contrário do consenso geral, a equipe do DELFOS acredita que Satã é um cara legal e, como tal, deve ouvir música pesada. Entretanto, dificilmente Helloween ou Gamma Ray entram nessa classificação na ilustre opinião do Pé-de-Bode. Assim, eis aqui as cinco melhores músicas do lado negro do Metal na opinião deste que vos escreve! Ah, sim, é claro que nem o DELFOS nem eu temos nada contra cristãos, mas algumas das bandas daqui claramente têm e isso não é culpa nossa.

5 – I AM THE BLACK WIZARDS – EMPEROR

O Emperor foi uma das primeiras bandas de Black Metal a tentar envolver o ouvinte em ambientes musicais negros (poético, mas é verdade) caprichando bastante no feeling. O disco In The Nightside Eclipse, primeiro da banda, é considerado por quase todo mundo, inclusive por mim, como o melhor deles.

No meio de tantas músicas legais é quase impossível escolher uma só, mas fiz um esforcinho e cá está esta, I Am The Black Wizards. Nos seus seis minutos de duração, a banda joga o ouvinte nas trevas das florestas norueguesas. Sério, é só fechar os olhos.

Momento mais true da letra:
Once destroyed their souls are being summoned
To my timeless prison of hate
It is delightful to feast upon the screaming souls
that were destroyed in my future

Momento mais true em português:
Uma vez destruídas suas almas serão invocadas
para minha prisão atemporal de ódio
É delicioso me banquetear das almas gritando
que foram destruídas no meu futuro

Fala sério, quem é que nunca quis se banquetear com almas? Ou viajar no tempo para destruir pessoas? Ou ter uma prisão atemporal de ódio?

4 – THE ARRIVAL OF SATAN’S EMPIRE – DARK FUNERAL

Assim como a maioria das bandas deste Top 5, o Dark Funeral é dos países escandinavos (no caso, a Suécia). E, assim como o bacalhau, o verdadeiro Black Metal vem de lá. Embora eles já tenham outros discos antes deste Diabolis Interium, o negócio começou a ficar realmente bom aqui. E, nossa, como ficou bom.

Abrindo o disco, temos esta pérola chamada The Arrival Of Satan’s Empire. O grito que o Imperador Magus Caligula dá no começo da música é simplesmente inumano. Até o Tom Araya sairia correndo. Depois dele, riffs e mais riffs se seguem enquanto o vocalista fala sobre legiões do inferno destrinchando tudo o que for sagrado para que o Reino de Satã venha. Será que a gente vai precisar continuar trabalhando quando isso acontecer?

Momento mais true da letra:
Demon legions, fly through the gates
Into the darkened sky
Held up high, the spears of evil
As they run, through angels flesh
They scream out in pain, as they see their kingdom fall
Angel tears fall to the ground, as Satan again will reign

Momento mais true em português:
Legiões de demônios, voem através dos portais
Para o céu escurecido
Empunhadas altas, as lanças do mal
Enquanto rasgam a carne dos anjos
Eles gritam de dor, enquanto vêem seu reino cair
As lágrimas dos anjos caem no chão, enquanto Satã novamente irá reinar

Só posso dizer que, se algum dia essa guerra realmente acontecer, espero estar de férias fora do planeta e que alguém me explique tudo em detalhes quando eu voltar. Se bem que não deve ser muito diferente dessa letra.

3 – SATAN’S FALL – MERCYFUL FATE

Desde o início dos tempos (ou do Rock, escolha o que lhe pareça mais razoável), o homem tem reclamado sobre a presença satânica nas músicas. Na esmagadora maioria das vezes, inclusive, a “inquisição” era tão chata que inventava até coisas. Fala sério, que imbecil realmente acredita que Kiss significa Knights In Satan’s Service (Cavaleiros a Serviço de Satã)? O Mercyful Fate foi uma das primeiras bandas a realmente falar sobre satanismo sem se importar com as críticas, além de ser, na minha opinião, uma das bandas mais subestimadas da história. Posso só imaginar a polêmica que essa letra deve ter causado na época.

Esta epopéia de 11 minutos e 23 segundos é uma das minhas músicas favoritas de todos os tempos. Sério. Aliás, verdade seja dita, Melissa é um daqueles poucos discos onde todas as músicas são ótimas. Escolhi esta pelas várias mudanças de tempo, solos fantásticos, riffs inesquecíveis, interpretação soberba do King Diamond e outras babações de ovo que eu poderia colocar sobre uma música que gosto tanto. O DELFOS não faz questões de imparcialidade, afinal de contas. 🙂

Momento mais true da letra:
Is it Satan’s fall?
No… it’s Satan’s call
Craniums high on stakes
It’s Satan’s epigraph
Something new can’t erase… 666
They call him the beast

Momento mais true da letra em português:
É a queda de Satã?
Não… É o chamado de Satã
Crânios no alto de estacas
É o epígrafo de Satã
Algo novo não pode apagar… 666
Eles o chamam de besta

Não há nada de muito especial nesta parte da letra (que é toda bem legal), mas ela é da mesma época que a polêmica The Number Of The Beast, de você sabe quem. Escolheram a letra errada para criar confusão, não acham?

2 – FREEZING MOON – MAYHEM

O Mayhem é uma das bandas mais polêmicas da cena metálica norueguesa. Talvez o delfonauta já tenha ouvido falar no Euronymous e no Count Grishnack. Basicamente Grishnack matou Euronymous com não sei quantas facadas (Nota do Corrales: foram 23 – duas na cabeça, cinco no pescoço e 16 nas costas) por não concordar com o caminho musical que ele estava levando (embora Grishnack tenha alegado que foi em autodefesa). Já o Euronymous, quando o primeiro vocalista do Mayhem (cujo pseudônimo era, bem, Dead) se matou com um tiro na cabeça, assim que entrou no lugar, tirou uma foto do cadáver para usar na capa de um disco. E usou.

Dá para ver agora que mesmo para os padrões noruegueses de como lidar com o Metal, o Mayhem pegava um pouco mais pesado que os outros, né? Seja lá como for, o disco De Mysteriis Dom Sathanas é considerado um dos maiores clássicos do gênero. Embora o vocalista Attila Csihar não seja um substituto à altura para Dead, isso nem importa muito. Fiquei entre escolher Funeral Fog e Freezing Moon, mas a segunda ganhou. Essa é uma daquelas músicas onde eu queria ouvir as faixas instrumentais separadamente, só para apreciar melhor. Especialmente a bateria do Hellhammer, indiscutivelmente o melhor baterista de Black Metal.

Momento mais true da letra:
Diabolic shapes float by
Out from the Dark
I remember it was here I died
By following the Freezing Moon

Momento mais true da letra em português:
Formas diabólicas flutuam
Saindo da Escuridão
Eu me lembro que foi aqui que morri
Seguindo a Lua Congelante

A letra toda é bem gélida, como uma música de Black Metal tem que ser. Para falar a verdade, gosto mais das músicas que falam sobre florestas geladas do que as puramente satanistas. Combina mais com os ideais do gênero, na minha opinião.

1 – KATHAARIAN LIFE CODE – DARKTHRONE

Não é à toa que o Darkthrone é reconhecido como a banda mais true que existe. Eles começaram com a moda do Corpse Paint (aquele lance da maquiagem assustadora preta e branca), a usar propositalmente a produção ruim no disco para aumentar o feeling, a usar a palavra North ou alguma variação dela nos títulos dos discos, a quase nunca fazer shows, enfim… praticamente todos os clichês do True Black Metal vieram deles. A fase da banda que começou com A Blaze In The Northern Sky, continuou com Under A Funeral Moon e terminou com o Transilvanian Hunger é reconhecida como a melhor de todo o Black Metal e não é à toa. Para ilustrar a importância do Darkthrone na música negra da Noruega, cá está Kathaarian Life Code. Sou o primeiro a dizer que não é qualquer um que gosta de música assim (teve amigo meu que achou que eu estava ouvindo sons da natureza – uma colméia de abelhas, para ser mais exato), mas quem gosta de Black Metal tem a obrigação de ter todos os discos do Darkthrone. Simples assim.

A música, a primeira do A Blaze In The Northern Sky, praticamente definiu a segunda onda do Black Metal (a primeira é a fase do Venom, Mercyful Fate e Celtic Frost, entre outros). Começa extremamente sombria, e logo descamba para um negócio (propositalmente) mal produzido e carregadíssimo de feeling que dura quase 11 minutos. A letra faz o delfonauta sentir frio em pleno verão do Rio de Janeiro (argh!). Hum… Será que é por isso que gosto tanto de Darkthrone?

Momento mais true da letra:
Desert… Night…
Coyotes feel the cold wave of the Dark
Red eyes eats through
The vast nocturnal landscape
A strong light – The only night

Momento mais true da letra em português:
Deserta… Noite…
Coiotes sentem a onda gelada das Trevas
Olhos vermelhos comem através
Da vasta paisagem noturna
Uma luz forte – a única noite

A letra é a história da formação do reino (fictício?) de Kathaaria, e é tão true quanto uma letra do True Norwegian Black Metal pode ficar. Queria colocar a letra toda, mas acho que ninguém ia ler, então fica só o comecinho dela.

Espero que tenham gostado desse especial não muito ortodoxo. Black Metal é um gênero muito legal, mas vítima de muito preconceito até por parte dos headbangers. Quem sabe este Top 5 não fará alguma diferença?

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